"À cidade e ao mundo", em latim. Urbi et Orbi é jornalismo literário tratando de questões que atingem conceitos formados quais forem e livre de pensamentos únicos. Realidade e ficção juntas: contos, crônicas e informação. Escrevo de São Paulo, a grande metrópole brasileira. É também um espaço dedicado à paixão pelo idioma português.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
GOL HISTÓRICO
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
A FRANÇA AMAZÔNICA
Reprodução, mapa da Panamazônia - linha amarela |
A Amazônia sempre é – e foi – um fator de preocupação para nós brasileiros e para outros povos, cujos quais dividimos a imensa Floresta Equatorial de mais de 6 milhões de km² (alguns geógrafos incluem na bacia do rio Amazonas a bacia dos rios Tocantins/Araguaia, com área superior a 7 milhões km²).
Voltando à questão amazônica, vemos que a floresta ainda é a que menos se desmatou quando comparamos com outras do gênero equatorial e/ou tropical. Tirante os aspectos negativos do avanço da soja, da pecuária, das extrações ilegais de madeira, da expulsão dos índios... A Amazônia permanece o grande território verde do planeta.
Então... A luta vai ser renhida, daquelas de ser briga de foice no escuro.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
ESTADOS DE SP E RJ DETÊM 45% DO PIB
RÁPIDA ANÁLISE DE NÚMEROS DO PIB
Escrevi mês passado sobre estimativas de população. E havia comentado que depois sobre as estimativas de PIB do Brasil. O IBGE mais uma vez é a referência básica; e segue aqui nova crítica ao sítio do órgão: combina ferramentas de alta tecnologia com antigas tudo isto misturado na tela, tudo poluído. Para quem não está acostumado é confuso e pode-se vir a perder tempo. Um novo lay out é para ontem.
Para vocês terem certeza acerca dos números, o IBGE calculou para 2006 que em valores absolutos o PIB do Brasil alcançou a cifra de R$ 2.369.796.546 (mais de dois trilhões), com renda per capita de R$ 12.688. Interessante verificar os números com acuidade para saber que o Estado de São Paulo responde por 33,86% deste valor. São Paulo – única cidade alfa na América Latina e a real capital do Brasil (frase já citada de dois autores em “Atlas do Brasil”) – é o verdadeiro coração da economia: 11,93% de cada 100 reais ‘feitos’ provêem da capital paulista, valor superior à riqueza total produzida pelo Estado do Rio de Janeiro, o segundo; Minas logo em seguida.
Dêem uma olhada nas cifras dos Estados (vou arredondar para evitar números em demasia) expressos em bilhões de reais; entre colchetes números percentuais e renda em R$:
1) SP – 802,56 [33,86] [19.548]
2) RJ – 275,36 [11,62] [17.695]
3) MG – 214,81 [9,06] [11.028]
4) RS – 156,88 [6,62] [14.310]
5) PR – 136,68 [5,77] [13.158]
6) BA – 96,56 [4,07] [6.922]
7) SC – 93,17 [3,93] [15.638]
8) DF – 89,63 [3,78] [37.600]
9) GO – 57,09 [2,41] [9.962]
10) PE – 55,50 [2,34] [6.528]
- observações:
a) 3º colocado, Minas Gerais tem renda abaixo da média nacional, mas ainda superior a de 16 Estados.
b) SP e RJ detêm mais de 45% do total do PIB (SP e MG têm 33% do eleitorado e 31% da população, os dois maiores).
c) RR com PIB de R$ 3,66 bi e AC de R$ 4,83 bi finalizam a lista
d) PI, renda de R$ 4.213 e MA, 4.628, são os menores do Brasil; SE com 7.560 é maior do Nordeste.
Paro por aqui. Em futura postagem teremos números dos municípios.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
ESTERÓTIPOS PODEM CONTRIBUIR COM MAIS INTOLERÂNCIA
CADÊ OS OUTROS?
Então tudo é baseado no maldito estereótipo? Eu, você, a mídia, intelectuais, o capital, a massa “ignara”, o governo se pautam em burlar a grande diversidade humana que existe de Vladivostock a Punta Arenas, de Akureyri a Nukualofa, de São Miguel do Gostoso a Goa. E olha que eu estou falando em quase 7 bilhões humanos que pululam por aqui (os números mais exatos mostram 6,75 bi) e que por razões geográficas, históricas, culturais, econômicas, genéticas e, por último mas não menos importante, comportamentais diferem uns dos outros. Caetano disse que “de perto ninguém é normal”, o que me alenta. Sim, creio que sejamos todos ‘anormais’ e não diferentes... Diversificados cabe melhor em alguns aspectos.
Insistir em reforçar estereótipos apenas e sempre é minorar uma pessoa ou grupo sejam quais forem. As pessoas são mais do que estereótipos, mesmo que estes dominem ou pontuem as relações entre nós. Reduzir e marcar uma pessoa somente por ele... Não me parece inteligente tampouco melodioso.
Entretanto, o que se vê é uma tentativa de nivelar e igualar os seres segundo as ‘convenções’ ditadas ao longo dos séculos e séculos. Para que sejamos mais hermeticamente similares porque sendo assim o domínio baseado na manipulação viceja de forma mais frondosa. O poder é aterrador de inebriante para determinados espécimes humanos. Estes gostam da adicção e não arredarão pé fácil não!
Quero chegar aos estereótipos humanos. Discorrerei, ou melhor, citarei alguns apenas.
- as loiras são burras (ou abarcando mais: as mulheres gostosas também)
- todas querem ser popozudas do funk aqui em Vera Cruz (“... nem toda brasileira é bunda, meu peito não é de silicone...”)
- jogador de futebol é analfabeto de pai e mãe (e demais atletas)
- político é corrupto (nossa esta eu reconheço: é difícil não mergulhar no dito estereótipo)
- todo cdf – agora se fala ‘nerd – é magrelo, usa óculos e não gosta de esporte
- os ferreiros de academia são obtusos (incluem-se surfistas e afins)
- negro é pobre e/ou favelado (para alguns muitos, nem chegamos a 1888)
- negro dirigindo carrão é motorista (deste a gente ouve inclusive as variantes: são empregados domésticos apenas para citar mais um)
- favelado é bandido (sendo assim, há milhões de bandidos espalhados?)
- mendigo é mendigo porque quer (“ora, quem mandou não estudar” é o que se ouve)
- puta é puta porque quer (esta é machista até o último pêlo dos bagos)
- pobre é ladrão (como se pobreza determinasse carácter)
- rico é canalha, e fez patrimônio roubando os outros (como se riqueza determinasse carácter)
- gay homem é afeminado e gosta de se travestir (tão recorrente e pequeno)
- lésbica é masculinizada e bate um bolão no bilhar (tão recorrente e pequeno também)
- gordo é infeliz e come porque quer (este incutido por vezes nos próprios, o que pode causar uma ‘miséria’ sentimental absurda)
- policiais militar e civil são ‘subornáveis’ (reduz-se a um bando de fora-da-lei agindo ‘em nome’ da lei)
- barnabé é vagabundo e faz corpo mole (e como funcionam hospitais, delegacias, escolas, repartições públicas etc, etc...?)
- viciado se vicia simplesmente porque tem a cabeça fraca ou o que é pior: porque quer (“o cara tem que ser preso!” É o que se escuta)
- motoqueiro é folgado no trânsito (não respeita as respectivas leis)
- paulistanos vivem para trabalhar e São Paulo é feia apenas (pouco para definir a metrópole brasileira)
- cariocas são vagabundos e o Rio é lindo apenas (pouco também para definir a outra metrópole)
- a imprensa brasileira quer desestabilizar o governo petista (claro, para eles basta que não concordemos que já se prenuncia uma desestabilização do regime)
- brasileiro gosta da tríade: samba/carnaval/Lula (a maioria por vezes pode ser tirânica)
- brasileiro é um apaixonado nato por futebol (viva a diferença. Há muitos que detestam)
- Hollywood só faz filme “americanóides” (de uma pobreza atroz reduzir a cinematografia americana às patriotadas filmadas)
- americanos irão destruir o mundo (pois bem: e quem vai impedi-los? Os chineses? Analisando sob esta ótica eles não querem também destruir mundo?)
- comunistas comem criancinhas (acho que este está em desuso... Nem sei se ainda tem maoístas, leninistas, stalinistas e trotskistas por aí)
- orientais no Brasil não se misturam aos brasileiros (ué, mas japonês nascido no Brasil não é japonês... É brasileiro)
- os muçulmanos têm Osama como herói (o Islamismo não é uma religião que propaga a violência)
- empresários exploram e arrancam o couro do trabalhador (e com que intuito? Até deixá-lo sem nada?)
Nossa. A lista é imensa.
O que fazer com estes questões arraigadas nos neurônios dos homens. Eu sinceramente não tenho a resposta. Digo, de toda forma, que lutar dentro de cada um nós para que saibamos que os tipos de nossa espécie são tão diversos. E não é só a digital que nos personaliza.
Somos uma amálgama de genes (bons e ruins), de geografia, de educação propiciada pelos pais, depois pela vida...
Onde estão aqueles discordantes dos estereótipos?
Soa como restrição estereotipar cada vez que se analisa (aqui o termo é bem amplo) o outro. Alguns detratores podem afirmar que eles existem e saltam aos olhos. Claro, nunca neguei o fato. Creio, por outro lado, que as manifestações humanas situam-se um patamar muito mais elevado do que simplesmente os estereótipos sociais aos quais submetemo-nos e resignados, portanto, perpetuamos.
Quão grave é isto?
Bem, basta ver a carga explosiva de preconceito e intolerância que de modo geral carregamos. Um mofo que vai se alastrando tomando conta de nossa lucidez.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
À CANALHICE O SPRAY
Ouvia um clássico americano (sim, eles têm coisas incríveis por lá) de Cole Porter na voz de Frank Sinatra, no qual um verso em inglês demonstra: “I’ve got under my skin”. Em uma tradição livre de preconceito e de policiamento poderia assim ser traduzido: eu estou “impregnado” de você. Claro que a mais próxima da realidade em português para a expressão no idioma de Edgar Allan Poe é: Eu te tenho sob a pele. Na canção está explícito o sentimento de total ocupação do corpo por este amor que se entranha sob a pele. Pele. Relegada a um segundo plano por vezes, maltratada pelo excesso de sol, por exemplo.
Pele. O maior tecido humano, medido em centímetros quadrados vários.
Tecido responsável pela comunicação com o mundo exterior o que faz dela o nosso maior órgão sensorial: é a possibilidade de sentir o outro. O toque sobre a pele traz efeitos variados como aquele frêmito a percorrer o corpo quando do toque do seu amor. O esfregar, o roçar de uma sobre a outra... Ah, coisa boa! E é responsável também pela transpiração, fator fundamental para mantermos a temperatura corporal.
Ponhamos a nos imaginar o que seria se arrancassem nosso couro, dos pés à cabeça...
Dor é o que vem primeiro em minhas ligações nervosas. Uma dor excruciante.
Mas não é só dor, daquelas físicas.
Tem a ver com beleza, poder e status. Tudo permeado claro por aquele que “está em casa contando o vil metal”.Porque humanos sentem dor e é inimaginável alguém realizar tal “façanha” com outro semelhante, um da mesma espécie da nossa... Já o que se refere aos animais, fazemos verdadeiras operações de guerra para lhes conseguir o couro, que desafortunadamente, aos olhos dos homo sapiens são dotados de qualidades que abarcam beleza extrema à ‘ergonomia’ (porque a pele dos bichos tem também outras funções). O mimetismo dos camaleões mostra do que o réptil é capaz de fazer.Estética. E por ela, arranca-se o couro de jacarés, arminhos, chinchilas, rãs (os anfíbios são os vertebrados mais ameaçados pela extinção), arminhos, pirarucus, cobras, raposas, leopardos, martas e muitos mais. Sem esquecer as penas usadas em fantasias e em desfiles no Anhembi e no Brasil todo.
Para estes, as avestruzes, estão aqui para deixar mulatas, passistas e destaques mais belos.
Fico me perguntando a razão. Quanto mais eu analiso mas me dou conto que me é incompreensível.Aqui, eu faço um adendo. Esta questão envolve o que o ser humano tem de pior: a vaidade pela estética neste sistema inventado por nós e que é, verdade, de difícil conserto – como sou otimista não quero pensar que estamos todos caminhando mesmo para o abismo. Acho que ainda dá jeito de dar um jeito nas coisas aqui.
Pela beleza e tortos caprichos sabemos que muitas espécies foram extintas apenas para cobrir corpos humanos vivos. Humanos que já haviam chegado aos tempos modernos – o dos tecidos sintéticos – e que, por este motivo, não tem razão embasada na necessidade daquela existida séculos e séculos atrás: de se cobrir para proteção de inimigos naturais e do frio
Vale é a vaidade humana que faz pensar que porque os bichos são lindos e que sendo assim devem nos embelezar já que estão aqui para nos servir como “raça superior” que somos e dominadora de todos.
E os bichos que morram não importando, inclusive, o modo como se faz para escalpelar os nossos companheiros de existência neste pedaço mínimo do sistema Solar. Lembro-me bem de um filme-documentário que vi na TV quando tinha meus 20 anos (é, faz tempo...) cujas cenas mostravam uma matança de bebês focas feita a pauladas em um lugar remoto do Canadá. É isto: separava-se a mãe do filhote e logrado o intento este era assassinado com pancadas na cabeça para não deixar marcas pelo corpo. Reparem que, além da crueldade, há a preocupação – mais uma vez – com a estética... Da matança que nada mais significa que lucro. O dinheiro prevalece.
Em frente à tela eu quedei-me paralisado sem entender porque faziam aquilo com os bebês. Esvaí-me em dó e tive ódio mortal dos caras que batiam neles. Mais tarde fui aprender que estes homens apenas fazem parte de toda uma cadeia produtiva. Eles não matam por eles, matam por outros. Claro que em um sistema capitalista para uma parcela privilegiada alguém tem que fazer o trabalho sujo e com certeza as ricas damas da sociedade, as lindas modelos é que não sujariam as delicadas mãos. Elas querem vestir o produto do morticínio.Evocando aquilo escrito no começo – a música de Cole Porter – soa que o amor que um ser humano nutre por outro em especial (seja lá quem for) pode se traduzir como algo que nos torna mais vivos, mais próximos daquilo Cristo julgou que pudéssemos ser. Ter alguém sob a pele (ou “ser o sangue que corre nas veias”) é de uma imensidão de amor que quase nos afogamos.
Entretanto... Os animais sofrem quando o homem vai lá em seu ambiente, chega, destrói tudo, constrói o que ele quer e mata. Como é possível que a vaidade/status se sobreponham à vida de outros seres que povoam exatamente o mesmíssimo lugar? Mais do que uma sobreposição ela é tornada uma interdição à vida.
Por vaidade? Para mim é de uma mesquinharia suja localizada no limbo da alma humana. Os bichos não vivem para nos servir com exclusividade. E não deveriam/poderiam ser mortos porque são desta cor, têm tais listas, o pelo sedoso, curto, farto ou coisa que o valha...
Outro ponto: ser belo pode custar vida e todo o código genético de uma espécie.
É previsível os homens e as mulheres fazerem isto com os bichos. Sabem por quê? Ora, se nós humanos arrastamos outros humanos pelas ruas no asfalto quente e os deixamos pendurados por um cinto de segurança... Com os bichos prefiro mesmo não relatar atrocidades que vi e ouvi por aí. Não porque me enoje, mas por sensação de extremada impotência pensando no que podemos fazer para parar este comércio podre e carcomido.
Para os bichos assassinados que 'saem' às ruas: spray nos casacos de pele agora.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
CALOR
Passa frio!
Voltamos à ‘normalidade’.