Reprodução [sítio abaixo] |
Pelo vento que vinha do sul, arrepiam-se os pelos de todo o corpo quase desnudo. Neste caminho que nunca passara, nem sabia porque teve que passar por ali hoje, um dia de sol estrilante - coisa rara por estes arrebaldes do extremo do império - que a tudo incandescia e emprestava um pouco de calor.
Em volta, tudo retalhado. Caminhou para chegar em outro local, para achar de volta sozinho o caminho de volta - onde estão seus dois soldados imediatos? - e acabou deparando-se com a tal cena que nunca vira. Quem fez tal façanha teve tempo e o fez com precisão que deveria ser invejada por qualquer um que quisesse aniquilar um inimigo. Está tudo assim: um bom serviço, perfeito, sem que haja algum vivente que possa discordar. Sim, aqui não se trata de beleza, tampouco de estética. Trata-se de impressionar-se para observar e aprender.
Mesmo com o sol, o vento insiste em vir gelado e forte, apagando de quando em vez o calor do sol, o que faz que ele saia do estado letárgico e decida caminhar, sair dali sem olhar para trás. A imagem permance na mente com ele caminhando de volta à sua fortaleza.
Pelos retalhos vistos, ele subjuga todo o resto de seus pensamentos. Apenas a vida toda picotada dele e de seus auxiliares soldados protetores tem lugar em seu raciocínio. Sabe pouco da sua vida e da vida deles... Quase nada. Apenas as histórias que contam que envolvem alegrias poucas, tristezas mais que poucas e desavenças usuais.
'Pelo menos eu posso ser um muro de lamentações para ambos. Acho que alivia quando eles me têm como um bom interlocutor que sabe ouvir até o fim, fazer perguntas pertinentes, além de dar conforto com um conselho que, creio, ajuda-os. Sei mais de um que do outro. O mais baixo recruta também é o mais falante, o mais novo e o mais precisado que se faça entender e ouvir. Ele anda muito introspectivo. O outro, de patente logo acima, é quieto e tem uma precisão absoluta quando deseja algo, sem meias palavras. Ainda é pouco, devo dar mais atenção a eles. Tão diferentes e tão iguais em me proteger e me venerar. E eu? Sei lidar, respeitar toda esta veneração sem me tornar um imbecil semi-deus'.
Por um caminho mais longo em um meandro dele, depois de longa caminhada, o castelo é visto. A sensação de alívio se traduz em felicidade e correria para chegar mais rápido, mesmo estando ofegante e com os pés machucados pelos retalhos. Mais ainda quando vê seus sentinelas à porta do castelo gritarem por ele a mesma frase
--- Onde estava?
O mais jovem diz com a voz alterada.
--- Procuramos por todo castelo, do calabouço mais profundo à mais alta torre. Mergulhamos no fosso para ver se tinha caído e vimos as imensas ratazanas nadando e comendo restos. Preciso de sua atenção. Aconteceu uma coisa horrível comigo e minha família... Com minha mulher, não sei o que fazer! Onde estava? Parece que minha vida está toda retalhada em mil pedaços pelo chão.
E o abraça efusivamente como se fora a última vez que o visse. O outro, observando e mais contido, põe a mão no ombro de seu superior hierárquico e se satisfaz. Para ele, apenas o toque e tê-lo nos olhos já são motivos de tranquilidade.
http://sdoeden.areavoices.com/2011/08/
Um comentário:
Caminante no hay camino...
Postar um comentário