quarta-feira, 31 de outubro de 2012

56 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - AMIGO CACHORRO, AMIGO GATO

Reprodução, cão e gato [sítio abaixo]
Realizar do trabalho de impressão do livro "Meu amigo é um cachorro; meu amigo é um gato" está sendo dosa mais difíceis para ele em todos estes anos de difulcudades como velhos e novos autores; os velhos porque se julgam merecedores de todos os rapapés disponíveis wemais outros indisponíveis e por venderem bem - pelo menos até o último trabalho - pensam que todo mundo - leia-se a editora - deve-se ajoelhar entoando loas e agradecer por tudo; já os novos autores, com a típica arrogância, julgam que eles são a inovação, o tiro certeiro, a cartada final (os adjetivos usados aqui se referem não à idade e sim tão-somente à entrada no mercado de autores e livros editoriais).
Bem pouco tempo atrás, ele se contorcia na cadeira de raiva quando um estes tipos aparecia e mostrava toda a maravilha de seu 'ser-escritor incrível'. Hoje, mais comedido e com um gingado na cintura invejável, ele consegue até mesmo recitar em pensamento um pequeno mantra de paciência. E finaliza tudo com um sorriso também comedido de anuência e depois faz o que deve ser feito: sempre se contrapõe aos novos e velhos, homens e/ou mulheres.

A dificuldade se mostra já no título: ele não o quer. Razões existem de baciada. Uma delas é que está "gay demais" e também ao mesmo tempo - "Um paradoxo (?) mesmo", como ele pensou - machista além da medida. "O que eu posso fazer para demover o veterinário de insistir neste título nada a ver?"
Reunir-se-ão, logo mais depois do almoço, para manter mais uma discussão acerca do título, ele, o autor, um assessor do autor e sua secretária.
Antes, ainda na manhã, ele toma o terceiro café quase sem açúcar e decide sair um pouco de sua sala e descer até o térreo para espairecer um pouco. Celular no bolso verificando as últimas do mercado de ações da Bovespa porque tem algumas aplicadas em uma empresa estatal, das grandes e bem rentáveis.
Saindo pela porta giratória aquele mar de gente indo e voltando, homens e mulheres, que andam pelo calor no mesmo ritmo de todos os outros dias úteis. Atravessa a avenida calmamente e entra na casa de sucos e pde por um açaí "saído do polo sul agora mesmo".
Enquanto espera, ele vê que suas ações estão subindo quase 5%, o que nestes tempos é coisa boa, nem perce que o sorvete-suco está pronto saindo vapor de frio de tão gelado.

"O que eu vou falar para o novo autor com relação ao nome? Ele me parece ser um cara decidido, firme em suas opiniões e acho que convencê-lo a mudar não deve ser tarefa fácil não. Mas este nome? Sei não, pode ser um grande encalhe... Pode ser".

Olha o relógio, marca o gasto com o gerente porque tem conta na "Sucaria Paulista" e sai ainda com o copo nas mãos Vê uma cara, que quase dá um encontrão nele apressadamente  passeando com um grande boxer macho meio adolescente, babando de espumar pela boca.
--- Desculpa, o Duque é atrapalhado que só vendo mesmo. 
--- Sem problemas. Ele deve estar com sede.
--- Está sim, por isto que voltar para casa logo para beber água e se deitar no chão frio da lavanderia, com as pernas abertas, lugar preferido dele. Depois da cama do gato que ele nem cabe mais.
--- Você tem um gato também?
--- Tenho e eles não se largam, vivem junto um do outro, dorme juntos, comem juntos.
E começam a conversar como só donos de cachorro pachorramente fazem quando se encontram desprentesiosamente. Ele acaba dando o resto de açaí gelado para o cão que gostou muito de ideia.
Subindo pelo elevador de serviço e cheio, com o ar-condicionado no máximo, ele muda de opinião em um átimo sobre o nome do livro.

"E porque não 'Meu amigo é um cachorro; meu amigo é um gato'? É diferente, é chamativo, é inusitado. E o que é um homem se não puder mudar de ideia logo depois de dobrar uma esquina com o pensamento fechado em uma questão? Ora, este sou eu e assim vai ser o nome e vai ser um sucesso de vendas. Vou ligar já para aquele jornalista que cobre novos lançamentos de livros para ele soltar um notinha em sua coluna, no site e no jornal amanhã. Já começei a definir a estratégia de marketing, agora preciso comunicar o departamento".

Além dele, do conselheiro-mor e do príncipe herdeiro, devem existir muitos outros mais por São Paulo. Devem não, existem, como ele acabara de comprovar diante da cena anterior.
Adiará o horário de almoço para depois da reunião das 14h. Pode ser mesmo que ele, o autor veterinário e um dos revisores-assistente saiam todos para comer juntos. Devem comemorar o início de uma parceria de muito $, de muitas exemplares que serão vendidos. Ele contabilizará mais um em sua carreira. 

http://ocdeals.ocregister.com/2011/04/03/cheap-things-to-do-this-fine-sunday/91083/cat-and-dog-friends/

domingo, 28 de outubro de 2012

VIAGEM LXXXIV - "ELE QUERIA SER O CÉRBERO"

Reprodução - Cérbero [sítio abaixo]

E fazer festa abanando o rabo como um cão domesticado e feliz quando chega alguém no portão, tão amável e dissimulado; mas não impassível. Para farejar tudo o que pudesse daqueles corpos e almas, ainda não penadas, porque a penalização mal terá acabado de se desenrolar feito novelo.
Mesmo uma lambida de boa vindas com a saliva grossa e viscosa - uma marca - que não sai mais da pele, ser-lhes-á dada até serem entronizados no grande quarto logo depois da entrada.

Ele queria ser o Cérbero para quando estes que entraram, quiserem sair, transformar-se-iam em pedaços que juntando tudo pela eternidade, a eternidade seria pouco tempo; seriam milhões de pedacinhos rotos.
Fazer como um cão sem dono vasculhando de longe o terreno dos vivos percebendo cada vez mais pelo faro os penetras no mundo dos mortos; aqueles vivos que morreram desta para pior.

Sentir o enxofre desde o início da caminhada subterrânea para que todos saibam que por este veículo de bancos duros e desconfortáveis do vagão que desce rumo àquele reino, o odor os envolva até causar dor de cabeça para todas as horas. O que é um aviso para irem se acostumando com o ácido de todo dia e toda noite sem falhar um minuto 
sequer. Denso, repugnante e pútrido.

Acorrentado como ninguém prometeu em vida, Cérbero possui uma boa zona de conforto com a distância de suas amarras, as quais lhe permitem quase chegar no topo e descer até seus portões; ninguém escapa depois de adentrar no buraco com o sol ainda em nesga a bater logo ali... Na entrada. Mal sabem...
Ele fica ansioso andando para lá e para cá arrastando a pesada corrente de ferro quando ouve o vagão descendo bem longe. Se o barulho de guincho do rolimã se confirma ele para. Fareja o ar, orelhas em pé, boca sem arfar. Atenção ao que vem lá de cima porque não mais sairão: porque não merecem.

Há tempos de muito movimento neste desce-desce que não tem mais fim e há tempos em que o movimento é menor. Nestes, Cérbero sobe quase à superfície e fica ganindo baixinho para que algum lá de fora  e de cima o ouça e se aproxime. Fica assim quanto tempo for preciso, com a precisão do relógio do tempo eterno, e só retorna quando a descida com o convivas se inicia ou quando sente uma puxada na sua corrente feita pelo seu dono que habita onde ele guarda.


Melhores são as vezes nas quais o movimento é intenso e desmedido. Ele trabalha com mais afinco e gosto porque acontecendo desta monta, a possibilidade de tentativas de fuga da ante-sala aumenta, e então, é quando ele realiza sua função de guardião de saída do reino dos mortos: ali não há saída. 
Porque para sair, Cérbero estará lá impedindo e acabando com a vontade de deixar o local para o qual tais que desceram foram destinados sem desatino algum, apenas com certezas.

http://ferrebeekeeper.wordpress.com/tag/vergil/

sábado, 27 de outubro de 2012

VIAGEM LXXXIII - TRUCULENTOS E ARROGANTES

Reprodução [01 sítio abaixo]
Pronto, mais um sábado de manhã para se deleitar com preguiça em prazeres da "carne" como fazia o cérbero ao guardar as portas do inferno e vigiar quem estivesse por lá. "Será que as três cabeças comiam ao mesmo tempo a carne dos 'pobres' moribundos que lá iam dar com seus costados de podridão em razão da vida que levaram aqui na superfície?".
Ele gosta mesmo é de pegar os truculentos que exercem toda sua "doce ternura" truculenta tanto fisica quanto psicologicamente. "Porque estes são os piores!"
No meio da manhã o calor se fazia gostoso e lascivo, como convém a nós, povo tão moreno e tão sexualmente fetiche de outros povos, de acordo como somos vistos em outras partes brancas e amarelas do planeta. Lascívia esta que os habitantes dos quatro pontos deste país gostam tanto de reforçar e dissiminar nada dissimulados mundo afora. E começam cedo, com nossas crianças tratadas como pequenos objetos (inocentes?) de desejos artísticos. "Estes pais e, mais ainda, estas mães são tão truculentas porque querem algo que muitas vezes os filhos não querem e se querem é em virtude de uma educação de sexualizar precocemente...".

Conservador e autoritarismo formam um duo em que ele não bebe nada daí.
Nem bebe nada de conceito algum, apenas ele vai lá, observa, escolhe e realiza. Nada além disto (porque ele nasceu para tanto). Ele forma o conceito que pode ser mutante ou duradouro até quando melhor lhe aprouver.
Reprodução [02 sítio abaixo]
Ele bebe é do que ele vê e vê muitos erros pragmaticamente programados para serem cometidos por alguns que, exercendo a truculência, impingem dor, tristeza, mutilação, abalos psicológicos, suicídios, acabrunhamento... Uma série de sentimentos que não combinam com o sol que batia no braço esquerdo, quente como só ele mesmo. 
Passeando pela urbe que não tem fim, indo para lá, para cá, vendo toda a cidade e suas pessoas, os milhões que transitam...
Há dois tipos que ele abomina com verdadeiro horror e são o alvo primeiríssimo em qualquer vez que saia para fazer o que tem que fazer: os arrogantes e truculentos; que nem sempre se combinam em uma mesma pessoa.

"Quando acontece de estas duas tão ternas características humanas se casarem em uma mesma pessoa... 'É com este que vou sambar até cair no chão...'. Porque não posso deixar passar né? Não que seja difícil assim, mas não é o mais usual, fato... Também porque quando o ser é arrogante, mas ainda mantém um mínimo de inteligência, ele disfarça a truculência. Coisa, aliás, nenhuma das duas quer dizer, se relaciona necessariamente com o poder do $. Tem desvalido, pobre, favelado e afins que também se encaixam no perfil. Claro que os poderosos, a eles lhes é mais fácil exercer a truculência aliada à arrogância, sendo estes os mais imbecis porque são os mais fáceis de pegar e acabar".

Reconhecer um dos alvos de hoje é tarefa fácil, "é mel na chupeta", coisa que em todos os casos é confirmado que o seu radar, mais uma vez e sempre, correto estará.
Andando pelas ruas que cercam o parque da Aclimação nada encontra e decide andar mais com o seminovo sedã de velho até o parque Villa Lobos, bem longe mais ao sul da zona sul onde ele está. Poucas vezes dirigira-se até lá e por isto, resolveu passear calmamente apreciando a paisagem urbana; antes uma parada para comprar litro e meio de água, tomar um café coado na hora, nem dar bola para o início da fome.
Pelo caminho com a boca amargada pela cafeína sem açúcar, a água chega à metade antes mesmo de percorrer a metade do caminho; quente e frio tudo ao mesmo tempo. Som ligado na mesma rádio que toca músicas eletrônicas suaves para contrapor à truculência e à arrogância, como a água e o café: são opostos e complementares.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

VIAGEM LXXXII - COM A CARA NO CHÃO

Reprodução [sítio abaixo]
Acordou assim, com a cara no chão, sentindo o vento gelado uivando pela fresta da porta, depois da festa em seu apartamento. Ele não conseguiu nem manusear a chave na fechadura caindo por ali mesmo, quase pela manhã de sábado. Neste instante, a manhã já estava iniciada e com chuva forte.
E porque estava de fora, se porta adentro é tudo seu?
Ele não tem a menor ideia. Estava do lado de fora, sem mais nem menos.
Rosto amassado e decerto marcado, pés descalços, vestido com o jeans desabotoado e camiseta amarfanhada pelo chão; as botas logo ali, no segundo olhar... Ele mesmo parecia um pano de chão de bar de estrada. Ainda sem forças, passou a mão no bolso traseiro e achou a carteira, que parecia intacta; e o que incomodava no 5º bolso? Sim, as chaves.

Quando abriu os olhos definitivamente, em uma perspectiva que ele jamais pensara em ter - pelo menos daquele jeito -, viu o que o estrago corporal martelava feio em sua cabeça: uma ressaca braba, com as luzes internas do andar que só ele morava ardendo em seus globos oculares.
(prédio recém-inaugurado, perto do nova estação do metrô, e ainda não totalmente ocupado; tinha 18 andares, o dele o 11º, com três por andar, com sacada, dois quartos, lavanderia, armários etc)
Não conseguiu precisar que horas poderiam ser, nem mesmo se levantar. O esforço para verificar a carteira sugou suas forças. Manteve-se intacto e até que gostou de ficar assim, o movimento de antes soou um sino dentro da cabeça.
Ouvia barulhos no andar de baixo, mas no dele... Nada, ninguém da manutenção se movia dentro dos apartamentos, porta alguma se abriu, nem o elevador por ali parou. Barulho mesmo só abaixo...

O chão - quadriculado milimetricamente em quadrados pequenos em dois tons de cinza que quase se misturavam estavam cobertos de pó de alguns dias - parecia ainda mais gelado do que o costume. Costume esse era de quando saía descalço para receber algum amigo no corredor de entrada e só. Enquanto olhava o que podia fazer, vislumbrou o chão de Congonhas. Mas agora, na posição que se encontrava, seu corpo doía de gelado. Bem, podia ser da bebedeira de algumas horas, ou podia ser de alguma briga que se envolvera, o que não era costume. Brigaria porque? Nunca foi disto. Fato é que lhe parecia ter tomado uma surra, apanhado e batido.
Ficou matutando as horas de recepção em seu apartamento, tentando recordar-se quem veio convidado, quem veio de bico e quem trouxe amigo do amigo do amigo... A lista inicial elaborada comportava 20 pessoas de seu mais íntimo círculo: os amigos de sempre - incluídos dois primos -, o casal vizinho de cima e três colegas do trabalho. Todos estes conhecidos. O que tornou-se difícil àquela hora, buscar os rostos desconhecidos. Daquele número, no auge da festa, tinham umas 40 pessoas, talvez 50.
Minutos de intensa concentração e nada... Veio um alento nesta coisa toda: a faxineira devia chegar às 10h, lembrou-se. 
"Ainda bem porque ela vai ajudar me levantar e deitar na cama. Aqui está frio e duro como... Como... Chão".

As portas do elevador se abrem e ele vê os pés de sua salvadora. Mais um esforço e logrou se virar para que ela o pegasse pelos braços. Finalmente, entrou cambaleante em sua casa que cheirava a sarro e fumaça que poderiam ser de qualquer qualidade, e de bebida fermentada grudada pelo chão.

http://www.flickr.com/photos/42931449@N07/5241501166/

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

55 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - NA MÁQUINA DE CAFÉ

Reprodução [sítio abaixo]
Cedo, muito cedo, acordara hoje. Talvez em razão de ter dormido 11 horas desde ontem porque estava cansado e sem fome, despertou tão logo os passarinhos começaram a piar como taquaras rachadas. O que fez foi dar atenção aos companheiros, brincar um pouco com eles, trocar a água, coisas que não se alongaram nem por meia hora.
Abre a janela e o dia inicia a se fazer com os inerentes barulhos e visões que o caracterizam tão comumente na cidade de São Paulo: gente indo, gente voltando, trabalho, diversão, pobre, rico e quaisquer outras características econômico-antropológicas.

"Aqui a gente nunca enjoa das pessoas e dos acontecimentos. Eu não enjoo porque a diversidade é tamanha que torna-se improvável que eu veja repetidamente pessoas que eu vejo dia após dia e que as coisas pareçam ser iguais. Mesmo para mim, que tenho aqui em minha cidadela invencível o que preciso, eu gosto de olhar e saber que moro em um dos lugares mais habitados e cosmopolitas do mundo. Uma cidade que é pertecente a este mundo, que não se volta a si mesma, que não se satisfaz, que quer mais... E que segue sem pensar muito. Ela vai, é isto".

Tudo isto pensando e fazendo o café que já se espraia pelo ar como palpável, diretamente parecido com os desenhos em que o cheiro de algo se faz enxergar. pegar. Nesta hora, Felino ronrona entre suas pernas balançando o rabo na ponta se esfregando nas canelas cabeludas desnudas; Rex, ao contrário, mastiga o "milésimo" osso de brinquedo comprado na loja do veterinário quase amigo. Ele o ensinara que latir pelas manhãs deve ser um ato comedido para manter a casa mais ou menos barulhenta. Pronto, o conselheiro-mor reclama miando, olhando profundamente para que lhe seja servida a ração de vísceras de peixe. O príncipe adora também, mesmo que inaproprida para seu estômago canino.
Agora o dia se compôs, nublado, é fato, mas já é claro como... O dia é. 

Logo ao chegar na editora, tratará da reunião antes do almoço com o veterinário com relação ao livro e a quase certa impressão. Será a primeira de uma longa série e a de hoje é importante para que se crie uma empatia - econômica e profissional - e que assim, possam desenvolver um trabalho no qual todos saiam ganhando.
Vestido quase como de costume, a não ser pela gravata violeta, em tom escuro como a noite, calçando os novos sapatos que ainda lhe apertam mais o pé direito que o esquerdo, sua indumentária de cor preta social cai muito bem em seu corpo. 
Por conta dos preparativos, antes das 9h sentado em sua sala, analisando os arquivos em data-show, queda-se absorto naquilo: o trabalho. E como Caxias que é, tudo pronto desde ontem, apenas fazendo uma revisão para não haver descuidos. Telefone ao lado, no silencioso, só chama sua atenção porque se acende quando uma mensagem é enviada. Do rapaz de sorriso metálico perguntando se queria tomar um café na padaria de sempre. Respondendo que não pode sair, ele liga.

--- Bom dia. Tudo bem com você?
--- Bom dia. Como você está? Rouco, ou impressão minha?
Do outro lado um riso como o de antes que ele via penas manhãs no meio da balbúrdia.
--- Estou sim. Uma dor de garganta que só hoje melhorou um pouco, estou de licença médica até segunda-feira. Estou aqui embaixo da editora, no saguão...
--- Não se identificou com a moça?
--- Vamos tomar um café? Na padaria? Se não estiver ocupado, o que é complicado porque é mais fácil falar com o Obama do que com você.
--- Melhor. Sobe aqui, tem um capuccino de máquina que você vai gostar.
--- Subir? Mas...
--- Claro. Venha. Já estou ligando para a recepcionista para ela lhe dar o crachá de visitante. Está com o RG aí né? Venha, porque não posso descer agora.

E ele sobe sendo recebido logo na saída do elevador no 11º andar naquele dia de mormaço matinal em São Paulo. Um abraço contido é o cumprimento entre ambos que logo entabulam uma conversa sobre trabalho, mudança de endereço, café e a laringite adquirida no fim de semana que passou.
O encontro de uns 40 mnutos voou que mais se parece com quatro minutos. Ele o observa indo embora encostado à máquina do café - tomaram dois cada um - se recordando de tê-lo visto como um legionário a caminhar com ele e com o outro por entre caminhos úmidos e frios da Escócia romana. "Esqueci de contar que sonhei com ele e com o veterinário três vezes, que eram soldados sob o meu comando e que andávamos sem parar. Da próxima vez eu não esqueço".


http://www.squidoo.com/gaggia-accademia-espresso-machine?utm_source=google&utm_medium=imgres&utm_campaign=framebuster

COMPARANDO VALORES

Comparando as regiões com maior participação no produto interno bruto (PIB) de alguns países selecionados, encontramos números que variam, e que, ao mesmo tempo, mostram a força das mesmas no peso da conta que mede toda a riqueza produzida em um ano. Estas regiões variam de nomenclatura administrativa e política conforme cada nação, que pode ser dividido em estados, províncias, regiões e comunidades.
No Brasil, o Estado de São Paulo detém a primazia na participação do bolo do PIB, de acordo com os últimos dados divulgados pelo IBGE em dezembro de 2011, com ano-base de 2009. São Paulo produz 33,48% do total.

Exemplos (valores em percentuais sobre o PIB de cada nação):


Califórnia
13,24
EUA 2011
Ilha de França
29,50
FRA 2009
Catalunha
18,63
ESP 2010
Ontário
37,70
CAN 2010
Dist. Federal
21,49
MÉX 2007
Tóquio
17,74
JAP 2007
São Paulo
33,48
BRA 2009
R. N. Vestfália
22,13
ALE 2010
Moscou
20,36
RUS 2008
Nova Gales Sul
31,81
ÁUS 2010
Lombardia
20,96
ITÁ 2007
Buenos Aires
33,47
ARG 2008

O mais rico estado dos Estados Unidos é o que apresenta o menor valor da lista elencada; vale ressaltar que o PIB da Califórnia é quase do mesmo tamanho do do Brasil. A Espanha, ainda que a Catalunha (agora com a sandice idiota da separação) alcance o primeiro lugar, a Comunidade Autônoma de Madri produz 17,92% do PIB do país ibérico: são os números mais próximos internos a um país encontrados na pesquisa. O valor de Buenos Aires se refere à província e ao Distrito Federal (21,6%) somados (dentre as 23 unidades administrativas)

Mesmo com o ano-base diferenciado em alguns deles, a história e a estatística mostram que em um curto prazo de três ou quatro anos os valores não mudam abruptamente e a tendência é de leves alta ou queda, ou ainda a manutenção no mesmo patamar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

VIAGEM LXXXI - CAMBAGEM

Reprodução, cambagem [sítio abaixo]

Vem cambaleante com a cambagem do velho Escort 96
desregulada dos anos descuidados,
inquietante!
Como é dele faz e, de repente - assim! - das mãos sacadas instantes longe do
volante,
bate palmas, uma, duas, três, mãos de volta à direção. Olha o 
semblante 
no retrovisor que já andou pelas estradas porque todas iguais as de Santos.

Canta e grita esganiçadamente, inflando as veias da garganta, como 
anabolizante.
Pela ruas que formam a grande praça abandonada 
derrapante,
Estaciona em um dos pontos do 
sextante de grama verde,
e cai no chão pelo tropeço na pedra
que sangra o pé desnudo.

Uma vitória! Vai tirar a dor que deveras sente, para 
sangrar em volta do carro, pulando feito saci,
Doente como um
protestante contra as reformas que versam em nada.
Chão molhado, e nada rogado, feito 
rolante
mascando a última bala vermelha de morango para lá e para cá na boca.
E deita, e roda e deita e roda.

E molha o suor com a grama molhada.
Faróis acesos, portas abertas, o som ligado
protuberante
na noite afastada do rumor do centro da cidade.
Ele faz o que quer agora, porque nunca fez deste jeito.
Mutante
daqui mesmo sem viagens intergalácticas,
na cabeça erguida centímetros do solo olhando para o azul-negro,

o maior, o dominante
que vem lá de cima.
E porque tantas atitudes
rastejantes
se para chegar até ao carro só mesmo um andante
normalizante, em pé?
Longe, do outro lado, oposto, a antítese.
Antagônico.

Nada normal com a música do RC em último volume
quase no meio do nada que se traduz no fim 
da cidade, daquele menor aglomerado, de gente
errante, dissonante.
Em um grito de arrepiar, acordando o vento, estourando tímpanos,
volta a dirigir cambaleante,
nada hesitante.
Nada que o faça sangrar mais que o dedão do pé com a unha descolada.

http://www.corsaracing.com.br/corsapneus/DicasTecnicas.aspx?id=3

domingo, 14 de outubro de 2012

54 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - ANDANDO NO CENTRO DE SÃO PAULO

Reprodução, edif. Martinelli [sítio abaixo]
Deitado no lugar de sempre (o preferido como todos são), sente um cansaço gostoso e ancestral pelo domingo intenso como há muito tempo não desfrutava. Passeio pelo centro da cidade, a pé, por alguns lugares com arquitetura imponente e até que conservada. Avenidas Rio Branco, São Luís, Duque de Caxias, mais a São João, a Ipiranga; com olhos atentos e pés ávidos por caminhar no dia frio e nublado para uma primavera invernal aqui pelos trópicos onde não há sequer um pecado (situamo-nos abaixo da linha do Equador...). Praça da República com a feira característica tomando toda ela, pessoas que iam, voltavam, vinham, abraçadas, sozinhas, e comiam. Público disperso e alguns destes atentos; todos os tipos humanos que só uma grande metrópole inversamente ensimesmada nela mesma pode ter.

Os ares frios vindo do sul, vindo diretamente da Antártida obrigaram-no a vestir o Rex para o grande passeio de horas com a roupa comprada na loja/clínica do futuro escritor. Comprara uma para o conselheiro também na mesma vez. Ele - o Rex - não apreciou nada, nada, a vestimenta logo quando posta, mas teve que se acostumar sem choro, nem vela. Depois, ficou confortável quando o vento começou a cortar por todo o tempo. Fez novos amigos e cheirou e foi cheirado por todos eles.

Durante o passeio viu a biblioteca Municipal Mário de Andrade perto do viaduto 9 de Julho, nos estertores da rua da Consolação.  Pôde avistar o Terraço Itália pela São Luís e só desistiu de entrar lá porque o quatro patas teria dificuldades em adentrar; observou o edifício Martinelli, o Copan, muitos deles outros. A calçada com o mapa do Estado de São Paulo domina o chão em muitos áreas que transitou.
Não foi tão longe de seu castelo invencível, sua cidadela guarnecida pela "guarda pretoriana" que ele mesmo criara; atreveu-se, por outro lado, a andar seguidamente para que o príncipe quedasse cansado quando voltassem e assim dar um sossego para Felino que andava meio enfadado das brincandeiras do jovem cão. Outro dia mesmo, deu uma reclamada miando mais alto para que a bricandeira cessasse.

--- Vou dar uma canseira em você hoje assim não enche o saco do nosso gatão, o Felino. Você está muito chato para ele, tem que lembrar que o rapaz lá tem sete anos e já é meio tiozão. Mas o senhor fica mordendo, se jogando em cima dele, quando não joga sua bola de brinquedo né?  Resumindo: você é o tormento da vida dele.
(toda esta aporrinhação canina em cima do gato passava longe de impedir que dormissem juntos, grudados, toda noite ainda mais neste frio)

Sua mente esquadrinha, altas horas da madrugada, todo o passeio feito, os lugares e as descobertas e redescobertas feitas pelo Centro expandido a pé por eles. Com a máquina fotográfica digital - desta vez recordara-se de levar - registrara construções, bichos e pessoas. Notou até que tirara fotos de determinados seres com muita vontade porque exerceram algum tipo de atração. "Um estudo antropológico", dizia,
Um café ali, água para o Rex, suco depois, um bolinho de bacalhau, mais água para o companheiro e mais café e assim foi até voltarem para o almoço tardio dominical como sói às vezes que resolve sair de casa. 

Vestido com meiões e um velho shorts de ficar em casa, o frio que sente revigora suas sensações, fazendo os pelos eriçarem: ainda está confortável com a temperatura; sabe, claro, que daqui a pouco irá para o quarto percorrendo o corredor de luz mortiça e aconchegar-se no quarto pela cama desfeita anteontem.
"Foi bom passear pelo centro, acho que me fez bem", pensou.
Seus amigos de espaço já estão lá, no tapete grosso felpudo. Ele ainda não. Adormece gostosamente acordando no meio da madrugada com os braços e ombros frios; trata de levantar-se catando cavaco... Tontura. Reconforta-se quando vê os bichos quentinhos e os pesados edredons esperando-o, e então, o corpo se joga pronto para viajar sabe-se lá por onde depois do passeio ali por perto.

http://www.behance.net/gallery/Old-downtown-Sao-Paulo/2246040

VIAGEM LXXX - LEMBRANÇA ÚNICA

Reprodução [sítio abaixo]
Foi o que chegou para ele naquela madrugada de domingo
Sem endereço eletrônico confiável, quase sem nada. Vamos ao que foi escrito


Quais lembranças você traz pela vida? 
Porque nenhuma delas vai ficar, tampouco será lembrada no futuro pelos outros.
Porque? Ora, no fim você saberá o porquê.

E você acha que desde os tempos em que os gregos micênicos dominavam parte do Peloponeso e do Egeu (antes, bem antes de Esparta brigar com Atenas), algumas das lembranças que tiveram estão ainda por aqui? 
Ou mesmo em Cnossos, no labiríntico cérebro dos heróis que voavam que venciam que eram os maiorais.. O que ficou das lembranças deles por Creta?
(conhecimentos são outros 500, como se dizia em tempos antigos; conhecer não anda junto sempre do lembrar)
Lembranças e recordações se traduzem em emoções únicas nas quais a mente, perversa por vezes, perpetra vividamente enquanto vivemos e em outras - mais perversa ainda - são apagadas porque assim que "deve ser".

Quais são suas lembranças?
Desde tempos de crianças, alguns amigos da infância vão se perdendo: aquele que se matou na adolescência, outro que mora longe, mais um que... Você não sabe o paradeiro desde que se separaram.
Será que vai se lembrar da voz daquele que se matou aos 19 anos?
E vai se lembrar com exatidão dos rostos dos professores que o alfabetizaram?
Por certo que lembrar-se-á com dificuldade; alguns homens nem escarafuchando o arquivo morto da mémoria conseguirão.

Então, quais são as lembranças?
Dos bons tempos?
Quais são?
Dos tempos de juventude?
Porque?
"São os melhores anos de suas vidas" afirmam por aí desde tempos que lá se vão perdidos em décadas por séculos sem fim.
Quais?
Do primeiro trabalho?
Aquele que você ganhava quanto mesmo...?
Da primeira esporrada que você deu no banheiro?
Que cor era o azulejo manchando pela cor esbranquiçada, da cor do leite?
Primeiro amor?
Como ele(a) era? O cheiro? A roupa?
E o riso, qual pessoa lhe trazia o riso mais alegre?
Do amigo palhaço que ria de todos?
Da primeira invertida - rasteira de dar com os dentes no duro chão - que a vida lhe preparou com "amor, carinho e esmero"?
Porque depois vieram muitas e para se lembrar fica difícil.

Quanto às lembranças do começo deste escrito, elas irão embora junto com você; só com você para não se sabe onde. 
Não é para a lembrança dos outros que irão...
Mas isto você já sabia (nem adianta dizer que não...).


http://www.flickriver.com/photos/15632944@N00/popular-interesting/

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

53 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - LEITURA CONDICIONADA

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Está por acabar de ler o livro - o rascunho, claro - que o "amigo" veterinário enviou a ele na semana passada, com 180 páginas, em fonte arial, 11, espaçamento 1,5. Sem revisão e os erros logo não tardaram em aparecer saltando aos olhos logo na primeira página, no segundo período: um erro de concordância.
Em outras épocas nem tão distantes assim, estas erros crassos para ele o fariam desistir logo da leitura e jogar no lixo os rascunhos enviado de quem quer que fosse. Nestes dias de hoje, mais paciente com tudo, não se deteve nos erros e seguiu com afinco as ideias sobre cães e gatos.
As fotos vieram em outros arquivos em alta resolução, em um total de 17, todas coloridas e muito aconchegantes para os aficionados pelos pequenos e bitelos animais de estimação. Havia de tudo: cachorros grandes com gatinhos, gatas amamentando cachorrinhos, amigos velhos, novos, dormindo juntos, comendo no mesmo vasilhame.
Um verdadeiro deleite para olhos cansados como os dele.

--- Pronto, acabado! Amanhã começo reler. O que falta, além de uma revisão acurada, é selecionar qual foto vai em qual página. Bem... Acho que agora consigo ir embora depois desta tarde de intensa leitura manchada por tantos erros, mas que mesmo assim me tomou toda atenção. O livro é interessante e as fotos vão compor um bom conjunto vendável nas prateleiras das livrarias de São Paulo e do Brasil.

São mais de 15h e o estômago lhe avisa que o café com bolacha água e sal já se foram faz tempo e que existe um enorme buraco negro nele. Ainda dá tempo de correr à padaria e pedir um prato executivo.
O elevador nesta hora está cheio porque muitos funcionários voltam do almoço, parando em vários andares dificultando sua saída e fazendo a barriga roncar feito o Rex quando dorme a sono solto e pesado.
Por um átimo, à frente da porta giratória da padaria movimentadíssima como sempre, ele se detém e analisa a possibilidade de ir se fartar em um outro local. Uma razão exprime a parada: seu amigo de sorriso metálico, sempre escancarado movendo-se com rapidez não se fará presente. Sim, a comida é muito boa, mas ouvir piadas, ganhar um cafezinho extra de graça e ouvir as últimas faziam de seu almoço lá um acontecimento.

--- Tenho fome. Vou aqui mesmo porque o serviço nem demora e os pratos são no capricho. E tudo o que eu quero é algo caprichado, por não basta ser bom, como no lance do livro, mas sim não deve haver erros; aqui não há: é garantia de bom tempero. Só não rirei das piadas porque não há ninguém para contá-las para mim. 

Entra e mesmo não sendo fã de ar-condicionado não pode deixar de sentir um alívio refrescando todo seu corpo coberto por um terno escuro e o pescoço engravatado. Sua fome aumenta vislumbrando um refresco no suor que empapa seu pelos. Um prato de bom tamanho, com salada variada e carne gorda, deve aplacar a "dor que deveras sente" sem fingimento algum. 
O suor vai desaparecendo conforme ele vai comendo. Também, posicionou-se perto do moderno aparelho chinês que luta e vence para refrescar o ambiente decorado com motivos portugueses. "Estes chineses querem dominar o mundo, tudo é feito lá! Eu espero estar morto se e quando isto acontecer mesmo.

A primeira coisa que faz ao chega em casa, quase na hora de sua série preferida na TV paga, é livrar-se da gravata cinza pendurando-a no mancebo logo à entrada. Aprendeu com o tempo que se a colocar à altura da boca do Rex, em poucos minutos ela estará toda babada, amassada e comida nas pontas.
Deitado no velho lugar de toda vez, lá pelas tantas horas, o conselheiro-mor e o príncipe herdeiro ainda com o osso de brinquedo na boca se achegam perto dele. Já passa da 1h e o brisa fresca da quente noite de verão vai embalando seu sono até que ele apaga e por algumas horas quedar-se-á ali.

Na fria Escócia, no frio - mas protegido castelo -, o sol entra mirrado pela pequena janela emoldurada por pedras vindo de algum lugar ali por perto mesmo. Sem necessidade de ar-condicionado algum, ele supõe, em qualquer lugar do norte das ilhas separadas da Europa há dezenas de milênios. Ao acordar, cedo usualmente, os pés no chão o fazem lembrar que descalço é que se desperta mesmo: o frio o faz lembrar que a vida é dura e pode ser triste (não exatamente juntas).
Sem cheiro de café, vai à janela e o tudo está na ordem perfeita com o fosso de águas turvas, a ponte levadiça suspensa e os sentinelas guardando-a sem erro quaisquer. Ele vê ainda que são os mesmo homens de outro sonho, ou seja, são aqueles que se misturam em sua vida oniricamente.
Um rápido olhar do rapaz à esquerda para cima, visando sua janela e o cumprimento com sorriso largo e determinado, cruza com o dele. Por ali, não passarão pessoas que não se fizerem anunciar. estão em uma sacada que se sobrepõe à ponte; também protegidos para que protejam.
'Mas quem? Não vem ninguém aqui já tem um tempo que nem sei mais quanto tempo'. Devem estar lá para algum tipo de proteção, um quê a mais neste quesito neste dia de sol intenso e de azul cristalino que mais se parece com um branco de tom azulado.

Acorda quase de manhã sentindo a chuva que cai leve em seu corpo, levada pelo vento pesado que se espraia pelo apartamento. Meio tonto e ziguezagueando pelo corredor, segue até a cama; a janela do quarto esquecida aberta refrigerou seu castelo dentro do seu cômodo de conforto. Agora, o ar-condicionado é o dia lá fora.

http://www.i-sells.co.uk/air-conditioning

terça-feira, 9 de outubro de 2012

VIAGEM LXXIX - TODO DIA É DIA DE DIRIGIR

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Arrastados dias eram em que ele não podia sair para procurar seus "queridos amados(as)" de convivência pela grande urbe da América Latina porque, por algum motivo, impedido ficava de sair de casa; tais motivos se resumiam apenas em uma doença física que o atingisse com dor forte e insuportável: enxaqueca, torcicolo e alguma escatólogica - esta realmente quedava-se impeditiva para ele. 
Certas andanças por São Paulo ele as fez com dor à base de muito remédio para controlar; porque à dor física, ele não se submetia facilmente já que sua urgência em realizar o que descobrira como a melhora do mundo não deveria esperar nunca.

Dor física, porque a emocional... Esta, no caso dele, aparecia como curável e, portanto, sem tratamento, pelo menos nos últimos tempos. Consultou-se com um psiquiatra durante uns anos, logo na casa dos 20 até quase os 30 para "curar" todo o marasmo da adolescência - porque já era diferente da maioria, hoje ele tem que é diferente de todos - e da sdua solidão optada no período mais chato de sua vida. Ainda pensava que se pudesse teria pulado dos 12 para os 20 anos em um dia só. Foi medicado com diferentes tipos de drogas.
Lembrança de quando não saiu em seu semi-novo sedã de velho neste anos fica faltando: em 2012 não foi acometido de  nenhuma doença, o que o fez trabalhar além do expediente de administrador de renda - dele e de mais alguns parentes - por todos os dias, diuturnamente "e quer coisa melhor do que isto? Poder escolher na hora, todos os dias, apenas saindo por aí sem que ser vivente algum sabia. Todo dia é dia e assim que será até o fim de vez de todos os dias deste tempo tão vadio".

Em dias quentes, modorrentos, pelos bairros afastados de São Paulo iam ao encontro de sua leseira gostosa de ficar um pouco mais no carro, dorogindo devagar, vendo as pessoas e observando um(a) outro(a) que chamasse mais sua atenção. No rádio, uma música baixa sem preferência por estilo, desde que não fosse um modismo babaca, como a maioria dos milhões é; braço para fora, cigarro na mão e o chocolate derretido pelo chão, pelo banco desmanchando o cheiro pelo carro.
Estes dias se seguiam para ele alegremente porque sua dor emocional para trás ficara e hoje, são como ele decidira ser, o transformava em um sereno homem para que pudesse sob o sol sacar qual deveria ser o trabalho. E claro, litro e meio gelado de água à sombra do painel em uma sacola térmica.

http://aqua-city.blogspot.com.br/2012/08/driving-to-texas-for-fun-and-profit.html

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VIAGEM LXXVIII - VESPAS LARANJAS ZUNEM

Reprodução - vespa voando [sítio abaixo]
Viagem de vida é
vespeiro na
certa para você meter a
mão; em minutos de 
melindres causando o
inchaço do veneno
de cada uma delas - as
vespas que 
viajam velozmente para
vigiar o 
trabalho de outros,
de tratados outros que não existem...
(quem afirma que tratados humanos são respeitados?)
Deste mundo vivaz, viver é
negócio grande, numa
nuvem nimbos que
de tão longe
acinzenta o céu de antes...
Antes era de um azul- alaranjado límpido,
calmo e sereno e pelo 
ar debaixo deste azul de riscos laranjas, as
vespas voavam 
zunindo em 
preto e laranja
zunindo em preto
e laranja, listras que se tornavam quase
invisíveis, 
 batendo freneticamente as
asas até ensurdecerem todos à
volta, roubando a mansidão porque é
um exército de centenas de
milhares, sôfregas
em busca daquele cheiro debaixo do
azul, o cheiro doce da calma...
(entre vidros quebrados... depois de tanta queda e discussão, turvamos o sangue, 
o meu junto ao seu, manchando os pequenos estilhaços moídos)
O cheiro de mim em você.
E o cheiro de você em mim.

http://www.natureconservationimaging.com/Pages/nature_conservation_imaging_woodland_hedgerow_deadwood.htm

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

52 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - ESCREVER PARA QUÊ?

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Diante de sua estante que vai do chão ao teto, tantos livros de todos os tamanhos - novos e velhos, com todos as ortografias do português do século passado, e também dvds, cds, atlas, pesos e alguns porta-retratos; cinzeiros e uma ou outra planta por ali. Tem também uma vidro trincado na última divisão, onde ele guarda revistas antigas e também apontamentos de anos atrás feitos em blocos todos com orelhas.
Sobre a mesa de madeira e metal, quatro pés bojudos que sustentam todo o peso do objeto, mais os computadores, telefones, papéis, canetas, lápis, um doce, as pastas... E os seus cotovelos muitas vezes. Sob ela, o chão branco fosco xadrezado e um cesto de lixo metalizado.
Uma imensidão de letras e palavras impressas que não se sabe onde caberia em uma coleção particular. Perde para aquele que ele possui em casa, no quarto dee estudo, novo e reformado há menos de um ano o qual oferece um bom refúgio às noites de insônia.

Mas para que tanta coisa escrita? E porque se escreve tanto assim? O homo sapiens sapiens dedicou e dedica tanto tempo para o ato. Para que? Para melhorar tudo nesta vida?
Ganhar montes de dinheiro deve ser um razoável motivo; e decerto não é o primeiro a impulsionar o escritor - amador ou profissional - a fazer de suas experiências reais ou imaginárias fatos conhecidos e discutido por pessoas de todo e qualquer "canto do redondo" planeta Terra.

"Porque escrever para se tornar rico não é. Leva-se o que quando estamos no ato solitário de escrever? Mesmo ainda que as pessoas não curtam ler tanto assim como eu gosto - claro, isto é só uma diferenciação e não uma qualidade -, é por demais cansativo ver tanto esforço ser incompreendido, ou o que é pior, e bem pior... É o esforço para nada. Poprque ler um livro não é como ver uma foto ou uma escultura, ouvir uma música, sair cantando pelo dia. Não, totalmente diferente".

Bem pouco tempo atrás, lutava ferozmente para incluir a tal leitura de livros no mesmo patamar de quando se ve uma foto e tudo o mais citado aí em cima por ele. Porque ver uma foto é na hora, instântaneo prazer; escutar uma música - igual! É de um imediatismo que deve invejar os hedonistas. Ler demanda tempo e atenção. Demanda experiência e desejos de ser mais experimentado pela vida. 

"Vivo me perguntando aqui editora, sem que ninguém saiba, evidente, 'escrever para quê mesmo'? Conhecimento? Reconhecimento? Fama? Holofotes? Tornar-se objeto de desejo sexual-intelectual? Não creio..."

Entre os projetos postos à mesa, o livro do amigo (?) veterinário sobre a amizade cães e gatos, tornou-se de dias para cá seu mais querido estudo. Desconfiado de tal ideia no começo, percebeu hoje pela manhã ao ver o conselheiro-mor e o príncipe herdeiro grudados como poucos são vistos por aí, atentou-se que dá parta ganhar.
Terminará de ler o manuscrito entregue em folhas soltas e numeradas à mão tão logo acabe a tarde de quarta-feira, lá pelas 21h... Porque, para escrever e ler o que foi escrito, o tempo conta pouco, pelo menos como o conhecemos, ele é café pequeno. 

http://www.ehow.com/how_4464906_write-book-28-days.html