Arquivo pessoal |
em uma noite de calor extremo da primavera paulistana
dormia não sem antes chorar, chorar
e chorar de saudade por tudo em sua vida
pelo amor e as brigas
pelo trabalho e as dificuldades
pela vidas dos que não estão mais aqui
dorme com a janela aberta
32° andar do sinuosos S de COPAN
no centro da urbe alfa
sonha... e pelo sonho ele se estremece e
se aterroriza
um tsunami a caminho de São Paulo vinha
havia já submergido a Baixada Santista
e vinha
estrondos
ensurdecedores
ele abre a janela e vê a onda vindo
dezenas de metros
pela Consolação descendo
transbordando
feito água da sua banheira cheia
batendo na borda depois de movimentos dos 2
a água vinha afogando a cidade
parecendo tranquila a invadir o que já foi de pertença
ele, em desespero, começa a catar o que pode
e levar para o heliponto:
o cão assustado e o gato que não para de miar
o celular agora no bolso do agora vestido
personagem que antes sonhava sem se lembrar
a água chega à beirada de sua janela
ele pode respirar o sal que vem dela
junta tudo pelos braços
e sobe
procurando algo em cima, um respiradouro
sobe
seus pés se cansam
sobe
açoitado por respingos de água
sobe o que parece não ter fim
sempre faltando mais e mais degraus
a água chegando
molhando seu pés
canelas, coxas
ele se arrastando para andar
perdera o cachorro tudo
o que catara
ele... acorda
imóvel tem a paralisia do sono
quando se recompõe vai à janela
e a cidade está ali:edificada, terrestre
com um outro a vagar pela madrugada.
"tudo foi um sonho de tsunami,
de um idílio, ainda bem...".
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