Arquivo pessoal - Largo São Francisco, São Paulo |
"de leve que é na contramão".
(Lulu Santos, verso de)
pelas ruas, avenidas, ruelas, travessas, autopistas e marginais
eu observo e babo, boquiaberto
ver você andar, remexendo que só os quadris, com um gingado para se perder se encontrar o caminho
pela contramão da vida,
pela contramão do status quo
contradizer o discurso dos caretas
este discurso sem piedade
sem arte, sem amor
sem sexo e sem você - não!
só me faz olhar mais
e procurar por um guardanapo para me recompor
da baba sobre minha barba hirsuta a escorrer
e você anda, e vai, e vem, e rebola, e remexe
e mexe com meu juízo tão sério
tão profissional que acaba por solapar toda a minha seriedade
você me arrasta pela contramão
para que a gente se encontre,
para que a gente transgrida
e perverta a seta de mão única
nada disto, nada desta gente rança!
minha seta é só para você, só seguirmos em frente.