terça-feira, 31 de março de 2015

VIAGEM CCXXXI - VOO RÁPIDO, VÁPIDO ABRAÇO

Reprodução [endereço abaixo]
Por onde anda, findo o medo?

anda devagar, pelo mar, pelo morro?


Roto, rasgado, esfarrapado?


Porém digno, insigne homem, em sua


magnificência com o amor do seu outro?


Crime?

contra quem?

achaques e ataques com machados

de lâminas luminosas ao meio-dia,
à meia-noite? Por que?

Que meio é este?

eu quero pelo meio,

pela frente, de peito aberto,

livre, veloz, verdadeiro,

em um voo rápido 

em um vápido abraço

brotar meu sentimento por você


http://cr4.globalspec.com/thread/76744

segunda-feira, 30 de março de 2015

22] CENÁRIO SP - ESQUINAS 90°

Reprodução [foto de Ricardo Parra]
Virando ali, à esquerda ou à direita,

pode ser na Ipiranga com a São João, 

as avenidas

míticas


icônicas


musicais


de gente que passa todo dia, toda hora


(e todo minuto porque não falta por ali espécie humana)

e também por outras esquinas, como

Paulista com Augusta

Rebouças com Brasil
Heitor Penteado com Pompeia
as esquinas de São Paulo, a metrópole-alfa
a cidade dos 12 milhões
do meio trilhão de reais
produzem, acalentam, desfazem
refazem
sonhos, ideais
anseio, vontades
e escondem, em alguns, sentimentos
quaisquer com ilimitadas tendências,
homens que procuram
desesperam-se, esperam,
creem e lutam por uma existência melhor e
mais digna

Aqui em São Paulo,

o cenário é você que compõe uma
parte dele
E como os outros paulistanos, e como os outros que não são,
vivem,
apetecem uns aos outros
transam
trabalham
se drogam
se enclausuram
se misturam
se ajudam

As esquinas permitem variações,

novidades, horizontes de 90°
você pode dobrá-las,
você tem o controle sobre estas
Cada um é o senhor de cada guinada

quarta-feira, 25 de março de 2015

VIAGEM CCXXX - MARÇO É INTERMINÁVEL

Reprodução [endereço abaixo]
Seguido, por trás, pelo mês mais estranho em dias - fevereiro -, vem então os 31 dias de março, o interminável mês: do verão, das águas torrenciais, quando o país começa a funcionar de verdade, o outono, mudanças... 

A fraqueza do segundo é força motriz para o que vem colado e resiliente - março. Muito muda no começo do ano sendo época profícua e longa.

Mudanças e dias sem fim caracterizavam este mês. Ele, um diarista da vida vivendo as 24 horas, um dia de cada vez, pensa que o terceiro período era o melhor do ano - mesmo que tendo uma sensação de infindável março. 


E a finitude do mundo era tão certa para ele; "março não deveria ser diferente - não é!", discursava ao vento, no meio do parque, na avenida, no elevador que subia até o 31º andar. Números coincidentes?
Tudo parecia ser finito, menos o tal mês.

Acontece o que? Ou já aconteceu?

--- Acontecimentos se sucedem e é fácil permiti-los... Eu não tenho direção nenhuma sobre eles, então, deixei que aconteçam porque lutar contra os dias não deve ser bom negócio. Lutas outras sobram, caindo pelas tabelas.
Os 31 dias quedavam-se os maiorais de todos os 365 dias do ano.

Quase morrera em um março distante, infantilmente lembrando e provocante de sensações tão impregnadas que, por vezes, parecia senti-las como se ainda estivesse passando pela quase morte. Aos 17 envolvera-se em um acidente com faca, que de branca arma nada possuía, sendo ferido na terça-feira de carnaval (março ainda detém mais este fator: o reinado da carne pode adentrar no terceiro mês), quase manhã. 

Verteu sangue tanto que hoje se pergunta "como eu não morri àquele dia?"; sem resposta até hoje. o que conseguia lembrar era a sensação de queimadura onde o furo fora feito. Caiu e desmanchando-se na rua de paralelepípedos, perto de sua casa. Sirenes, gente falando com ele e uma dor interminável.

A cicatriz estava ali, logo abaixo do estômago, extensa: irrepreensível presença, 'intocável para tatear'; e até hoje em sua história a vergonha interminável de que alguém visse, mexesse e pior: perguntasse sobre. 
Soava em seus pensamentos que um dia, quiçá, março tornar-se-ia um mês ordinário, misturado aos outros, sem destaque - despercebido. 
"Seria um bom término para ele, ser igual, tudo finito".

http://crosstowntorrents.org/gallery/showimage.php?i=10236&c=9

sexta-feira, 20 de março de 2015

VIAGEM CCXXIX - CONECTE-SE

Reprodução [endereço abaixo]
conecte-se
lá em Nuuk para Gao

conecte-se
de Xapuri para Lulea

(são muitos?)
(perto? Longe?)

conecte-se
em São Paulo, Nova York, Roma

pelo profético deserto da Arábia,
pelo de Gobi dos antigos mongóis

ao deserto da Austrália
e à tundra gelada da Sibéria

conecte-se
de São Paulo a Tóquio, 
de Istambul à ilha de Páscoa

de Natal no Brasil
a Natal na África do Sul

do meio do Pacífico, em Palau
ventos, ondas, magnífica natureza

à Amazônia, à foz do Amazonas
chuva/rio, verde, luxuriosa natureza

conecte-se do Tibet, lá em cima
para o Mar Morto muito abaixo

da ilha de Trindade
a Okinawa

das geleiras da Antártida
à Nova Zemlia

conecte-se 
do retorcido Cerrado
à savana do Sahel

São Paulo, São Petersburgo
Saint Paul, Saigon

conecte-se com
gente daqui, de lá
de mais longe, do outro lado

bioma, oceano
península, golfo
ilha, terra

onde gente houver/estiver
muita ou pouca,

mancha urbana, cidade
lugar no 'google maps'

(digite aqui sua localização)

quarteirão
casa
quarto

cama
sono 
sonho, eu vendo tudo

(silêncio, quase de manhã)
Tudo isto eu tenho e ainda tenho você
quando acordo aqui em São Paulo

http://voices.nationalgeographic.com/2013/11/12/photos-astronauts-capture-tweet-constellations-from-space-station/

sábado, 14 de março de 2015

21] CENÁRIO SP - DIFERENTES? NEM TANTO

Reprodução [endereço abaixo]
Em parte por sua percepção, em parte pelos fatos e em parte - para completar as partes - pelo ódio disseminado de lado a lado, o que ele pensava com dúvida de alguns dias atrás, obteve a certeza de tudo. E esta se assemelhava às águas de março que estavam praticamente fechando o verão e que de tão chuvoso, lavava seu corpo e mente. Tudo metaforicamente: banho e afins.

Repudiar a imagem e a semelhança ao ódio em pleno afazeres diários, com tantas opiniões díspares: combinação perfeita para mais uma definição sobre como a cidade alfa, única do Brasil, se amolda, se arranja e se vive. Repúdio que bem ele tinha em sua cabeça e que o permitira juntar as tais partes citadas...

Exaltar-se àquela época parecia condição sine qua non que os encastelados no poder mais gostavam; bastava cindir tudo em pedaços e recolhê-los, reconfigurando-os. Porque odiar os pedacinhos que estão no chão (e pensava: "igual a você que está no chão"), caquéticos estilhaços não fariam São Paulo andar para frente.
"Tenho questões para resolver. Odeio poucas pessoas no varejo; no atacado ninguém. E por isto já estou até aqui de amargor".

Via, ouvia e formava opiniões a respeito, sem desmemoriar de sua vida e de seus problemas (que ele carimbava de questões). Porque nunca cuidara dele próprio, às vezes se secundando para dar vez ao outro - mazelas típicas de ensinamentos enviesados aprendidos durante a infância.

E agora prometera em bom som, bradando entre as paredes de seu apartamento que naquele ano (o ano é 2015), tomaria mais cuidado de si, se amaria mais, permitiria entradas e saídas talvez na mesma proporção; este último fator se referia, de fato, às pessoas que vieram a povoar sua vida. Ele costumava cumprir promessas, até mesmo as quais sentido algum faziam.

Junto aos milhões tão diferentes, segregados, encarapitados, o que ele almejava é ter levar uma vida do jeito dele, usufruindo de São Paulo em tudo o que fora possível. As possibilidades dentro deste possível, se tratavam de querer gostar e mais: ver de verdade quem gostava dele.

Frequentou lugares, saiu com os amigos, viu, foi visto. E em meio a um tão diferente - que alguns demasiadamente fanáticos diriam ser improvável o amar de diferenças - ele se apaixonou e na perdição deste amor, aprendeu que amar vale mais ainda do que qualquer posição, radical ou leve. 

Experimentou pela Avenida Paulista a possibilidade do amor. Entoou loas quando sozinho se quedou em casa para tentar se caber dentro de si. Trabalhava perto do cruzamento com a Rua Augusta e nunca, nunca mesmo, percebera que ali, ao lado, pegado mesmo, havia um par de olhos no térreo que o procurava com ansiedade. Eram diferentes que somados produziram vários sentimentos iguais. 

"O que nos tornou nem tão diferentes assim", disse deitado, os 2 abraçados. 

http://www.turbosquid.com/3d-models/polygonal-athletic-male-3d-model/273487

quinta-feira, 12 de março de 2015

VIAGEM CCXXVIII - (quase) TUDO DELE MESMO

Reprodução [endereço abaixo]
delineando para
dilatar
'delações dele' e das boas:
uma emoção;
(passado recente)

delimitar para diminuir dolos 
duplamente qualificados
duramente demarcados
sem decência alguma;
(passado)

disputas das piores
dureza derradeira
depois daquilo tudo:
despedida, aceno, a ida para sempre;
(no passado anterior)

deserto tudo ficou
deveria ele desmanchar cada
duna, pesada de terrosa cor e
drenar o pó?
(antes do passado)

danos, danação
sem dança, 
sem dormir
só desfaleceu, então
diante de labirintos, meandros
(passado bem recente)

no grande dirigível
da própria vida
comandando-a com diligência  
pôs-se como dono
(ontem)

senhor agora
de tudo (ou quase) tudo:
discussão
determinação
dever

Tudo dele mesmo, mesmo que de díspares domínios
(presente, agora)

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sábado, 7 de março de 2015

20] CENÁRIO SP - SUBINDO E DESCENDO

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Subidas, descidas; aclives sinuosos; curvas fechadas, outras abertas; suores e panturrilhas demandados com frequência, para os bons e para os maus. A cidade é assim. E não para. 

No verão, chuva e o sol; no inverno a garoa e "todo frio pela manhã" de São Paulo.
Homens que caminham diuturnamente pelas estreitas, pelas largas vias de São Paulo, se aproximando (ou tentando, ao menos) como os humanos Terra afora poderiam/deveriam realizar.

Subiram lá do litoral quase 500 anos atrás, espraiaram-se pela grande mancha urbana da metrópole alfa, pelas escarpas íngremes da Serra do Mar e chegaram ao Planalto de Piratininga. Tanto tempo atrás que ele se pergunta se os tais padres conseguiriam imaginar que a cidade transformar-se-ia no que é hoje, muito além da serra onde se assentou.

Observador atento dos costumes e das idiossincrasias paulistanas, o bairro que mora é um dos mais acidentados lugares da urbe: sobe, desce, anda, sua, corre, panturrilha "ardendo", Pompeia. "Claro, aqui não tem vulcão em erupção, mas tem 'subidões' e 'descidões' que exigem esforço - e eu gosto".

Podia andar a pé de sua casa àquela outra casa que vinha frequentando com assiduidade de um Caxias típico: todo dia, pelas manhãs a avistava e às noites, adentrava e ficava. Instalada em um terreno grande, mas sem suntuosidade, e localizada em uma descida de fazer inveja às casas do Pacaembu, o sobrado de "três andares" exige hercúleo esforço - com diversão gratuita garantida.

Houve um dia no qual ao subir as escadas, pôde ver, lá em cima, dois pares de pernas entrelaçados, corpos gemendo, e o indefectível "arfar" humano quando se enroscam para atender à natureza mais igualitária: sexo. E que parecia ser dos bons. Parou por um instante para processar o que via e ouvia. 

Pronto ele estacou no pé do declive - ops... da escada de madeira. Subiu pé ante pé, devagarinho como se fez nos lombos das mulas, lá pelos idos de 1500 e tantos. Atento ao perigo que constataria até mesmo a respiração se tornou sincopada. Chegou "ao topo da serra" e viu; e foi visto. E desgostou de tudo.

Desceu que tomou um capote no último degrau, torcendo seu tornozelo esquerdo arrancando um "PQP" alto e grave. Pegou o casaco - porque chovia em São Paulo àquela noite - e aos trancos e mais os barrancos, ganhou a rua. Iluminada com luz de neônio, aliviou-se ao avistar o bar aberto no fim do quarteirão, tipicamente de bairro. Dirigiu-se correndo ladeira abaixo para tomar uma dose de conhaque, do mais vagabundo que podia existir.

http://www.slate.com/blogs/atlas_obscura/2014/12/09/baldwin_street_in_dunedin_new_zealand_is_the_world_s_steepest_street.html

terça-feira, 3 de março de 2015

19] CENÁRIO SP - DESEJOS, BÍLIS, DESAPARECIMENTO

Reprodução [endereço abaixo]
"'Havia vezes em que eu desejei me descolar de mim, romper de dentro e ir procurar por você pelos cantos mais recônditos que existiam - e que ainda existem. Voar por toda a cidade, perscrutar os ambientes fechados. Quis rasgar a pele e sair'.

Então eu desejei conseguir sair de mim, desejei poder voar e desejei me esgueirar pelos esconderijos da grande cidade, atrás de você.

Preso. Amarrado. Algemado - não me permitiam seguir com minha busca - 'O que querem? Minha desistência? Aqui em São Paulo aprendi a apagar o verbo desistir. A cidade me ensinou'.

Por aqui não faltavam tais esconderijos. E ele exasperado pelo desaparecimento do outro, começou a pensar o pior - vezo adquirido pelos anos de vida e porque os homens motivar-se-iam à perfeição para causar dor em qualquer um que fosse.

Tantos lugares, tantas valas... Por onde ir em São Paulo - a cidade da dúzia de milhões - com o intuito de achar quem se perdeu? Para achar quem ocupava um espaço no amor e que foi tirado, assim, como em um ruptura?

'E dizem que o pior sempre está por acontecer. O que teria acontecido para este sumiço me causar tamanho nervosismo e que o pensamento embaralhava-se, ideias desconexas vinham e iam e voltavam, povoando minhas ideias?'

O pior sempre emergindo na miríade do inferno que vivia.
Jejuou por horas e completou as 24h sem ingerir nada. Meu estômago não colaborava em nada, nem mesmo água conseguia parar ali dentro - náusea e bílis na privada de tanto vomitar - sem ter comido nada.
'Onde você poderia estar? Aqui nos milhões, na cidade alfa, nas esquinas, parques, nos inoportunos lugares... Onde?'

Algum tempo depois, sua cabeça explodia com a dor que insistia atrapalhar e piorar. Os desejos de poder sair, de procurar pararam no banheiro, lavando-o por completo, impregnado-o com o cheiro que vinha de dentro dele: bílis!

Cansou-se, cansou-se tanto que apenas deitado no chão, logrou sucesso ao lembrar dos desejos do começo: voar, esgueirar-se... Fechou os olhos e em um átimo, lembrou-se de tudo o que eles realizaram e dos cuidados entre si. 
Novas contrações estomacais e o fígado lhe parecia querer sair pela boca: o gosto o enojava e o cheiro, pelo céu da boca ao nariz provocou caretas múltiplas".

http://suffering.turbosquid.com/3d-Models/3ds/max/xsi/c4d/obj