domingo, 30 de novembro de 2014

VIAGEM CCXVIII - ATÉ A BOCA: SÓ MÁGOA

Reprodução [endereço abaixo]
(uma conversa em uma mesa de um bar com som ambiente em um fim de tarde de uma sexta-feira em uma esquina qualquer de São Paulo, verão chuvoso; sem portos, sem marinheiros, mas a mudança está chegando)

--- O que ele quer, assim de tão urgente?
--- Deixar de ser só para misturar-se aos outros.
--- Quais outros? Sabe?
--- Não sei, mas duvido que queira muitos ou mais do que um pouco para debelar uma dor...
--- Dor!? ora, quem sempre se arrumou feito ele fazia quando conheci só pode...
--- Pode dar no que? em tristeza?
--- Exato! Quem mandou levar a vida assim, assim, deixando seriedade e compromisso de lado, fazendo da vida aventuras de marinheiro de guerra a namorar diferentes pelos portos?

--- O que você está falando? Ele mora em São Paulo, uns 60 km em linha reta do mar. Não fale o que não sabe.
--- São Paulo não é porto, mas é grande o bastante para ser um "marinheiro" nos meandros dos bairros daqui - e são muitos, e são grandes!
--- As pessoas têm, ou pelo menos devem ter, o direito de mudar de vida, de tentar algo diferente.
--- Moema, Santana, Centro, República, Mooca, Lapa, para citar os que eu recordo, agora, de cabeça. Antes de perguntar eu digo: bem feito para ele. Namorava diferentes em cada um destes lugares. Eu mesmo "represento" Santo Amaro.

--- Entendi sua conversa: despeito e mágoa - tudo misturado, que aliás, para mim, são sentimentos que correm em paralelo. Ainda mais em você que mudou tanto mas não crê que outras pessoas possam mudar.
--- Cansei de dar chances para ele.
--- Chega de chances! Pare com isto, se incomoda tanto.
--- Já parei. É que acho que esta conversa é coisa de labirinto maluco, sem Minotauro e sem fio de lã, ou seja, ele vai fracassar.
--- Mágoa hein! Que pote cheio de mágoas você verte.

http://pennycat.cgsociety.org/art/male-zbrush-face-maya-bust-photoshop-base-mesh-character-sculpting-figurative-3d-1200599

sábado, 29 de novembro de 2014

VIAGEM CCXVII - SUPERLATIVOS

incomensurável
desmesurado
desmedido
ilimitado

impressionante
espacial
descomunal
empolgante

interestelar
fantástico
eletrizante
expressivo - todos estes

em anos
meses
dias e
horas
e minutos

os segundos, que se seguem
zapeiam minha mente
e cada parte
desta carne que tu tocavas

com prazer 
com sofreguidão,
entranhados que estavam eles; 
a morte sobreveio e tudo acabou

(e eles também)

VIAGEM CCXVI - ROTAS A 2

Ir, junto, ir, separado, muito tempo, juntos...

São Paulo, Nova York, São Francisco, Las Vegas;
...
São Paulo, Buenos Aires, Luanda, Seicheles;
...
São Paulo, Bogotá, Cidade do México,
...
São Paulo, Los Angeles, Montreal
...
Lisboa, Porto, Dublin, Glasgow;
...
Londres, Amsterdã, Copenhague, Helsinque
...
Berlim, Praga, Bucareste;
...
Madri, Hamburgo, Atenas, Rodes
...
Nápoles, Milão, Marselha, Barcelona
...
Roma, Estocolmo, Viena, Florença
...
Paris, Telavive, Malta, Valência
...
São Paulo, Cidade do Cabo, Sidnei;
...
São Paulo, Santiago, Taiti;

a 2, nem sempre presente, mas sempre os 2

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

10] CENÁRIO SP - VERÃO NA PAREDE FRIA

Construções de todos os tipos e das mais antigas às mais novas em uma miríade de ruas e avenidas; tudo se espraiando causando uma mancha urbana não igualada em nenhuma outra neste país. Qual é a dele? Alta, térrea, sobrado, junto, separado?

Paredes há muito deixaram de ser seu castelo de vida separado do mundo impossibilitado de receber "visitas" de amor - as outras vistas da carne sempre foram e sempre serão permitidas.  Então, pelas frias paredes pintadas da cor gelo, com sancas e rodapés remetendo a um estilo em voga dos anos 1920 - como os quadros pendurados quase em suspenso - ele enfastiou-se de ser o eremita entre quase 12 milhões.

Porque? De quando em vez fica tentando arrumar uma resposta para este problema que se torna mais fácil quando fala às paredes, divagando, mentalizando

"Estou sem resposta...". Matutava em sua mente do porquê ser assim tão quedado à imutabilidade emocional e tanto a mutabilidade carnal. Parece um contraste com as frias construções (que ele gosta muito) e o que corre por dentro de seu corpo. E parece uma convergência com a sensação e a realidade paulistana na qual muitos ziguezagueiam pelas 24 horas do dia. "O ideal seria meu dia ter algumas horinhas a mais. Sobraria mais tempo para o calor e menos para as paredes frias - que são boas na hora de dormir encostado nela para resfriar o corpo no verão tropical na cidade subtropical, a capricorniana São Paulo".

Deita-se nu, vestindo o suor de novembro na parede que mostra a marca de seu corpo para melhor pensar: cidade grande, gente de monte, construções imponentes, modernas, carros pelo asfalto, sons, cheiros, cores,  mais gente ainda, sua solidão... Que não quer mais. Dormiu com a sensação de mesclar-se à parede fria, pelo calor, pelo físico: seu querer é outro, bem contraposto a este frio que acalenta o tórrido corpo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

VIAGEM CCXIV - QUERER PROTEÇÃO

um gorila;

um leão;

um tigre;

um lobo;

uma morsa;

um elefante-marinho;

um urso polar;

um rinoceronte;

uma anta; 

um avestruz;

um canguru;

uma harpia;

uma onça-pintada; e

um cachorro boxer;

todos eles no meu vasto quintal, terra e água, calor e frio!

sábado, 22 de novembro de 2014

VIAGEM CCXIII - SUORES E FAVORES

Reprodução [endereço abaixo]
Reentrâncias pelo terreno já por ele conhecido
roubando suores e favores
misturando línguas, dedos e pelos
e pelos corpos mais atenção, mais carinho, 
mais conhecimento

Simples como 2 + 2 = 4 para eles
sem floreios e sem medo
porque o mundo não vai mudar
e ele não venderá seu pensamento
sua ideologia, seu amor, sua vontade;
apenas vende o que pode vender e ganhar com isto
porque ele precisa, o trabalho
o dinheiro e um teto

Voltando à simplicidade de amar
nunca soube ao certo até que aparecesse
e demonstrasse a ele como se faz
e quando começou a fazer sentiu-se tão vivo
como se sempre tivera feito assim
de um amor de cúmplices, de amantes
e de amizade, tudo desabrido

Cavidades, protuberâncias,
buracos, por vezes aspereza,
e toda vez o amor e a vontade 
(porque hoje ele define sua vontade)
de estar ali e ficar junto
Pingando, escorrendo pelos poros...

http://blog.jonahkessel.com/2010/07/20/photo-illustration-creating-something-from-nothing/

terça-feira, 18 de novembro de 2014

09] CENÁRIO SP - NO CONCRETO, O SEXO

Reprodução [endereço abaixo]
Vários são os lugares que ele pode ir a qualquer dia da semana quando lhe apetece tenazmente - viroticamente melhor dizendo - com aquele estado febril de se requebrar em algum quadril nada desavisado: ele quase nunca avisa quando, sempre pergunta quanto paga (se for necessário desembolsar reais trabalhados), e também quase nunca se dói, se está bom e mais uma ou outra pergunta que não mata ninguém; mas que talvez judie.

Sim, o melhor dia para os tais excessos - assim vistos pelas suas vizinhas quase octogenárias, moradoras do apartamento em frente - é a quinta-feira à noite, já ao entardecer: assim que saí do trabalho igual a um inglês que nunca perde a hora, ele quer mesmo é se perder em deleites, devassidão e algum imoralismo qualquer que inventar na hora. 

Sob o concreto quente de um dia de sol saariano na metrópole alfa única e primeira do Brasil, ele se deita sobre sentindo o cheiro do concreto rugoso fumegando de calor e se requebra em cima do corpo "contratado". O suor que pinga depois de ter vencido a mata da sobrancelha, quase ruiva, espessa desaparece em segundos, o tempo de algumas estocadas mais. Claro, tudo com a segurança do látex comprado vindo da Holanda. 

"É a camisinha que me serve porque as outras apertam, sufocam", respondeu para a contratada quando este o perguntou do porquê de irem a três lugares até acharem os que cabem feito uma luva; às vezes um contratado também pode cair bem... No chão! Mesmo sendo mais cara, quase o dobro, ele sempre compra (e comprará) desta porque o livra de alergias e de possíveis rompimentos na hora de mais selvageria; porque de ternura ele se cansara havia alguns anos. São importadas o que traz segurança ao seu avesso do carinho: amor, compreensão, comprometimento ficaram todos no passado.

Segurança hoje é ver o suor fumegar pelo concreto, ralando os cotovelos na hora que abraça, por trás e pela frente, para satisfazer seu hoje sexo no concreto, pela noite, ali perto do Ibirapuera. De dia, ele frequenta os cemitérios, em horário de verão, primeiro para escolher o túmulo de cimento mais quente e mais áspero; depois, pela segunda vez, já acompanhado, deita e rola sobre o quente material de base de cimento e freneticamente, procura a vaga no quadril alheio.

"Será que o sal também se esvanece junto com a água no concreto?", pergunta a si, mesmo que nunca terá uma resposta.

http://crossfitrook.com/tag/workout/

terça-feira, 11 de novembro de 2014

08] CENÁRIO SP - COMIDA

De uns tempos para cá havia engordado uns 10 quilos - quer dizer, isto aconteceu em apenas sete semanas depois daquele estresses todo no trabalho - em decorrência de grande ansiedade e porque também é mesmo um bom garfo e gosta muito de tudo. O que é este tudo? Bem, vai desde a carne mais vermelha, passando pelas frituras, massas chegando aos vegetais e grãos e congêneres: também é amarrado em comida vegetariana, vegana, ovolactovegetariano.

Comida é com ele! "Comida é comigo mesmo, sem medo e sem dó!", afirma sempre quando alguém próximo diz a ele que pela idade dveria maneirar no apetite "porque você já passou dos 40 anos e o metabolismo muda e engordar é mais fácil e perder peso é mais difícil", disse o ex-namorado de muitos anos que o trocou por um destes fortões de academia que come de três em três horas, regradamente.

Morar na meca da gastronomia mundial (ok, ok, em uma delas) não é para os fracos, tampouco para os magros anoréxicos, modelos bulímicas e "todo este povo infeliz", reflete sempre diante de um grande montanhoso prato de arroz com feijão.
Com a variedade culinária/gastronômica em São Paulo em cada saída que realizava na hora do almoço é possível, para ele, experimentar vários diferentes ingredientes combinados e assim estar sempre em dia com a tal capital da "comida".

Cantinas na Mooca e na Bela Vista são seus lugares preferidos para comer fora de casa: descendente de italianos que é, a origem do interior da província da Campânia (região de Nápoles) de seus avós não nega. Ele nem quer negar mesmo: pizzas até mesmo na hora do almoço. Seu frugal (só pode ser piada) apetite por comida abrange todo e qualquer prato, do simples arroz com feijão aos mais exóticos. 

Seu único senão é comer carne de caça que seja de animal em extinção e nunca - "Jamais, em tempo algum", costuma dizer - comerá carne de cachorro e afins. Restaurantes coreanos e vietnamitas ele frequenta, mas como vegetais tão-somente. Porém, como foi escrito, ele é desprovido de luxo para degustar comida. Na verdade, ele não degusta, tampouco desgosta de degustar;mas ele gosta mais do que tudo de mastigar.

E ele adora comer. Em seu olhar, em seu pensamento e na dupla paladar/olfato - mais do que tudo sempre - percebe-se que assim deve ser. No andar ligeiro, desviando de obstáculos humanos, caminha pela hora do almoço com desenvoltura para um cara que, mesmo com seu 1,85m - já ronda os quase 100 quilos. Gordo? Por hora, com esta relação peso/altura, ele diz que está com um leve sobrepeso.

Delícias doces e salgadas; azedas e algumas amarga. O excesso de gostosura é sua marca, aliada às delícias logo do começo da frase. Faz razoável sucesso entre a espécie homo sapiens sapiens - uma dupla irresistível!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CARROS MAIS VENDIDOS ATÉ OUTUBRO

Lista dos carros mais vendidos nas 27 UFs do Brasil, de janeiro a outubro de 2014; a outra coluna refere-se ao último mês.




modelo
jan-out
outubro
marca
1
Gol
147.184
12.455
VW
2
Palio
145.386
16.622
Fiat
3
Strada
128.353
13.381
Fiat
4
Onix
118.399
13.590
GM
5
Uno
101.502
11.192
Fiat
6
Fiesta
96.325
5.891
Ford
7
HB20
96.169
10.603
Hyundai
8
Siena
90.076
8.221
Fiat
9
Fox/Cross 84.274
9.683
VW
10
Sandero
74.155
7.008
Renault
11
Prisma
71.168
8.342
GM
12
Saveiro
64.942
8.439
VW
13
Voyage
64.313
6.530
VW
14
Corolla
49.571
6.326
Toyota
15
Up
47.910
6.441
VW
16
Hb20S
46.388
5.673
Hyundai
17
Ecosport
45.106
4.523
Ford
18
Civic
44.486
4.038
Honda
19
S10
42.472
4.424
GM
20
Fit
40.604
5.372
Honda
21
Classic
40.497
3.865
GM
22
Duster
38.613
4.773
Renault
23
Logan
38.102
3.417
Renault
24
Cobalt
37.669
4.518
GM
25
Hilux
34.521
3.898
Toyota
26
Celta
33.851
4.218
GM
27
Etios H
30.670
4.016
Toyota
28
Spin
30.366
3.006
GM
29
Montana
29.795
4.306
GM
30
C3
24.279
2.071
Citroen
31
Etios Sd
22.021
2.937
Toyota
32
Punto
21.099
1.298
Fiat
33
Ka
20.369
9.603
Ford


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

07] CENÁRIO SP - NAS ALTURAS

De galho em galho não é a melhor expressão para hoje, para o que ele sente. Melhor de heliponto a heliponto! Porque morar em São Paulo... Os galhos não condizem - exatamente - com a verdade nua em pelo e aqui existem mais helicópteros do que em qualquer outro lugar do Brasil, da América Latina e de muitas outras metrópoles do 1º mundo "civilizado" e do X mundo "incivilizado". Falando em galhos, ele poderia - se el gostasse e quisesse - pular de um parque para o outro, indo a extremos da urbe que ele desconhece até agora.

Melhor então pular de um para o outro, sem quebrar nenhum, porque de macaco gordo ele passa longe, bem longe. Nem tantos pelos ele tem assim, muito menos o rabo que os símios parentes têm; tampouco as bochechas de orangotango. "Um gorila... Forte e terno, protetor e assertivo, até que seria bom. Mas sem o quebra-galho de quebrar galhos".

Dos mais altos lugares da cidade para observar todo embaixo com olhos perscrutadores, pelas alturas, para matar todo aquele ressentimento recém adquirido de uns tempos para cá. Sem esta de homem-aranha, sem esta de teia grudenta (o tal aracnídeo está fora de sua lista de bichos mais afetivos), sem esta de Batman a ficar pendurado pelo cinto de 1001 utilidades - apenas dependurar-se pelas beiradas, como ele gosta.

Porque ele mesmo vai pular do COPAN para o Edifício Itália, Banespa, Conde Matarazzo, Hotel Hilton, Mirante do Vale, Berrini e em quaisquer outros que se construíram estas pistas de pouco para os mais ricos e poderosos políticos e/ou empresários.
tomar o ar frio, ouvir quase sem sonoridade o barulhos das ruas, sem sirenes, sem buzina, apenas vendo as formigas humanas paulistanas "no seu tanto o que fazer".

Poder, então, estar onde bem quisesse nas alturas da metrópole-alfa do Brasil, fazendo como melhor lhe aprouvesse, seguindo seus instintos e dispondo do tempo para se distrair dele, lá nas alturas. Uma rendição à coragem, entregar-se mais perto do azul... Só para olhar para baixo e se distanciar do resto.