terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

18] CENÁRIO SP - TERABYTE

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Das ruas para a casa; depois o inverso. "Tempo bem gasto", dizia em bom som pela manhã descerrando a cortina da imensa janela de vidro. 

O tempo para si, para as horas nas quais não trabalhava, tampouco dormia, pouco se poderia falar desta parte. Apagava ao deitar-se.
"Para lembrar de todos os caminhos, como proceder? Dos lugares, das pessoas, dos cheiros?"


E vinha, e ia, e voltava, eu ganhava e tudo o que sempre quis e que sempre pôde (sim, é isto: podia realizar, mas nunca pensara em fazer, concretizar, transgredir, regrar-se...) e que, sendo assim, volteia, redobra, encarapita, acumula e então... Subverte (embasbaca os babacas que o cercam).


Doando!
Talvez uns... Ou melhor, talvez a metade de um lucro de tudo o que ganha àqueles que pouco têm e que nunca puderam nada nunca - fazendo-se em suor pela vida lastimosa, "zoada" que mantinham até então.
Esquece-se quanto, para quem, quando... Esquece 'oficialmente', claro. Nos terabytes da memória, deve guardar em algum local incerto...


Pelas décadas colecionava, amava, suspirava e ejaculava. Para beijar, muita calma deveria haver.
Muito, muito mesmo! O que muito? Quase o total no tal advérbio.
Aí, fazia o contrário; guardava para si o grande amor, o amar, o ser para sempre feliz ("Verdade? Existe isto de 'para sempre'?").


Pelos amigos que contava às dezenas mantinha-os em várias fases da vida, que subdividia em apenas 5 - suficientes para os seus anos aqui no redondo - quase - planeta.
Dezenas de funcionários, tecnologia, muita tecnologia, memórias virtuais em alta porque quanto mais espaço, mais acontecimentos nos tais terabyte microencapsulados, longe da luz do sol. 

Assemelhados a pessoas que conhece com a memória desenvolvida, segmentada e infinita; se bem que o terabyte é finito - claro que depois de muitos arquivos das mais variadas extensões possíveis. Mas pode ser segmentada e ora... Aumentar para dois, três, dez. 
"Qual delas é a melhor? A do computador é finita até certo ponto e com o diferencial de sendo mantida em condições favoráveis pode durar anos e anos. Já a humana 'cabe' mais tudo só que com o diferencial que falha". 

A falha é o esquecimento compartimentada nos hemisférios cerebrais - que estão ali, para sempre, mas como acessar se não se sabe onde procurar - nem extensões diversificadas podem resolver a questão. 
"Podem ser que sejam de 1000 terabytes o que guardamos - 1000 petabytes, 1000 exabites e vai seguindo. O que a idade faz - segue adentro da vida, é a vida, que vamos perdendo, selecionando a memória. A máquina abrange tudo, sem selecionar nada".

http://jasonkolb.com/ 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

VIAGEM CCXXVII - UM E OUTRO, FLUORESCENTES

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Instrumentalização certeira, incrivelmente inventiva e expressiva diante daquelas mãos um tanto ásperas e que inefavelmente consertavam todos os problemas mecânicos da vida. 

Este é o "um", morador da zona sul de São Paulo - honesto como poucos, e teimoso como mais poucos ainda.

De quem eram as tais mãos que tornaram-se imprescindíveis naquela altura da sua vida?; vida esta já dobrada pelo cabo (aquela da Boa Esperança - apesar que vez por outra parecer-se-ia mais com o antigo nome - das Tormentas) em algumas décadas.

Vestindo o uniforme, quase justo para a barriga que começava a despontar de forma indefectível, sob uma luz que poder-se-ia chamar de iridescente aos olhos mais atentos, levava a vida incansável que era. Pelas madrugadas no espaçoso do terreno que ocupava, media-se pela luz acesa ou não seus dias de trabalho.

Dia e noite, noite e dia; fins de semana alguns e feriados apenas os não religiosos exercia o ofício (devoto da santa padroeira do Brasil, nos 12 de Outubro rumava a Aparecida para pagar promessa e no ano seguinte para fazer outro pedido... E assim seguia indelével em sua crença.

"Um homem-bomba!?", engasgando com o pão descendo goela abaixo. "O que o outro foi fazer neste lugar de gente que se mata?", murmurou...

O outro, voltando do trabalho, passava na frente do trabalho do um e o via implacável pelas tardes horas a resolver o que quer que fosse. Tal rotina já ganhava alguns anos e o outro, sempre que passava por ali (ou quase porque não queria das na vista do um), pedia o isqueiro para acender o cigarro de maconha que fumava no caminho de volta de horas trabalhadas no aeroporto de Congonhas. 

Um, que vez por outra, tomava um café preto sentado na frente do estabelecimento, pernas ao léu. Também gostava de ver o movimento de gente passar pela sua calçada de mapas do Estado de São Paulo - luz sempre acesa fluorescente, porque ambiente claro e bem iluminado ficava mais seguro.

Via o outro como curioso ("e os gatos sabem muito bem o que acontece quando exageram na curiosidade", pensava) como poucos notando certo tremor nas mãos dele. Do um não! Afinal mãos precisas que poderiam ser de um oftalmologista eram o ganha-pão.

Antes das férias de julho o outro passou por lá a última vez, sem que ambos soubessem desta derradeira, e parou, pediu isqueiro e trocou um boa noite - como sempre fora. Passados alguns dias, o um, vendo o grande telejornal brasileiro vê a notícia de um brasileiro de São Paulo que fora morto quando visitava aquela terra conflagrada no Oriente Médio. 

Embasbaca-se. Ainda no estabelecimento, ele começou a fechar janelas para ir embora. O velho isqueiro no bico do corvo no gás jaz pendurado, agora quase sem serventia. As luzes foram apagadas e a fluorescência dos dias vários anteriores dormiu.

http://chemwiki.ucdavis.edu/Inorganic_Chemistry/Descriptive_Chemistry/p-Block_Elements/Group_18%3A_The_Noble_Gases

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

VIAGEM CCXXVI - ESPREGUIÇADEIRA

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esparramado,

espaçoso,

em uma 
es-
pre-
gui-
ça-
dei-
ra-,

exteriorizando 
ao mundo

(de dentro da sala)

tudo mesmo, da forma mais

estratégica e

espicaçando os

exames que dantes corroíam

igual ferrugem

o ferro que ele foi tangido;

à queimadura, 
à cicatriz,

para elas os

dedos do amado
ser, que, preguiçosamente

afaga,

beija,

emudece a garganta civilizadamente,
mas barbaramente,

enaltece o gutural 
vindo dos pulmões!

http://www.archiexpo.com/prod/david-trubridge-design/contemporary-lounge-chairs-wood-garden-indoor-63088-500996.html

sábado, 7 de fevereiro de 2015

17] CENÁRIO SP - DOMINÂNCIA

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No domínio da grande cidade (vasto domínio!), a demanda dele se direciona diretamente com o diletante amor; aquele meio distraído, disforme, detalhista e quem sabe... 

Às vezes duvidoso... Defender-se dos tratos de antes dominantes - $ em especial -, perceber-se-á que tudo é mesmo uma questão matemática, reduzida a números? Contas? Fórmulas finaceiras?

Quanta irracionalidade! 
São Paulo é muito mais que o concreto, avenidas, carros e shoppings; é mais do que tudo junto na cidade, é igual às vidas dos que aqui fizeram moradias - encarapitados nos prédios, ou onde quer que seja...)

(se aqui existem 12 milhões, então amor é presente pela mancha urbana paulistana - que grande idiotia dizer que o amor findou em São Paulo)

Dados e mais dados, tudo devidamente explicado, elaborado, desenhado cheio de gráficos que explicam algo que não se pode explicar, mas que tornar-se-á dispendioso caso seja seguido tal caminho.
Quais caminhos?
Explicações!
Mais explicações!
Explicar-se-ão aqueles dados citados supra? 

Não, ele nem sequer consegue realizar tal façanha sozinho. Por que?
Números, tão-somente números, algarismos inventados pelos árabes, donos de boa parte do petróleo; tem uma parte insana entre estes tais inventores!
Então, sob aquele domínio, como explicar o que racional não é?
Tampouco racional.
Apenas humano: improvável, incerto e desejoso ao mesmo tempo.

Rolando em dunas de areia fina da vida de décadas, feita igual a pó, ele se engasga com tanta racionalidade dominante. Vestindo nada em absoluto, descansa depois da queda de altura imaginável (porque muitos rolam por aí, imagina-se que para ele seja parecido). Ralado pelo corpo, dardo esfoliado duramente exigido e ele recuperando-se com a inércia que refaz seu fôlego. 

Vitória da vida, por suposto?
Pretor que é (portanto forte protetor de si), distrai a tal vida, confunde-a e refeito da altura que caiu, erguer-se-á igual dantes. Resiliência estratégica que medeia a simbiótica relação com metrópole-alfa que São Paulo se tornou, espraiada em grandeza. 
Vivência dominante reerguer-se: demanda atendida.

http://www.pbase.com/image/130726910