segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

15] CENÁRIO SP - 461ª OBSERVAÇÕES

Vésperas de um aniversário e para comemorar o quê? Mais anos, mais décadas, mais gente, mais asfalto, mais dinheiro? O que comemorar?
Cobrir a cidade de verde, de ar úmido e de chuva boa.
Será o presente dele para a cidade alfa do Brasil e virá lá de cima, onde pode observar tudo, todas as demandas (as justa, as justíssimas e as nada justas - estas parecem ser em maior número), os anseios e os donos destes sentimentos. Para relembrarem-se: chuva, muita chuva pelos cantos e recantos recônditos da vizinhança toda da cidade.

"E não são poucos" (os anseios supra), murmura em meio às nuvens carregadas de umidade - unidade que deseja para toda a cidade tão sedenta.
Aprendeu desde muito tempo observar como os homens são para que não subestime ninguém; em verdade para não ser surpreendido e ser pego no contrapé e ficar gesticulando no ar feito o neto de italianos da Mooca.
Porque de ar ele sabe.
Porque de anseio dos homens ele sabe ainda mais.
E de observar às vésperas tornou-se o mais sábio de todos os sábios.

Contemplando do azul, ele vê e observa e assertivamente detecta aqueles que mais precisam - em cada indivíduo a sua singularidade - e se comisera; ou melhor, começa a sentir dó. Mesmo, sem dó nem piedade, ele nota que estes dignos de dó são indignos de tantos outros sentimentos. 
"Há aqueles que se fodem mesmo, se prejudicam quando prejudicam outro alguém perto deles", agora em voz alta para quem sabe chegue às células da audição. "Duvido, afinal, dó é o que sinto deles".

Por hora, a chuva será o melhor presente prestes a se completar a data de 461º ano de vida da urbe mais importante, mais agregadora e que, então, a que mais precisa de observações. Não se pode abandonar à própria sorte quem abriga tantos homens daqui e de lugares mil com interações diversas.
Lá de cima pode observar os milhões. Se estes soubessem que é melhor tê-lo por lá, ajoelhariam e ofereceriam o que pudessem - alguns se ofereceriam. 
"Para nada me serviria. Prefiro continuar a fazer o que faço sozinho".

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