o tempo que passou está tão lá trás, em uma parte da vida que o mundo ainda girava ao redor de um sentimento que poderia ter dado certo;
a saudade do que não existiu, a saudade daquilo que poderia, talvez, ter sido aplaca qualquer razão sobre o tempo curar tudo;
não cura nada não;
enterrar a tal saudade no mais profundo poço que você possa encontrar - este é o primeiro passo;
depois, como segundo passo, possivelmente enterre este poço, lote-o de terra seca estéril, até a boca para que nada, nada mesmo, possa que nasça nada ali;
para que a saudade não vislumbre um caminho, um pequena rachadura,
em que ela possa crescer devagarinho, devagarinho e, como um fantasma, voltar;
porque sem que haja um cuidado, ela explode em cima da sua cabeça e mata;
não! Enterre e soterre o tal poço;
jogue tudo dentro;
para ter certeza que a esperança vã não lhe faça de idiota
(de mais idiota, não é?),
pise em cima com toda força - pule com vontade para matar qualquer chance remota;
em seguida vá embora;
sequer olhe para trás;
vire-se apenas para frente e esqueça aquilo morto;
está morto!
você então, no final de tudo, finalmente vivo.
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