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Passeia no início da manhã - com humanos manhosos ao acordarem - de mais uma noite de hercúleo trabalho na grande cidade brasileira com muitas grades protetoras e que se desenvolve dia após dia sem se cair na vala comum do esteticismo barato, da malandragem enaltecida; mesmo que a grande cidade assim quisesse, não combina, ao certo, estética, levar vantagem e trabalho sério. Nem todos cometem os crimes que devem ser notados e escancarados.
É o que sempre faz: escancara os poderosos de maneira não deixar cair no esquecimento. Entenda-se poderoso como o humano que manda em qualquer lugar ou que mande em pessoa(s). E que goste de mandar, aferrando-se ao trono do "reinado". Ele nunca gostou daqueles que se mostram extremamente capacitados e por isto desfazem e vilificam quem podem e quem conseguem.
Os bichos são sempre os primeiros da lista: se ferram contumazmente. Depois vêm os elos mais fracos da sociedade: menores, velhos, pobres. A lista contém "n" tópicos.
Um café reforçado que transborda a xícara na padaria, a música de elevador ecoando pelo espaço. Pelo grosso vidro de blindex observa os passantes pela calçada, abordados por um noia que perdeu a noção de tudo e que se perdeu na vida. Para um, pergunta para outro, pede para todos.
--- Ele não se cansa...?
--- Ele não se cansa...?
Volta-se ao café. Sente cansaço pela noite extenuante pelas idas e vindas nas artérias de asfalto e piche. O trabalho havia sido intenso e no derradeiro "conserto", resolvera-se estender-se um pouco além do que acostumara-se a realizar... Horas mais dedicou-se ao "12 trabalhos de Hércules" em São Paulo. Cansou-se.
Luta para não para bocejar. Remédio: outro café, agora preto e sem açúcar.
Cansar-se, única previsibilidade em se tratando de seus atos, o nivela a todos os outros que cruzam seu caminho. ele julga que seu cansaço tem que ser passageiro porque o trabalho é interminável e o descanso é só para bem depois quando ele estiver diante de um "juiz divino sacrossanto".
Desgosta que seu físico não aguente tudo como antes: dias dormindo pouco, alimentado-se pior ainda; porém sempre estava desperto e atento. Pronto para mais maquinações (as necessárias, óbvio; porque ficar maquinando em cima de punhetações mentais como hedonistas e feios de caráter o fazem, é um desserviço a ele)...
Finda a xícara toda tinta de borra de café, nota que queda-se trêmulo. "Deve ser o cansaço, a falta de sono. Por sorte, estou perto de casa".
No semi-novo sedã de velho useiro e vezeiro a cheirar chocolate, ele se fixa em sua cama: matar o cansaço lhe conforta nos poucos metros que restam até sua casa.
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