quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

VIAGEM CV - UM PASSO ATRÁS

Reprodução [sítio abaixo]

Um, dois ou até mais passos
atrás (e observar é o que resta),
porque quem está na frente, só olha para si mesmo
e para sua vontade e anseios
que resultam no grande poder do "eu.

Lá trás, que podem ser três, quatro passos
atrás; ele cansou
de querer ficar ao lado e do narcisismo de
quem está na frente.
Percebe por tentar alcançar com pernas rápidas

quem só conta mesmo com ele mesmo, sem
que permita alguém ao lado.
Porque é este lado a lado que faz toda
a diferença - ser iguais no desejo, no amor mais do que tudo, de que todos.
ele parou de seguir, de tentar e concentrar-se-á, então, 

para caminhar junto com valha toda a história de dor
de prazer, e de prazer de estar junto, e de prazer de querer estar junto,
de viver um ao outro, pelo outro. 
Pela amor de conversar, ouvir, mudar de opinião, fazer mudar e
pela paz que traz todo dia mesmo em meio a guerras

que talvez nem todas dele...
(a paz de saber do amor, de saber amar e amado ser)
Tudo ali vale o lado a lado, vencendo o vento de frente, 
vencendo a resistência que quase derruba.
Um passo à frente ele fará.

http://www.visualphotos.com/image/1x9063721/man_leaving_oil_footprints

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

VIAGEM CIV - VICIADOS E MENTIRAS

Reprodução [sítio abaixo]
"Viciados são sempre iguais. Julgam-se tão espertos e descolados e são os mais idiotas que se pode haver neste viciado mundo de intoxicações mil. Por que são os mais fáceis? Primeiro porque mentem descaradamente e sempre, achando que os outros engolem goela abaixo o que eles inventam. 

E mentem porque alguns creem mesmo nas tais mentiras que, de tão sinceras, soam como verdades absolutas. Mas é tudo uma mentirada sem tamanho. Arrisco a dizer que a maioria mesmo toma tudo o que foi dito por eles - os viciados - como a verdade transparente. Para mim não! Eu gosto mesmo é quando eles mentem na minha cara, sem vergonha alguma, explicando, dando detalhes, sugerindo lugares, horários, pessoas... Tudo para compor 100% aquilo que debaixo da minha barba de 5 dias eles jamais lograram êxito. É muita cara-de-pau".

Alguns exageram nos maneirismos, falam sem parar, olhos que não se fixam nos dos seus interlocutores e contam mentira em cima de outra mentira. Estes estão no primeiro degrau dos mentirosos, o degrau mais baixo; o desarme da mentira é tão simples que nem me dá muito prazer. 

Depois, vem aqueles contidos, que falam baixo e que te olham nos olhos - estão um patamar acima - e que também contam apenas mentiras. 
São mais racionais e sabem que nem todo mundo é passível de ser logrado, porém, também são pegos exatamente pela contenção dos gestos: muita racionalidade e frieza.... Tsc tsc tsc... Transparecem a mentira também, ainda que demorem mais um pouco quando estão tentando enganar. 

E por fim, existem aqueles mentirosos com razoável ('algum', melhor dizendo né?) grau de inteligência: falam com você ao mesmo tempo contidos e logo em seguida exageram nos gestos, olham nos olhos e partem para contar a mentirada toda vinda de uma verdade. Então, estes desenvolveram uma arguta capacidade de ler as reações do interlocutor e parecem tornar-se os donos da verdade. Sim, estes são os menos fáceis de eu pegar. O que significa que tenho apenas um pouco mais de trabalho. Todos eles acabam no meu alvo, que é certeiro de maneira chata e previsível!

Eu os deixo seguirem mentindo na hora. Para todos os níveis de mentirosos, deixo crerem que estou sendo convencido porque é muito mais divertido, chego até me distrair vendo toa a atuação de tormento ditada tão-somente pelo vício em qualquer coisa. No final, explicar que 'todo viciado como você é um imbecil. Você é burro', não tem preço não!".


A captura de tais homens e/ou mulheres se traduz em uma diversão maior do que qualquer outro grupo. Ele ri muito quando se depara com um deles, principalmente com aqueles que estão no primeiro degrau dos mentirosos. A estes, coitados, ele ri até com escárnio de deboche. A diversão é maior, apenas isto. Porque todos os grupos nos quais a sociedade se dividiu - para o bem e para o mal - tem o seu valor em ser pego e então, fazer o mundo melhor. 

Por exemplo, quando descobre o porquê de X pessoa ser alvo, as sensações são variadas, passando da diversão - no caso dos descritos acima - ao alívio quando se depara com prepotentes e violentos, ou ainda de rapidez em realizar quando identifica os esnobes e poderosos (ele sempre teve nítido para ele que poderosos não se traduzem tão-somente nos endinheirados), que abarcam qualquer um que tenha poder sobre o outro e que o exerça de forma a humilhar. Neste grupo, o mais numeroso, é o mais volátil e disperso - afinal, qualquer um pode se encaixar.


É que quando um mentiroso, inadvertidamente, aparecia em seu caminho, a diversão tornava-se certa, seu humor melhorava sobremaneira. Ele até se permitia ouvir mais, demorava-se um tantinho a mais com a X pessoa. E o riso, também era mais.

http://www.thefix.com/content/pretty-little-liars6200?page=all

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

459 ANOS DO MEU AMOR

Reprodução, São Paulo vista do céu [sítio abaixo]
O que vale mais neste mundo? Qualidade ou quantidade?
Números ou pessoas? O que os números representam ou o que as pessoas fazem e são?
Nesta grande urbe em que vivemos, com números tão expressivos - para o bem e para o mal - pode-se levar em conta que o que conta são as quantidades:
PIB - São Paulo detém cerca de 12% de tudo o que o Brasil produz (algo ao redor de incríveis R$ 445 bilhões);
População - a maior do Novo Mundo, com 11,2 milhões de habitantes (não tem para Nova York, nem para a Cidade do México e deixa Buenos Aires lá trás);
É a capital financeira da América Latina e do Hemisfério Sul.
Pronto, três exemplos - e dos bons - que mostram a força da cidade diante do país, do subcontinente e porque não, diante de todo o planeta? Mas os números podem soar arrogantes e presunçosos. Não é a intenção.
E claro, há também os 459 anos que a capital-síntese comemora hoje, 25 de janeiro, desde o distante 1554, quando padres jesuítas, no Planalto de Piratininga, edificaram a primeira construção do que viria a ser o que São Paulo é hoje e será amanhã.

Mas... Eu prefiro gente. Eu prefiro as pessoas buscando, encontrando, rindo, chorando, amando, que morrem de amor pelas esquinas e avenidas... Eu prefiro a diversidade paulistana com pessoas indo e vindo - discretas ou não, elegantes ou não - em um verdadeiro ziguezague de um formigueiro humano que não para de trabalhar um dia sequer, que não para de trabalhar uma hora sequer. Assim é minha cidade que adotei e que por ela fui adotado.
Falar que São Paulo "amanhece trabalhando" - o que é uma verdade - resvala no óbvio. A cidade é muito mais do que isto: São Paulo é as pessoas que aqui habitam, que vieram de longe, como coreanos, chineses e japoneses. Ou que vieram do outro lado do Atlântico como italianos, portugueses, espanhóis, libaneses, sírios e os africanos. Vieram também de dentro do Brasil, de gaúchos a amazonenses, passando por pernambucanos. Vieram de outras capitais e do interior do Estado de São Paulo. Todos se juntaram aos paulistanos nascidos e formaram este mosaico diverso (se me permitem o pleonasmo) que surpreende quem por aqui resolve passar: seja a trabalho ou para diversão.
São Paulo é a cidade que possibilita contacto com diferentes culturas e suas especificidades inerentes, todas ao mesmo tempo e agora.

E não é só de onde as pessoas vieram, suas origens. É mais: é o que elas são, o que fazem e como se relacionam. Misturam-se por aqui negros, orientais, indígenas e brancos; misturam-se aqui todas as orientações sexuais; todos os ritmos e todas as comidas. Homens e mulheres, crianças, jovens e velhos. Trabalhadores engravatados formais dos Jardins e da Vila Nova Conceição e trabalhadores informais da 25 de Março e do Brás. Eles sim edificam a cidade mais do que qualquer das inúmeras construções imponentes e modernas que a cidade possui.
A diversidade de São Paulo é o mundo. Está contida nos diferentes lugares que fazem a macha urbana paulistana ser vista por satélites que fotografam milimetricamente lá do alto.
Pode ser no Bixiga, na Vila Mariana, no Jaguaré, ou ainda na República, em Santo Amaro, na Cantareira, no Tatuapé, no Jaçanã... Cada bairro é uno e singular.

Tenho uma paixão desabrida pela cidade que salta aos olhos de quem me conhece. Eu mesmo que vim de Piracicaba, incorporei algumas características de um habitante de uma grande cidade passados mais de 10 anos morando aqui. E claro, trouxe algumas típicas do pessoal do interior, do caipira paulista. Aí está um ponto de diversidade: porque ao mesmo tempo que São Paulo acolhe, abriga e molda, ela é generosa e adquire tudo o que os forasteiros trazem na bagagem, como se fosse um grande movimento antropofágico "andradeano" que se espraia pelas artérias "Paulistas" de asfalto e sobe pelos "Copans" da grande cidade.
Uma metrópole marcada pela diversidade é de um jeito assim: toma conta e se deixa levar. Ama e é amada. Abraça e é abraçada.

http://www.imagekind.com/Sao-Paulo-Brazil--Satellite-Image-art?IMID=814da174-4ce7-447e-9c1b-d8bd0b3bee0d

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

63 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - UM DIA ANTES/UM DIA DEPOIS

Reprodução [sítio abaixo]
Do aniversário. De completar mais um ano.
Um dia antes é o dia da expectativa, é o melhor dia de todos os 365 (não que valha hoje a receita... Valia, mas agora não é o melhor, nem o pior; apenas esperado).
Um dia depois é o dia da ressaca cronológica, talvez o pior dia dentre os 365 (este ainda vale como sendo o pior de todos).

Quando fez 18, 19, 20 anos e até seus 30, 35 anos, o mês anterior já se tornava um período de grande ansiedade e de grande expectativa pelo que viria no grande dia. Sim, porque o dia - o durante - ainda quedava-se como o dia mais importante dos 365 dias, ou 366, que completam o ano. Na semana anterior, a festa já estava programada com os amigos, já avisados. Normalmente, realizava-se na sexta ou no sábado, quando  grande data - o durante - no calendário, caía em dias da semana. Recorda-se que teve uma exceção, quando fez 28, e a festa foi um almoço-churrasco em um domingo; estendeu-se até quase à 1h da segunda-feira. 

Agora, entre os 40 e os 50, alcançado a segurança financeira e profissional. o dia anterior é ainda um dia de expectativa, mas não de ansiedade; fica por conta que não há muita gente que vá se lembrar, talvez um o outro ligue, o que ele duvida. Então, chegando perto do dia - que já não é mais o grande dia, como fora durante mais de 30 anos - ele procura pensar em outras coisas que lhe ocupem a mente de um quase senhor de 50, ainda que alguns falem que ele mal chegou nos 40. Vai fazer 46 anos em 2013.
 
Ano retrasado fizeram uma festa-surpresa no fim do expediente; bolo, 'parabéns pra você', refrigerante meio quente, copo plástico (ele detesta), brigadeiro, canudinhos doces e salgadinhos. Gente do andar de cima, do andar de baixo, seu futuro chefe - hoje é o presente chefe, único -, secretários e um monte de mortos de fome para comer tudo aquilo. Ele, quando levado a reunião de mentirinha e abriu a sala, quedou-se embasbacado e quase inerte como um urso polar no Ártico, não se mexeu, por segundos. Quando a editora-adjunta lhe pôs um chapéu (de criança) em sua cabeça e o elástico rompeu-se, ele saiu da catatonia e mergulhou então na festa. Foi um esforço que teve que se forçar para disfarçar o que seu pensamento tinha e que a cara não podia transparecer. Ele o fez com maestria digna de Beethoven. Aprenderam que não devem fazer mais festas como estas.

Quando o dia passa, ele percebe que um tempo que já foi... E foi para onde? A ressaca moral passa longe do fato de ficar um ano mais velho - isto não é, nem nunca foi problema para ser tratado com psiquiatra algum - e sim pelo fato de toda a expectativa ir embora, acabar, murchar e nada ocupar tal espaço. Passados dois dias, tudo vota ao normal, como sempre é para ele.
No dia anterior, faltando pouco para terminar o dia, o telefone interno toca, pela enésima vez. Seu secretário substituto avisa que há um homem que o espera na sala de entrada, no primeiro andar.

--- O nome Eduardo! Você perguntou? 
--- Maximiano. 
--- Ok, fala para ele aguardar uns 10 minutos que eu o encontro lá embaixo.
--- Nome de imperador romano, né, chefe? Porque não é tão comum hoje em dia.
Ele ri com certa surpresa e deboche.
--- É subalterno, do final do século III ao começo do século IV. Diga para ele esperar e manda servir um café e água enquanto isto. Não demoro.

Sem se apressar, ele junta suas coisas, pega o telefone, desliga os dois computadores, a TV só com a imagem, fecha gavetas trancando todas, a janela que tem uma vista linda, a porta do banheiro e sai.
No elevador encontra gente de vários andares. Um deles comenta sobre o aniversário que está próximo porque vira na lista exposta em todos os andares. Ele assente com a cabeça. E distrai-se no instante seguinte da conversa dos outros durante a longa viagem ao térreo com paradas múltiplas.

"Porque será que o Maximiano veio hoje aqui? Esteve na semana passada duas vezes e ficou com uma conversa mole, porque parecia que queria dizer alguma coisa, mas não dizia... Estranho. Este é ele, sempre falador, mas com muita cautela com o que fala, ele escolhe o que fala e, pelo visto, para quem fala. 'Maximiano'. Nunca pensei, aliás, porque ele tem este nome e se ele sabe quem foi e o porquê de terem dado a ele... Vou perguntar".


http://store.tidbitstrinkets.com/blog/?tag=cake

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

VIAGEM CIII - VOZ ROUCA E MANSA

Reprodução, site abaixo

Ele prefere a voz rouca, de gente com a fala mansa e
que olha nos olhos, em olhos castanhos ainda mais...
Das dores que já passou, a intensidade de todas elas
não é maior do que aquela voz mansa, aquela voz rouca falando seu nome e
apoiando no desabamento de energia, na descontrução da fé, na
tristeza de coração...

Ele gosta dos gemidos a 2 e os longos silêncios entre
1 par que recostados juntos veem o que a TV mostra e 
riem junto de palavras ditas juntas, riem um do outro, de mãos entrelaçadas.
Gosta das músicas, gosta das comidas, de saber o que cada um gosta
e gosta das andanças pelos caminhos que percorrem,
sem parar, e para criar vínculos de sentimentos.

Tempo de frio, tempo de calor e o tempo de ficarem juntos
anda junto a eles, fazendo combinação para não ir embora sem
que tudo se esclareça... Porque, às vezes, existem contradições e
contratempos. Mas é só. 
A conversa é mansa, é de paz e é de amor. É de suspiro,
é de toque e é de junção.

Simples como 2 + 2 = 4, fazem-se necessários um ao outro, sem
terem pensado em combinar tal conta.
De liberdade sozinho, ele cansou-se. Quer ter liberdade para
acompanhar o amor de verdade, aquele que se torna manso, 
trazendo vida à sua vida de desamores, que, agora
é passado distante, com vaga e remota lembrança.

Em uma noite de escuridão, de breu de meter medo, de
pesadelos infindáveis de perseguição, de morte, basta
ouvir a respiração ao lado da cama em desalinho e o 
sono vem embalado na segurança de amar.
Por que? Ele prefere aquela voz rouca, a mansidão da fala e os
olhos diretos nos dele.

http://www.zazzle.com.br/maos_entrelacadas_poster-228529744557574107

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

VIAGEM CII - ANÔNIMO CONTA COMO MATOU

Reprodução [sítio abaixo]
Paulistano de nascimento, nunca pensara em morar em outra cidade do Brasil que não fosse São Paulo. Por aqui, havia liberdade para ele realizar o que lhe era interessante e tudo o que a cidade própria carecia; e ele se dispusera a ajudar. Milhões e milhões que fazem de qualquer um deles um anônimo, mesmo àqueles que desejam sair do anonimato com investidas no meio artísticos, social, dos grandes empreendimentos e do mundo do crime. Nem pior, nem melhor do que outras cidades Brasil afora ou mundo afora. 

Ele mesmo prezava, preservava e desfrutava do anonimato que só São Paulo podia lhe dar em meio ao mar bravio de gente que aqui nasceu e aportou; pessoas vieram de todos os lugares, misturando-se e criando tipos diferenciados. Dele podia-se dizer de um tipo comum: moreno claro, altura boa, corpo normal tendendo a ficar parrudo, entradas fortes e francas no cabelo castanho de alguns fios grisalhos, barba cerrada como arame, olhos castanhos, "il naso veramente italiano", modo de se vestir usual, dirigindo um carro comuníssimo; tudo isto com cara de quem se parecia com um vizinho ou parente que fosse. Qualquer um de nós podia tê-lo perto.

Mesmo com a nova investida na câmera de fabricação chinesa em uma investidura "meia-boca" no mundo dos vídeos e gravações, ele não se deixava sobrepujar pela natural tentação de se tornar famoso, custo que fosse. Preferia continuar tudo como sempre fora. Mas que encantado ficara pelo novo aparelho saltava aos olhos; nem desmontava mais todo o circo armado na garagem úmida do velho sobrado comprado por esforço próprio: ele só trocava de dvd e fazia um vídeo atrás do outro.

"Estou devendo contar como comecei meu trabalho extra nas horas vagas... Sim, eu sei! Fiquei de contar várias vezes já e sempre dou uma desculpa? Ah, nem é assim vai. Como? Não quero contar? Claro que quero e as desculpas eu dei mesmo porque só queroa criar mais curiosidade e além do que, da primeira vez, a luz acabou, recorda? Chovia feito balde por toda a região metropolitana. Não entendi, repete! Hã? Para, eu vou contar sim! Só rindo mesmo... Eu to aqui, sentado no banquinho alto, em frente à parede nua azul-clara, do lado do meu semi-novo sedã de velho com a boca sentindo o gosto do tablete de chocolate que acabei de comer. Olha, ainda tenho chocolate nos dentes. Hahaha. Cigarro queimando aqui no cinzeiro, copo de conhaque na estante. Ok! Não vou mais demorar, calma! Você quer desde quando eu percebi que teria que fazer alguma coisa? Porque isto aconteceu, esta sacada, na minha adolescência. Acho que eu tinha uns 15 anos. Não? Ah, quer saber como aconteceu da primeira vez sem o porquê do passado? Está bom, acho que fica meio desconexo, porém, se assim deseja...

Mais uma grande tempestade se aproximava com rapidez e a luz começou a falhar por todo o quarteirão. Sem sentir-se intimidado, manteve-se firme em contar o início de seu ótimo trabalho de quase todo dia. Como um ator de teatro que atua em uma peça, que com bom público sempre está em cartaz, ele não se distraiu e apenas atormentado como que era (e todos somos) postou a voz e deu início ao espetáculo.

"Serei o mais breve possivel, ou o melhor que eu conseguir, ok? Um gole antes para molhar a garganta. Pronto. A garrafa onde está? Já vi, fiquem tranquilos. Bem, iniciando. Faz alguns anos já, para ser exato, faz 23 anos que eu me mantenho concentrado naquilo que eu faço.No dia, eu acordei decidido a fazer o que pensava. foi uma atitude merecedora de um prêmio, mas não ligo para prêmios. Tinha recém comprado meu primeiro carro, a álcool, e na madrugada de uma terça-feira, passeei por uns 30 minutos aqui pelo bairro mesmo. De repente, eu estava indo sentido Santos, ali na avenida Ricardo Jafet. Vi um assalto na esquina onde eu parara o carro por causa do farol... Não lembro se já havia farol de três tempos, mas acho que sim. estou falando isto, porque demorou e eu pude ver tudo. O cara, o que seria um mano nos dias de hoje entra em luta corporal com o engravatado. Este, um brasileiro de cor de europeu, revida e muda o jogo e começa a desferia chutes e pontapés no brasileiro cor de brasileiro. Não tive dúvidas. Parei  o carro e a sanha carcomia meu corpo (vale dizer que hoje eu estou mais controlado da sanha. Sim, o prazer só aumenta, mas hoje eu sei que preciso fazer porque eu gosto de fazer. Àquela época eu só gostava). Bem, encostei o carro e fui falar com eles. O executivo mandou eu não me meter e me fuder, e o bandido, já quase se levantando, pedia ajuda. Não tive dúvida: quebrei o pescoço do bacana quando eu fiquei atrás dele: uma gravata no engravatado e ouvi o osso do pescoço se quebrando fácil, fácil... Depois fui pesquisar e acho que quebrei a vértebra C3. Só uma caótica tentativa de se desvencilhar e ele jazeu inerte no chão sem gritos, sem sangue, e então, caiu como uma jaca podre. O outro, assustado, e rápido correu em direção ao meu carro, abriu a porta do passageiro. 'Ah,vai me roubar, seu filho de uma puta?!', eu disse para ele. Quando entrei no carro, ele tentou sair. Ah, não teve jeito, nem titubeei um segundo. Peguei pela garganta, com os dedos afundando nela e apertei até ele começar a ficar roxo, olhos esbugalhados. Acabou, foi assim".

Para não descombinar com os outros dias, à noite, a luz acabou depois de um grande raio caído ali por perto. Satisfeito com o desempenho de hoje em contar como acontecera a primeira vez, ele subiu as escadas e deitou-se sem o banho da noite e pegou no sono tão rápido que nem teve tempo de ouvir o próximo trovão, seguido pelo óbvio raio. 

http://www.getthefive.com/articles/the-in-crowd/small-cities-are-enough-for-many-millennials/

PIB DAS CIDADES, OBSERVAÇÕES

Ainda vasculhando os números do PIB divulgados no confuso sítio do IBGE (pelo passar dos anos, a confusão vai se perpetrar), o maior estado com participação - ainda que tenha perdido 0,4% de 2009 para 2010 - na riqueza do país é São Paulo, chegando a 33,1%.
O PIB é dividido em 4 setores: agropecuária, indústria, serviços e impostos, segundo a classificação do instituto; para se chegar ao resultado final, soma-se os quatro setores em seus sub-totais de cada um dos 5.564 municípios, mais Brasília (DF), unidade que possui status diferenciado. 
O PIB do Brasil calculado em 2010 foi de R$ 3,770 trilhões, agrupados a seguir por setor expressos em bilhões e em %:

Agropecuária
171.177.391
4,54
Indústria
905.852.191
24,03
Serviços
2.150.151.084
57,03
Impostos
542.904.204
14,40

O município de São Paulo com um valor de R$ 443,6 bilhões representa 35,61% sobre o total do Estado de São Paulo (R$ 1,247 trilhão) e 11,77% do total do Brasil. Analisando por cada um dos quatro setores da economia, a capital paulista representa, em números percentuais:

A- 0,011
I- 8,183
S- 13,485
Im- 14,644

O Rio de Janeiro com PIB total de R$ 190,2 bilhões vem a seguir com 5,05%, menos da metade do valor paulistano; depois aparecem Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, na ordem.
Analisando os números, com o 'auxílio luxuoso' também do SEADE, pelo Brasil de norte a sul e de leste a oeste, encontramos cifras das mais representativas nos milhares de unidades administrativas em que somos divididos - do Oiapoque ao Chuí. Um exemplo é quando verificamos os municípios com PIB superior a R$ 1 bilhão. São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul encabeçam as primeiras posições.


 >1bi

 >2bi

 >3bi

 >5bi
SP 124
SP 81
SP 61
SP 38
MG 57
MG 24
RJ 20
RJ 13
RS 43
RJ 24
MG 17
MG 10
RJ 37
RS 21
RS 14
PR 9
PR 27
PR 14
PR 10
RS 7
Out 150
Out 90
Out 63
Out 34
T 438
T 254
T 185
T 111

Valem ressaltar com relação às tabelas acima, Santa Catarina com 26, 13, 9 e 5 ainda na "fictícia" região Centro-Sul do Brasil, e a Bahia, primeiro estado do Nordeste em PIB e população, com 20, 13, 8 e 4 respectivamente. 

Na alto da lista, há a tabela com os valores da soma das riquezas que superam a marca dos R$ 10 bilhões. Paraíba, Sergipe, Rondônia, Amapá, Tocantins, Roraima e Acre estão fora deste seleto grupo.

>10bi
SP 15

RJ 7
MG 4
PR 3
RS 3
Out 20
T 52

Menções à Bahia, ao Espírito Santo, ao Pará, a Goiás e a Santa Catarina todos com 2 municípios que superam a cifra da tabela anterior. As demais unidades da Federação possuem apenas as capitais que produziram mais que o valor citado, exceção às mencionadas logo acima; Brasília com PIB de R$ 149,9 bilhões é o 3º maior na lista dos 5.565, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro, cravando 3,97% do total do país.
 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

VIAGEM CI - PULAR O MURO

Reprodução [sítio abaixo]

Em um pulo, o homem resolveu bater de frente
bateu com tudo e com todos, como uma animação de verdade;
e porque? 
para quem ainda não enxerga,
nega e ainda
tenta destruir a única
realidade possível enquanto
estivermos habitanto o pequeno 
planeta desta galáxia, é
bem difícil e tortuoso;
e seguem - aqueles que tapam os olhos - 
obscurecidos porque desejam que assim seja.

Porque bateu de frente e resolveu naquele pulo do gato 
de 7 vidas fazer a diferença - a única diferença - para
tratar de viver melhor como
merece, como divinizado pelo filho do Mestre.
Bem que todos queriam-no detido... E ele permitia tal
interdição sem ao menos demonstrar
uma luta tênue.
Um dia, quando o pulo lhe veio à mente
comandaram as rijas pernas cabeludas, nuas,
tesas, ele pulou
e foi correr depois do obstáculo
para operar a grande mudança

Que tornar-se-ia sua única possível:
felicidade, corpo, amor, ideias e prazeres.
Assim fez meio cambaleante no rigor físico que tudo demandava
sem que escurecesse o vigor
do coração em anseios e vontades
que de tão tristes que eram,
viram-se como a grande e nova redenção:
ele mesmo pode salvá-lo das maquinações,
das engrenagens,
dos bastiões morais em falso que são.
Ainda corre e de tão bem que corre, a felicidade o acompanha, 
nada usual para os que nem sequer olham do lado de lá do muro para pular.

http://www.11secondclub.com/forum/viewtopic.php?id=7032

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

VIAGEM C - A LUPA E O MANUAL CHINGLING

Reprodução [sítio abaixo]
Duro era ele aguentar ele próprio depois da aquisição da câmera moderna que comprara em uma revendedora autorizada, porque de chingling ele fartava-se a todo momento só de se mencionar qualquer palavra idioma gutural. Um ar evasivo compôs a compra pelo cartão de débito, porque parcelar ou crédito no futuro não lhes atraía em nada. 

"Eles querem mesmo se espalhar com tentáculos pelo mundo e dominar este mundo com suas técnicas de surrupiar ideias alheias, barateá-las ao custo de vidas por lá, que vale o mesmo que as execuções praticadas pelo partido comunista-maoísta, o infeliz contumaz que só vendo. Comunistas sem carácter que se assumiram capitalistas, tão vorazes como os daqui. Penso nas dezenas de milhões de camponeses desnutridos, sem-terra e tangidos com a foice o martelo. Que infortúnio! Porque devem mesmo ser infelizes ao ponto de ter que sair de lá, praticar espionagem, imitar e ainda nem aprender nada da cultura do país 'invadido' e cobrar o preço que praticam. Estes se perfilam ao lado dos 'bonzinhos' daqui que fazem o mesmo eficazmente. Comprei minha importada de lá, mas é original de fábrica, direto de Changai 2 vezes maior que São Paulo. Nem contrabandeada foi pela Ponte da Amizade Brasil-Paraguai. E o vendedor, chinês, me atendeu tão bem com uma educação que eu não experimentava havia tempos sem fim Fiz questão de procurar o gerente e elogiar o trabalho do vendedor para ele".

Incontestável tornara-se seu apreço em aprender as técnicas de domínio de câmera. Lia com avidez tudo sobre o assunto para que se fizesse melhor quando fosse aparecer nas gravações. Como comprara com tripé, facilitou-se para que ele gravasse como se fosse depoimento. O manual veio em português - uma surpresa - além do inglês e chinês mandarim, de com letras miúdas que o obrigaram a descer à loja de armarinhos e comprar uma lupa. Deve ser a vista cansada que acomete alguns que já enxergaram por tempos.
Quase um pequeno livro, o manual continha informações detalhadas, precisas nem por isto ele demorou-se menos do que o normal. Atrapalhava-se com os tais manuais de instrução desde que recebera quando criança aqueles jogos de montar "junte a peça A à B de cima para baixo e encaixe ambas em D, tendo antes colocado C ao lado de E". Confuso, ele fumava, tomava café e comia chocolate lendo com lupa o manual e um lápis na mão, tudo isto na garagem.

Bem, isto foi da primeira vez, porque se atrapalhado é característica primeira, a seguir vem o afinco em aprender e desenvolver todo o trabalho de ator(mentado) em frente à nova aquisição. Agora, dominando as técnicas, ele se enchai todo de orgulho por estar em seu papel favorito. 

"Eu mesmo, este é meu papel favorito. Ganho prêmios a toda hora só por eu ser assim, deste jeito assim, que livra o mundo de tudo o que é prepotente, fútil e outros adjetivos. Quem escreveu o roteiro? Que pergunta mais idiota e supérflua! o roteiro, direção, falas tudo eu que tornei real. Verdade, não estoou mentindo não. Porque a lupa? Nossa, tive dificuldade em ler esta porra de manual de letrinhas que mais parece aquele pega-trouxa em contratos elaborados por imobiliárias, nobres causídicos e congêneres. Também estão na lista de feitos realizados e a serem feitos, eles se proliferam... Ok, entendi, não devo tergiversar. Comprei o objeto aqui perto de casa e em posse ods óculos e da lupa, até em inglês eu consegui ler de passagem, mas o que me salvou de ter me comprado a câmera mês passado foi o manual vir em português. E com a lupa ninguém vai descobrir nada. Não entendeu? Refiro-me que nem mesmo o mais exemplar exercício de me rastrear não surtirá efeito, podem procurar até mesmo com esta grande lupa digital".

Finalizou, para que também não se esquecesse, que da próxima gravação contaria sobre o primeiro trabalho que fez, muitos anos atrás, com todos os detalhes que seriam possíves de serem recordados. O que pode ser adiantado livremente foi que fez de maneira rápida, uma escolha rápida e uma volta rápida para achar quem mereceu iniciar a série de 'melhorar o mundo'.

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domingo, 13 de janeiro de 2013

VIAGEM XCIX - TORNAR-SE UM ATOR(MENTADO)

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Poderia ele vir a ser um grande ator, em algum momento do futuro, ou ainda, ter sido, inadvertidamente, um ator no passado. Se fosse no futuro, dignar-se-ia a academia a indicá-lo ao oscar de melhor ator - o principal, nada de coadjuvante; no passado, viveria sobre os louros imperiais de receber, da mesma academia, um Oscar pelo "conjunto" da obra realizada ao longo de idade, já chegando à média idade. Ria e ria sem parar pensando na possibilidade de vestir um smoking de bom corte e caimento indefectível para receber a estatueta e proferir algumas palavras de um discurso (falso) modesto, com agradecimentos a somente ele mesmo. Quem sabe, mencionaria o incentivo recebido de gratidão do mundo por livrá-lo de alguns - frente à câmera de garagem - de seus piores pesadelos e de maneira rápida e rasteira.

Descendo os degraus na manhã de sol em São Paulo, os barulhos decorrentes matinais logo cedo já se faziam escutar: cachorros, motores e as vozes. 
Na garagem, recendendo a sarro de cigarro em um ambiente frio para a época, todas as janelas quedaram-se fechadas durante a madrugada. Tudo intacto, montado com maestria e boa vontade perfeccionista.
Mastingando o último naco de pão torrado e com um café na mão, vestindo uma calça de moletom e chinelos, procurou o tablete de chocolate comprado da anterior saída às ruas. Procura pelas estantes estranhamente limpas e sem mofo de qualquer espécie e nada; abriu o carro, vasculhou por todo o chão, embaixo do banco e nada de novo.
Antes de controlar-se, bufou algumas vezes; atingido o auto-controle, resolveu posar de ator(mentado) mais esta vez e posiciona a câmera gravando os papéis laminados amassados de chocolates comidos ontem. Para um novo depoimento sobre... Foi uma decisão tomada em um átimo. 

"Sendo assim, traído e atormentado logo de manhã, o remédio é sair e comprar um novo estoque de chocolate para a semana.Nao entendeu a traição? Sem chocolate, esta é a máxima traição! Desacredita? Só rindo mesmo! Vou ser mais generoso, sem medo e sem dó. O carro está, como sempre, cheirando a chocolate, com os bancos limpos, porém. Como? Não, claro que não vou sair assim. Poderia até, porque em vista do que a eu vejo por aí, estou mais vestido que muita gente que sai à rua. mas não, estou com um pouco de frio e preciso tomar um banho quente, fazer a barba e daí então... Sair pela minha cidade. Porque cedo agora? Ora, porque! Acabou meu chocolate e para aproveitar o passeio no domingo de finalmente sol, realizarei o trabalho com mais esmero ainda. Como podem ver, estou sem camisa, só com esta calça velha... Depois gravo mais, e até posso contar como foi. Desligando agora, chega de perguntas".

Dirigindo pela avenida Doutor Arnaldo, passa em frente às bancas de flores do cemitério com vaga podendo sentir o cheros delas misturado com folhagens e terra; desce a rua Cardeal Arcoverde até a avenida Henrique Schaumann. Havia um movimento maior para o horário de domingo e ele obervou com acuidade vivaz alguns possíveis alvos de seu trabalho dee mlehorar o mundo tão judiado e maltratado. E fez mais um favor e mais uma vez pensou que deveria, sim, receber um oscar de melhor atuação em todos os tempos. 
Cirurgicamente preciso, um valentão metido a qualquer coisa - que ele pôde comprovar - "caiu em suas graças" e o levou para longe dali, discursando sobre os perigos de ser m pré-histórico nos tempos mesmo em que ele vivia. 

Murchou alguns dos seus músculos sangrando-os, bifurcou a língua, atingiu as cordas vocais logrando calá-lo e por fim, empacotou o que sobrou em plástico bolha, pôs em um mala e enterrou na velha estrada de Santos. Como o rapaz era alto, suava feito porco para dar conta do recado. E deu, como sempre, igual ao melhor ator de todos os tempos, seja qual fosse. 

"Sou eu né? Eu sou o grande ator, porque faço e desfaço e ninguém sabe quando estou ator(mentado) e quando não estou. Representar e viver misturam-se e é bom que seja assim, porque satisfações são o que me move. Pode ser tudo igual mesmo; mais um motivo para eu ser e estar no primeiro lugar".

Assim fez e as horas que se seguiram foram proveitosas em não desperdiçá-las. Voltou com a estatueta na mão já no início da tarde. Ah, e também os chocolates, não esqueçam.

http://www.artflakes.com/en/products/the-tormented-man

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

62 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - VITÓRIA CONTRA ELE MESMO

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Vinha de um passado de lutas inglórias, parecendo mesmo o grande vão do MASP - lutou em vão contra o que ele mesmo não desejava, mas que à época, nem tinha noção ao certo do que sentia de verdade. Então, decretou, tempos depois, que a guerra civil dele contra ele haveria de terminar tão logo esquecesse o que passou, tão logo depusesse as armas e tão logo suprimisse quem quer que fosse de sua vida. Desejando não desejar, querendo não querer, não houve trégua até o momento em que se auto-coroou - como o imbecil Napoleão - vencedor de si próprio. Durante muito tempo, a luta foi em vão, o maior do mundo, tal foi vão o citado acima.

Hoje, a vitória consolidada está, sem arroubos de lutas, de emboscadas, tampouco de estratégias para mitigar o sofrimento que (ainda) tem, já que humano é, tem lá suas vergonhas e soberbas. Igual ao restante dos 7 bilhões que povoam e pululam no super habotado planeta. Venceu as batalhas, perdeu algumas e a guerra foi ganha; meio tarde, porém em tempo de sublimar todo o passado e se lixar um tanto para o futuro - vale mesmo o presente de agora, hoje, neste minuto. 
Tem havido uma tranquilidade oceânica no que se refere a sentimentos pelos outros, o que vale dizer, por alguém em especial - sem especialidade por qualquer que seja. Isto também entra no balanço da guerra e a solidão lhe traz um alento de que vai bem, muito obrigado. A vontade de continuar assim o mantém, de maneira inequívoca, na estrada protegendo-se a si mesmo.

Concentração no trabalho, no dinheiro e, evidente é, em seus dis companheiros que fazem parte intensamente de sua pacata existência. Tirar de seu reto prumo, somente mesmo as questões da editora, as negociações com o autor do livro e as desigualdades que enxerga todo dia mundo afora, porque mundo adentro não há sequer alguma para contar a história. 
Sim, o que tem provocado dor de cabeça contumaz é quanto o ovo livro vai vender - "Meu amigo é um cachorro, meu amigo é um gato", do quase amigo veterinário do Felino e do Rex. Fazendo um raciocínio rápido e objetivo com base no lançamento do livro, as vendas deveriam compensar e muito todo o investimento - leia-se todos as despesas e o contrato assinado com o autor. 

Todo o estresses causado por este processo desanuviou-se no dia do lançamento em um grande espaço improvisado do lado de fora de uma livraria imponente de São Paulo. Gente bacana, imprensa, convidados muitos com seus bichos de estimação, comes, bebes e claro, os holofotes no autor. Ele, discretamente, sabedor da inebriante sensação de sucesso que vicia, pôs-se ao largo disto tudo e preferiu manter enterrada toda sua cruenta guerras de muitas batalhas para que ela não se reavivasse ali no local. "Melhor assim, continuo protegido de tudo e de todos". 

Em uma sexta-feira quase fria em pleno janeiro, postado à janela de sua sala, observando a cidade que parace ser infinita, uma ponta de saudade tem: aquela de ter saudade de alguém... Rapidamente desvia seu pensamento. Levanta-se, aborda seu secretário substituto que parece trabalhar melhor que a titular - agora em licença-maternidade - para repassar os compromissos da semana que vai entrar. 

--- Segunda-feira vai ser um dia tranquilo. Mas terça o senhor se prepare. Reunião de manhã e à tarde, esta com os representantes da Editora Portuguesa de Novas Letras. Tem também vistoria do novo parque gráfico da editora. A da manhã é para iniciarmos o balanço do ano de 2012.
--- Com você somente?
--- Sim, eu, o senhor e os arquivos em power-point que tanto nos deu trabalho. Foi uma guerra que mais parecia os escombros de Hiroshima.
--- Fácil esta! Nem guerra foi. Lançaram a bomba e pronto, acabou-se. Preocupo-me com este balanço aí. Terça você não tem que fazer os exames, aqueles que me falou no início da semana e que não pode ser mais adiado?
--- Exato. São estes mesmos.
--- Vamos transferir nossa reunião para segunda-feira. Está tudo pronto e vai ser melhor assim a gente mata o inimigo logo de cara. E estou ansioso para analisar os números e apresentar ao poderoso-chefão do andar de cima. Ele tem me cobrado.
--- Eu sei. Por mim, combinado está.

No fim do dia, absorto pelo caminho de volta e porque é começo de fim de semana, seu passeio de retorno ao castelo intransponível será um pouco mais demorado. Um chope gelado no bar-restaurante da esquina do trabalho o acolherá bem, sem grandes expectativas. Entrando, ele vê casais, turmas e soltitários de todos os matizes aglomerando-se em volta de mesas e encarapitados em banquinhos de balcão, lugar preferido dele. E tem sorte, porque nem a metade deles está ocupada .

"Aqui estou enquanto deveria estar em meu castelo que ninguém vence. Parei por causa da sede, mas pela sede, eu poderia comprar uma lata de qualquer coisa e continuar meu caminho de volta. Resolvi parar aqui para ver como o mundo gira sem minha efetiva participação. Beijos, abraços, afagos, cochichos, juras e muito álcool. Que mistura insana! Alguns casais recém feitos, outros de longa data. Aquele do canto direito, ambos com aliança e com uma proximidade visível devem estar em paz incendiária. Ali - que espaço democrático - outro casal, formado por 2 homens, gays, é óbvio. Também de mãos dadas, sorriem sem parar um para o outro. Chamaram o garçom para trazer-lhes a conta. Devem estar com pressa para ficarem a sós. Um grupo de amigos que mistura engravatados como eu, mulheres de terninho e um 'parabéns pra você' a uma delas. 

Uma mensagem por celular chega depois de ficar por lá quase uma hora, com dia já escurecendo, do amigo de sorriso metálico querendo saber onde ele está. Responde e em 10 minutos ele o encontra e senta-se no banco ao lado. Mais dois chopes, o dele acompanhado de um copo de água gelada porque o ajuda a não perder a conta nem a batalha pela sanidade. E igual da outra vez, conversarão por longo tempo, sem papas na língua perdendo a noção do tempo; talvez a única guerra que ele possa ser vencido.

http://www.architexting.com/architecture-in-pink-women-in-architecture

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

61 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - QUEM ESTÁ ESPIANDO?

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Logo que ele se levanta, escancara a janela dividida em duas para entrar o ar da manhã de verão. O sol vai demorar para adentrar no espeço porque o prédio da frente, meio de esgueio, faz sombra em seu andar. Vendendo saúde física e talvez, por consignação, a saúde mental, dirige-se à sala com seus dois companheiros atarefados em lhe seguir por onde quer que fosse. Abre a porta da sacada. Volta-se para o banheiro e um longo e carregado alívio é despejado, esvaziando sua bexiga túrgida. 

Café, comida para Felino e Rex, banho quase frio, sem secar depois, caminha pela casa com a xícara na mão ainda nu. De resvalo, vê, pela primeira vez, que alguém o olha pelo prédio vizinho, meio escondido, porém não suficiente para se camuflar atrás da cortina carregada de rococós. Para meio delado para tentar decifrar que é a pessoa que insiste em espioná-lo. Um homem? Uma mulher? Casado? Casada? Ou solteiro (a). O que acontece, sendo sincero, se traduz para ele no fato de não fazer diferença quem seja porque atitude alguma ele ir´pa fazer, tampouco mudará seu habito de caminhar pelado, à mostra, balançando, pêlos, com a o café na mão... Em razão de alguém o espiar.
De jeito nenhum.

"Como não notei isto antes? Hum... Acho que o apto ficou para alugar um bom tempo, tanto que, mês passado, ou antes até, eu vi a placa de 'aluga-se' na portaria e fui perguntar, por curiosidade, quanto era e como era o apartamento. Pelo visto alguém alugou e está me espionando".

Cedo que é, leva o príncipe herdeiro para passear, fazer o quadrado no trapézio que é seu quarteirão. Coisa rápida, só para o Rex ficar contente e dar um pouco de sossego para o Felino.  
"Até parece! Imagino que o conselheiro-mor, quando está de saco cheio, sobe na estante e deixa o Rex lá embaixo, arfando, abanando o rabo, implorando por atenção. E ele, gato que é, olha com desdém e enfado para tal cena. Vejo isto acontecer quase todo dia. Até a hora que ele pula lá de cima em cima do Rex e reinicia a brincadeira. mas ele que decide quando termina e quando começa".

Voltando, quase para entrar em seu prédio, ele se vira, atravessa a rua e vai falar com o porteiro do edifício da frente, conhecido dele. A placa de 'aluga-se' ainda está lá, meio caída.
--- Bom dia. 
--- Bom dia. Como o senhor está? E o cachorrão aí?
--- Ah, este sempre está bem! Come de graça, brinca de graça e ainda levo para passear de graça.
--- Sim, vida boa!
--- Escuta, queria te perguntar. O apartamento do 11º andar, de frente para rua, da esquerda... Foi alugado já? Porque tenho uma amiga que está interessada em apartamentos aqui pelo bairro.
--- Não, está para alugar.
Ficou meio desconcertado com a resposta.
--- Pergunto porque... Sabe né? Do meu dá para ver a sala e quarto todos dele. E como hoje está tudo aberto, pensei que tinha gente morando já nele.
--- Entendi. O senhor deve ter visto alguém sim. A equipe de limpeza e manutenção está lá. As faxineiras e dois contratados para verificar o taco, parece que vão passar verniz, algo assim. É grande, três quartos, todos suítes, duas sala, armários embutidos, net ligada.
--- Sei, sei. Ok, então vou falar para a minha amiga que ainda não foi alugado.
--- Fala para ele vir falar comigo. A chave fica aqui e como eu conheço o senhor nem preciso ligar para a imobiliária. Qual o nome dela?
Não pensou nisto antes e depois de alguns segundos, responde.
--- Cláudia Torres Ribeiro. É uma morena, alta. Pode deixar, vou ligar peço para ela vir falar com você. Obrigado e bom dia de trabalho.
--- Pode deixar, eu atendo sua amiga. Até anotei o nome no meu caderno aqui. Bom dia também para o senhor. Tchau Rex!
E Rex abana o rabo, como de costume.


No elevador, ele se concentra no dia que está por vir, que será longo e cheio de compromissos até a noite. Entra em casa, vai ao banho e se desliga do "espião" do prédio vizinho. Ele tem mais o que fazer. Mas, esboçando um sorriso, ficou satisfeito e cheio de graça em saber que desperta a curiosidade humana.

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