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Em parte por sua percepção, em parte pelos fatos e em parte - para completar as partes - pelo ódio disseminado de lado a lado, o que ele pensava com dúvida de alguns dias atrás, obteve a certeza de tudo. E esta se assemelhava às águas de março que estavam praticamente fechando o verão e que de tão chuvoso, lavava seu corpo e mente. Tudo metaforicamente: banho e afins.
Repudiar a imagem e a semelhança ao ódio em pleno afazeres diários, com tantas opiniões díspares: combinação perfeita para mais uma definição sobre como a cidade alfa, única do Brasil, se amolda, se arranja e se vive. Repúdio que bem ele tinha em sua cabeça e que o permitira juntar as tais partes citadas...
Exaltar-se àquela época parecia condição sine qua non que os encastelados no poder mais gostavam; bastava cindir tudo em pedaços e recolhê-los, reconfigurando-os. Porque odiar os pedacinhos que estão no chão (e pensava: "igual a você que está no chão"), caquéticos estilhaços não fariam São Paulo andar para frente.
"Tenho questões para resolver. Odeio poucas pessoas no varejo; no atacado ninguém. E por isto já estou até aqui de amargor".
Via, ouvia e formava opiniões a respeito, sem desmemoriar de sua vida e de seus problemas (que ele carimbava de questões). Porque nunca cuidara dele próprio, às vezes se secundando para dar vez ao outro - mazelas típicas de ensinamentos enviesados aprendidos durante a infância.
E agora prometera em bom som, bradando entre as paredes de seu apartamento que naquele ano (o ano é 2015), tomaria mais cuidado de si, se amaria mais, permitiria entradas e saídas talvez na mesma proporção; este último fator se referia, de fato, às pessoas que vieram a povoar sua vida. Ele costumava cumprir promessas, até mesmo as quais sentido algum faziam.
Junto aos milhões tão diferentes, segregados, encarapitados, o que ele almejava é ter levar uma vida do jeito dele, usufruindo de São Paulo em tudo o que fora possível. As possibilidades dentro deste possível, se tratavam de querer gostar e mais: ver de verdade quem gostava dele.
Frequentou lugares, saiu com os amigos, viu, foi visto. E em meio a um tão diferente - que alguns demasiadamente fanáticos diriam ser improvável o amar de diferenças - ele se apaixonou e na perdição deste amor, aprendeu que amar vale mais ainda do que qualquer posição, radical ou leve.
Experimentou pela Avenida Paulista a possibilidade do amor. Entoou loas quando sozinho se quedou em casa para tentar se caber dentro de si. Trabalhava perto do cruzamento com a Rua Augusta e nunca, nunca mesmo, percebera que ali, ao lado, pegado mesmo, havia um par de olhos no térreo que o procurava com ansiedade. Eram diferentes que somados produziram vários sentimentos iguais.
"O que nos tornou nem tão diferentes assim", disse deitado, os 2 abraçados.
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