Este é o primeiro da atual série em voga.
Trata de um cara que é viciado em cafeína vivendo praticamente na solidão o tempo todo. Ele discorre sobre suas indignações (como o trecho que escolhido aqui) sem se abster da auto-crítica tão necessária a sobrevivência do personagem. Não há nomes desginando-os e sim críticas (ao mundo... A todos...) ferozes, vulturinas escarnecendo um lado sombrio que ele possue. Ninguém é poupado na espécie humana. Claro, tudo isto regado a muito café.
Aí está:
Incineração às 13h, sem açúcar
(trecho) Capítulo II - Agosto
Ventania “agourenta” (de novo) de agosto. Só se for para quem realmente sofre nestes 31 dias. Ele sabe quem sofre, excetuando os sabedores da periferia, e muito por agora. Bem, são os animais que “se apresentam” na arena daquela odiosa e insidiosa festa do peão no interior do Estado servindo de catarse para os humanos que assistem e que pagam dinheiro por isto. Na verdade, e alguns sabem, o espetáculo é deprimente porque impõe dor aos bichos; e a platéia dos homo sapiens vai ao delírio em um amontoado de bestas-feras que estão lá para ver e sentir o sofrimento extremo. Dizem que o tal do sedém não aperta os bagos dos bois e cavalos.
Mentira! Piada do ano, só pode ser. Ele viu uma matéria com a entrevista de uma veterinária séria que acompanha este suplício – comparável à farra do boi – na qual afirma que sim, são impostos sofrimento e dor aos bichos. Aí um peão qualquer, um idiota qualquer é mais crível, diz que não, que os bichos não sofrem que não se aperta porra dos bagos nenhum (esta é boa... bago... porra).
Mas e as fotos tiradas no instante em que eles corcoveiam na arena construída em versão moderna daquelas que os romanos colocavam os cristãos? Exato, as pupilas estão dilatadas e o olhar parece fixo. Pânico, ô peão idiota! Chama-se pânico! São sintomas básicos de muitos seres viventes do planetinha que transparecem em situações de fuga ou luta. No caso, poderia ser luta, todavia teria que haver igualdade de condições: o macho touro contra o macho humano, ambos de frente um ao outro. Um contra um e só. E aí, o peão idiota, vai continuar a alardear aos quatro ventos de agosto toda sua virilidade?
Pontos para Rita Lee em sua cruzada (tomara não inglória) ‘anti-rodeio’; para aquele qualquer daquelas duplas quaisquer dor-de-corno um excelente par de chifres bovinos (atenção, no sentido literal) a espetar-lhe os fundilhos cairia de agrado, afinal ‘é o amor’, não é? A verdade é que o dinheiro gerado na arena é muito e porque contrariar os interesses dos abastados fazendeiros/industriais, não é verdade? O dinheiro, o dinheiro... E nada mais vale do que ele. É o cão.
Que espetáculo imperdível será quando acontecer o touro contra o homem e aquele ganhar deste.
Ah, o peão possesso dias destes o indagou se ele não comia carne bovina. Come sim e concorda aqui que se afigure como um possível contra-senso uma vez que o bicho em questão tem que morrer – ser assassinado, não é? – para saciar sua fome. Não é um espetáculo muito digno, só que todos os seres vivos precisam comer (e alguns, tomarem café) para mal e parcamente sobreviver. Ele não fica vendo o bicho ser morto, porque se vir é provável que não coma. E tem mais: é para comer, se alimentar. Não para diversão.
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