Arquivo pessoal - Chuva/Aclimação/São Paulo |
andando na beira do precipício, pelos prédios mais altos da cidade de São Paulo, ele pula de um para outro, como em um desenho animando no qual não há obstáculos à fantasia.
sua fantasiosa andança tem nome: o auto-controle em "passear" por ali, caminhando no percalço, caminhando colado ao nada, pelos beirais, muros e adornos arquitetônicos (neste quesito, o Martinelli se sobrepunha - mesmo sendo um "anão" diante dos outros, quedara-se o preferido)
há bem pouco (meses talvez), caía a toda hora que tentava ali andar por estes lugares; claro do lado de dentro.
e por que caía desabando ao chão igual a jaca podre do pé? pelo vento, pelo desiquilíbrio, pela vertigem, pela atração da queda, pelo vento entrando ferozmente em sua narinas (e gostava deste último fator), alargando-as?
caía mesmo porque tudo o que fazia, ou melhor, tudo o que o impelia a andar pelos muros protetores dos altos prédios de São Paulo, possuía uma verdadeira relação com o uso, com o antes, com o que ele realizava insanamente momentos atrás. Atrasadamente, ele percebia que caminhar por ali adiantava alguns problemas... Afastando-os.
tamanho era o desejo e equilibrar-se que este se tornara uma espécie de remédio às avessas: em geral, para pessoas que querem se curar, o medicamento é adquirido para sanar um problema (lembram-se da insanidade citada logo acima? pois é... Paradoxal total); porém, no caso dele, o vício era para não se curar; era para se tornar mais e mais dependentes.
nestes lugares, o que ele via, como no COPAN, era a casa das máquinas; no Itália, a vista de 360° e proteção inócua do vidro blindex erguido para "uns idiotas que sucumbiram à tentação, e, deliberadamente, se jogaram".
ele? longe de se jogar, assim pura e simplesmente, por protesto e/ou para causar problemas aos outros: ele é um sobrevivente, porque se joga por prazer, por resolução a médio prazo e para sentir o ar violando suas vias aéreas. Tinha a ver com ele tão-somente.
agora, me respondam: por que ele precisaria de mais motivos, um sequer que fosse.