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Cambaleia, sozinho, cambaleia até chegar em casa ainda em um efeito estufa no corpo.
Calor, tanto calor, que empapava todo o corpo; nas extremidades, nos recônditos lugares, todo aquele corpo.
Custe o que custar, ele vai continuar a tentar chegar em casa, ali mesmo na Consolação no fim dela, antes que o relógio - do celular, claro! - aponte às 10h. Está perto de soar o tal alarme de escândalos mil.
Crível é sua sede, mas água ele não quer; algo gelado para jogar na cabeça rapada como aquele eletrolítico sabor carambola, talvez... Sua cabeça parece que dela arrancaram a tampa e o todo o "creme" cinza de dentro exposto está ao sol. Fritando, fritando.
Mas que sol? Nada, em pleno verão paulistano, um "invernico" de fazer inveja às pessoas ao sul do trópico de Capricórnio; mas que a tampa parece aberta... Ah, isto parece. Gelo, fruta, cabeça, jogar nela, para apagar aquela fritação sintetizada lá... Onde? Falaram pela madrugada, quase dia, que veio da Colômbia... "Cáli", o cara lhe disse, emendando que "daquela cidade do cartel, o mais foda do mundo".
Ele creu sem devaneio e aspirou nariz adentro, uma vez, duas vezes, três vezes... Bem, várias vezes. Detalhe que já se fazia amanhecer e ele se esqueceu que o "baile todo" estava por acabar.
Vê-se agora cambaleando, parecendo um carro sem cambagem correta, para chegar em casa e descansar a carcaça suada. Passando pelo cemitério... Nem quis descansar por ali não! Vendo a Praça Roosevelt, pensa que "eu se eu descansasse um pouco em um dos degraus? Embaixo da frondosa árvore".
Por sorte (dele), desiste na hora porque ao ver a igreja no final da avenida (que desceu boa parte), seu apartamento está a menos de 100 metros. Conforta-se; menos a sede da cabeça e agora da língua seca feita o Saara.
Cambaleia, nego, cambaleia, pelo hall do prédio. Porteiro que pergunta, elevador que demora, gente que olha. Pronto, chega em frente à porta. Corre, enfia a cabeça no tanque e deixa escorrer o jato d'água por minutos.
Despe-se, banheiro, balança, bebe mais água. E, cambaleante, deita-se na cama. Tamanho esforço o faz nem ouvir a igreja da Consolação bater às 10h.
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