sexta-feira, 30 de setembro de 2011

18- ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - MURALHAS II

"Estes romanos foram mesmo incríveis. Perto daqui havia aquele acampamento legionário na Escócia.
E olho para baixo ainda vejo as ratazanas tentando escalar. Muralha alta.
Vejo que tantas são estas que desvio o olhar e atento sigo o céu mais ao sul, vento de maresia ainda, vejo quilômetros dali Inchtuthil. Lugar mais ao norte de todo o império que os romanos chegaram e estabeleceram o maior forte da região, eu acho... Estes romanos... Do centro da Escócia ao Médio Nilo lá no Egito. Incríveis!".
Sempre acordava do mesmo jeito, de barriga para cima visualizando o sonho, quando lembrava bem, e se via lá. Etéreo junto com aquele som dos carros andando em rua molhada, a chuva fina batendo na sacada... Uma fronteira.
Afagos logo vinham e ele sempre sorria com o canto da boca. Um bicho laranja que ele adora.
Realidade. 
Estão se olhando e ele teve a ideia de trazer um companheiro para o gato. Filhote que era, Felino com nem 1 ano, ainda saía correndo pela casa em disparada por motivo... Sabe lá qual; e ele ria. Adorava dormir encostado e na hora do café vinha a lhe enroscar às pernas.
--- Vou trazer um companheiro para você. E eu já sei. É, tá miando né? Sabe que eu estou falando com você sem muralha, nem nada. E aqui não tem aquele bicho.
Olhava para ele e aconteciam segundos de felicidade. 
Um cachorro, tamanho médio. Adotará um naquela mesma semana. Felino foi assim também, de repente. E ele que nunca vira muita graça em gatos na vida.
Sendo quarta-feira, comeu tudo o que encontrou na geladeira, doces, salgados, doces e frutas.
--- Um cachorro bebê! Para você não ficar mais sozinho o dia todo.
Quando estava no castelo escocês a sensação de ar gelado envelhecido causava alguma espécie nele, algo que remetia à solidão de andar por escadas, entre vastos andares, intrincadas e silêncio. Os blocos de pedra. Ninguém na muralha do lado de dentro. E do lado de fora - "ali fora?" - os roedores asquerosos com aquele jeito de cheirar o ar, mexendo os bigodes, tentado adentrar. Caem e sobem, caem e sobem.
E decide que aqui deveria ter mais um bicho habitando.
--- Um cachorro com certeza Felino!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

URBANIZAÇÃO CONCENTRADA E DESCENTRALIZADA - II

EM TERMOS REGIONAIS
Aqui em 'Terra Brasilis', ao longo do processo de urbanização - iniciado em 1532 com a fundação de São Vicente (SP) -, não se verifica hoje a MU em nível nacional nem sob o viés populacional/demográfico nem sob o viés econômico. Ocorre que em algumas regiões detecta-se ambas concentrações e outras apenas uma delas (na verdade são complementares), portanto, eu, não as encaixo no fenômeno típico ao qual discorro com razoável modéstia. Lembrando que me referi à postagem anterior sobre MU em nível nacional.

Pode-se pensar que a região da Grande São Paulo fizesse a MU ser detectada aqui no Brasil; isto não procede, nem em aspectos populacionais, tampouco em econômicos.
(financeiramente não conta né? porque a cidade de SP é disparado em primeiro lugar!) 
A RM de SP tem, segundo o censo, mais de 19,5 milhões de habitantes, pouco mais de 10% do total de brasileiros; mesmo se agregarmos a este número a RM do Rio de Janeiro, com mais de 11 mi, chega-se a um número < que 20%. Lembrando que, segundo o censo 2010 do IBGE, a proporção de paulistanos sobre o total de São Paulo diminui ~1%, de 28,2 para 27,3; pode parecer pouco, mas é uma tendência que vem acentuando-se desde 1980, quando atingiu seu pico: 33,8%. Então, em 30 anos menos 6%. O que só pode ser bom.
Também no aspecto econômico - em números do PIB - a MU aqui não encontra suporte. Verdade que o Estado de São Paulo produz 33% do total do Brasil e a RM da GSP cerca de 17%, mas são números distantes dos exemplos citados na postagem anterior (no Estado de São Paulo, a capital faz cerca de 36% do PIB). 
E, culturalmente, em que pesem a favor fatores para São Paulo e Rio de Janeiro, temos Salvador, Recife, Porto Alegre, Manaus, Belém, Belo Horizonte e Curitiba dentre outras cidades e/ou capitais. Vale lembrar também que Brasília e São Luís são inclusas. Todas estas dispõem de uma rica variedade cultural em vários aspectos, bem como vastas áreas do grande interior do País-continente.

Entretanto, quando se fala em termos regionais - entenda-se estadual - a MU é constatada em determinados Estados, nos quais, em geral, há uma clara predominância de uma cidade (em geral da capital) no que se refere à concentração econômica e demográfica/populacional. Por exemplo: 
a. Amazonas. Manaus, 52% (1,8 mi) da população - a 2ª > cidade, Parintins, não chega aos 115 mil; mas,  produz exorbitantes 81% do PIB estadual.  É um caso clássico nos 2 aspectos. Acresce-se o fato de que o Amazonas tem grandes áreas despovoadas e Manaus é a - única - referência no Estado. Tem o 6º > PIB municipal da República Federativa do Brasil.
(O Estado é a < UF, com quase 1,6 milhão de km²; > que a soma da Região Sudeste com a Região Sul e/ou > que toda a Região Nordeste)
b. Amapá. 59% vivem na capital Macapá, que produz 63% do PIB; se agregarmos o vizinho município de Santana, teremos um concentação populacional de 75%.
c. Piauí. A MU se expressa mais claramente em termos econômicos porque somente o município da capital, Teresina, responde por 45% do que o Estado produziu em 2008. Ainda que tenha 815 mil habitantes e o 2º > - Parnaíba - tem 145 mil, este "valor" chega a 26% e não é suficiente no Estado para que a MU se apresente de fato neste fator; e olha que o sul piauiense apresenta uma das menores taxas de habitantes por km² de todo o Brasil.
Reparei que quanto melhores forem os indicadores sociais e econômicos as chances de o processo de macrocefalia urbana fazer-se presente diminuem, quiçá na mesma proporção.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

URBANIZAÇÃO CONCENTRADA E DESCENTRALIZADA - I

MACROCEFALIA URBANA - CIDADES
Macrocefalia urbana (MU) é um conceito que se aplica com mais frequência a países de industrialização tardia e a países subdesenvolvidos e com médio grau de desenvolvimento; refere-se ao crescimento das cidades. Na parte rica do globo terrestre, este processo atualmente não é encontrado. Este grupo gerou um desenvolvimento econômico nas cidades mais planejado e já apresenta há algumas décadas baixo crescimento populacional. 
Tudo o que a parte pobre não teve ou ainda não tem.
O que é então MU?
Compreende-se que ocorre a MU quando há uma  cidade "X" em país um "Y" que concentra boa parte (por vezes mais da metade) das atividades econômicas - serviços e indústria - e das atividades culturais. Mas, principalmente, em meu entendimento, quando poucas cidades (pertencentes em geral a uma divisão administrativa tão-somente), ou mesmo uma, concentram considerável parte da população absoluta e relativa do território nacional; há uma grande concentração destes fatores em um pequeno território. Isto pode se repetir em nível nacional ou mesmo regional. Urbanização concentrada.
Traduzindo: países com urbanização descentralizada não apresentam, a rigor, macrocefalia urbana.

Então, quais países encaixam-se na categoria de MU?
Vizinhos nossos. São dois os primeiros que me vêm à cabeça: Uruguai e Argentina. 
Vamos lá. 
a. Montevidéu tem ~1,34 milhão de habitantes (RM 1,65), o Uruguai tem ~3,34 milhões, ou seja, 40% da população total do país. A 2º maior cidade, Salto, não alcança 100 mil; acrescenta-se ao fato de a capital representar mais de 50% do PIB da nação. Ressaltando que culturalmente o Uruguai é Montevidéu. É um caso explícito de MU.
b. Buenos Aires, segundo o censo argentino de 2010, tem 2.890.151 habitantes de um total de 40,1 milhões. O número se refere somente à cidade; já a Grande Buenos Aires tem 12.806.866, que correspondem a 31% dos argentinos. A > cidade fora da GBA é Córdoba com 1.329.604 habitantes, porque a 2ª fica dentro da metrópole bonarense, La Matanza. 
E para deixar escancarado o fenômeno de MU na Argentina, a província de Buenos Aires (capital La Plata) tem 15,6 milhões de habitantes e juntando com a cidade de BA, chegamos a um número ~18,5 mi. Incríveis 46% do total de argentinos; cujos quais produzem também mais de 50% do PIB total. 
Outros países da América do Sul podem ser enquadrados na MU, como Peru e Chile. 
c. Lima (mais Callao, seu porto), a província de mesmo nome possui ~1/3 da população total, ou seja, 9,3 milhões de um total ~29 milhões de habitantes; a 2ª >, Trujillo, tem 785 mil. É o maior centro econômico e cultural da nação e que detém índices  sociais acima da média do país; Lima e província detêm mais de 45% do PIB do país.
d. Santiago; no Chile a MU também é evidente. A capital e RM não encontra rival à altura em termos número de habitantes e no peso do PIB chileno. A RM de Santiago (área que corresponde a província de mesmo nome), segundo estimativas do INE para 2010, tem 6,9 milhões de um total de 17,1 mi, + de 40%! Em um território que corresponde a menos de 3% do total de km²! Para efeito de comparação, diante do gigantismo santiaguense, as outras cidades excluindo a RM, não ultrapassam os 350 mil habitantes. 
Finalizando, a MU é um processo que a médio prazo não deve se manter em razão de ser uma "fonte" de estagnação econômica e social de outras regiões de países que a apresentem. Se no Brasil, em hipótese, ocorrresse a macrocefalia em números parecidos com os da Argentina, por exemplo, a GSP saltaria dos atuais quase 20 milhões para algo em torno de 55 mi (!) e o Estado de SP teria entre ~88 milhões!! Com acréscimo no PIB R$ 350 bilhões.

Em outros continentes este processo de urbanização se deu de forma similar como nas nações africanas que sofreram o mesmo mais tardiamente e demograficamente mais 'explosivo'. Lá, os índice de natalidade e fecundidade são os mais altos do planeta, em que pese o alto de mortalidade e um crescimento urbano - e econômico - ainda mais desorganizado que o latino-americano. Ambiente um... Tanto propício, diria, para que em alguns países seja constatada a MU (país, capital):
Senegal, Dacar; Tanzânia, Dar-es-Salaan; Angola, Luanda; Uganda, Campala; Congo, Brazzaville são alguns exemplos. Hoje a população da África é de ~1 bilhão. 
E na Ásia, creio que um exemplo de MU - ainda que não 'exatamente' - é a Indonésia, 4ª nação mais populosa com 237 milhões de habitantes. Só na ilha de Java vivem 136 milhões. São 6 pequenas províncias que concentram mais de 55% dos indonésios.
Urbanização descentralizada é um fator comum a nações de diferentes níveis sócio-econômicos: EUA, China, Índia, Rússia e Brasil. Canadá (35 mi) e Austrália (23 mi) são grandes países com pequenas áreas densamente povoadas em um meio de um grande nada de ninguém... Mas não podem ser enquadrados na MU no aspecto cultural e econômico; afinal são do clube dos bacanas.
Penso que concentração econômica, primeiramente, em uma ou poucas áreas pode ser um sério vetor contra o desenvolvimento social de uma nação.

domingo, 25 de setembro de 2011

VERBO-POEMA

Gerar e tentar
Gerir para não
Girar por aí sem
Expiar as culpas...? Mas sim
Espiar a consciência, melhor e 
Maior.
Suar para tanto, conseguir tudo
com a cabeça, sem sacrifício, a
Soar junto feito sino de metal a
Tinir às 18h. Para que, pergunta?
Para parecer transparente e
Aparecer, à minha íris em frente a Narciso 
não partido
Tampouco apartado de mim.
Verdadeiro e inteiro.
Varrer a expiação
Avistar vezes melhores à frente e
(avistar na caída das horas vespertinas, um dia, Vênus).
Ver que a tração de todo dia é
Trazer as tarefas de tudo do 
coração do 
cérebro e do
corpo
Rumar cada iniciar.
Remar sem rodeios para
Remar sem cansar como nas 
Galés de antigas glórias galgadas pela história
Descobrir, (re)descobrir-se.Grão por grão.
Até finalizar
Frente a frente a
vida.

17 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - MURALHAS

"Nas muralhas do velho castelo escocês, quilômetros acima da muralha de Antonino, ratos tentavam escalar a paredes com suas ágeis pernas e afiadas unhas; aproveiravam-se das ranhuras por entre as pedras e o desgaste natural de se quase mil anos.
No parapeito, debruçado, nada de sentir o cheiro da maresia. O que lhe vinha às narinas era fedor de rato de de fossas por aí. 
Desviou o olhar por um instante - permitiu-se porque a vigorosa águia lhe compunha nos ombros um arremedo de cão-de-guarda - e viu os restos do acampamento legionário romano de Inchtuhill, o lugar mais ao norte que o império sediado em Roma chegou no mundo. Não durou muito, desnortearam-se ao ponto de voltarem à muralha de Antonino.
Não era fim de tarde, o sol estava a pino. Sem calor, o vento gélido das Terras Altas abraçava seu corpo. As pedras sobrepostas pareciam blocos de iglu e as ratazanas marrons, cinzas e pretas continuavam a tentar escalar em busca, ele pensou, do pouco de calor que há dentro das muralhas.
O vento aumentava fazendo seus olhos lacrimejarem. Fechou-os. 
Era hora de entrar na torre, cerrar a porta e procurar algum lugar mais aquecido; seus pés doíam pelo frio e percebendo que estava sem camiseta, apenas de cueca começou a tremer".
Abriu os olhos, consciência. O ponto de sempre no teto permanecia lá, imóvel, impávido... E ele quase riu da palavra. Pulou-lhe sobre o peito Felino e ronronou pedindo carinho de calor.
Mexeu a boca que parecia uma ter cola dentro. Água! Visceralmente desértica. Levantou-se e o séquito de um foi atrás. E para variar, nesta primavera invernal, pelado, mudou a direção e entranhou-se entre edredons formados por listras pretas e gris. Deixou o gato aninhar-se no travesseiro ao lado.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TERRITORIALIDADE

(aviso desde já aos navegantes que porventura vieram a dar com os costados de suas naus por aqui, em "mares nunca dantes navegados", eu tive uma ideia mas ao longo da postagem acho que agreguei outra e deu no que deu... No fim, acho que fiz de algum jeito a conexão entre as duas)

I -
O que trato aqui, nesta postagem, é sobre uma questão que levanta polêmica, gera ufanismos meio idiotas, faz surgir a xenofobia e os nacionalistas manipulados exacerbados na defesa de sua suposta ou de facto terra. É, não mudamos muito desde antes das grandes civilizações na Ásia, como Mesopotâmia, dinastias chinesas e sociedades na Índia; claro que no período neolítico já havia deslocamentos humanos, coleta e até mesmo um início de agricultura - de cultivo à terra -, e a domesticação de animais.
Percebe-se então que a luta por terra entre nós começou faz milênios!

II-
Adiantando um pouco o tempo, até o século XXI, vemos que perdura o sistema de confrontação por meio de guerras de motivos econômicos, territoriais, étnicos e o pior de todos, em meu entendimento, de motivos religiosos.
Como estudo por conta própria história desde o período da Antiguidade, atlas antigos, mapas étnicos, geográficos e religiosos, dados demográficos e estatísticos relacionados, notei que o mapa da Europa sofreu e ainda sofre de problemas de territorialidade, conflitos étnicos-religiosos e movimentos separatistas. Fazendo um contraponto, há quase 110 anos que o Brasil mantém uma paz em sua fronteiras com seus 9 vizinhos mais o "ultramarino departamento" da Guiana Francesa, o que é uma façanha! Na verdade, a gente brigou mesmo em... 1899-1903 a última vez se não me engano, contra a Bolívia na Questão do Acre.
Esta paz fronteiriça não é comum para muitos países que vivem conflitos de todas as espécies (como os que citei acima) e é uma boa prerrogativa para o país se firmar como âncora da paz entre as nações com reverberações que vão além do subcontinente latino-americano. Temos 8,51 milhões de km² e nenhum, ressalto, nenhum movimento separatista; tampouco nos mais de 15 mil km de fronteiras terrestres não há sequer um movimento que pudesse ser considerado agressivo pelas Forças Armadas da República por parte dos vizinhos: a Argentina - (antigo) inimigo (uma idiotice sem tamanho!) a ser vencido -, e segunda economia e território da América do Sul mantém boas relações em vários níveis com o vizinho subcontinental (Brasil).
Portanto, somos um país de paz até agora. E nossas reivindicações territoriais foram resolvidas por intermédio de arbitrações internacionais, pelo menos boa parte delas. Incluo as Ilhas do Atlântico.

III -EUROPA
Já na Europa, o berço de nossa civilização (ainda bem, graças!), as disputas vêm desde os gregos antigos e se perpetuaram até o século XX no "centro" antigo e novo do continente e até o século XXI na "periferia" europeia: entenda-se por 'centro' (ainda que este conceito possa ser contraposto) países como - em ordem aleatória - Rússia, Alemanha, Itália, França, Reino Unido, Espanha, Polônia, Dinamarca, Impérios Árabe, Turco-Otamano, e Austro-Húngaro, Holanda e Suécia (e Portugal, pode ser?). Todas as guerras e interesses no continente tiveram estes como protagonistas em dado momento. Em 1945 acabou a guerra no continente: alemães vivem em  paz com franceses, italianos com ingleses, gregos com turcos, poloneses com russos, e por aí vai... Para dar alguns exemplos.
As guerras acabaram, seja dito, no continente, menos em uma das regiões da Europa.
Porque nos Bálcãs não se pode dizer que acabaram efetivamente! Lutaram (até bem pouco tempo) nesta região menor que o estado do Mato Grosso e com população de mais de 65 milhões de habitantes vários exércitos e povos de todas as épocas. Conviveram (e convivem) povos de antagônicas e próximas culturas, religiões, costumes e interesses. A cizânia alastrou-se.
Nos Bálcãs - uma península - há esta miríade estabelecida 'territorialmente' que nem sempre se coaduna com as atuais fronteiras entre os países, que são: 
Eslovênia, Croácia, Sérvia, Bósnia-Herzegóvina, Montenegro, Macedônia, Albânia, Grécia e ilhas, Turquia Europeia (Istambul está aí... ok?), Bulgária, Romênia, Moldávia e porque não parte sul da Hungria,  e (tequinho) da Ucrânia; e se tinha Ucrânia, havia a URSS... Russos também habitam a península, bem como italianos, alemães, judeus, eslovacos, valáquios (vlachs) e os ciganos - povo roma. 
Os eslavos constituem maioria na Bulgária, Macedônia, Sérvia, Croácia, Eslovênia, Montenegro e na Bósnia (reitero que religiosamente as coisas mudam...) acrescentado as minorias russas e ucranianas. Porém, há forte presença em determinadas regiões de povos germânicos, túrquicos, magiares (húngaros) e na Grécia, os gregos... rsrsrs; além de albaneses que se espalharam também pela Sérvia, Bósnia e Montenegro, e na Macedônia - onde são quase 1/3 da população total; há uma minoria grega no sul da Albânia. Merece nota a minoria húngara na Sérvia, 4%, mas primeiramente na Romênia, onde são ~11% e a minoria de ~10% de turcos na Bulgária.
E claro, a "grande ilha do 'Latium'" em meio a um mar eslavo: Romênia (e Moldávia), povo latino como nós. É o maior e mais populoso da região. Outros latinos - os italianos - se concentram na Ístria² e em algumas cidades e ilhas na costa da Dalmácia³.
Outros povos não-eslavos como alemães são encontrados em regiões da Romênia, Sérvia e Eslovênia, onde há presença de austríacos também. 
E tem Kosovo¹...
É uma "mixórdia" só em milênios de história, de idas e vindas, de ganhos e perdas, de alianças, de reveses nestas mesmas
E dura até hoje. 

IV - 
Há o fator língua, alfabeto... Sérvios, assim como macedônios eslavos e búlgaros usam o cirílico; o grego usa o grego... rsrs (originou o russo, que é cirílico), croatas usam o latino, assim como os albaneses, bósnios, húngaros, romenos e turcos (com variantes, evidente). Mas tanto sérvios quanto croatas, montenegrinos, macedônios, eslovenos, búlgaros e  parte dos bósnios são eslavos. Que misturada!
E o fator religioso só contribuiu e contribui para que a coisa se complique um tanto mais: há cristãos majoritariamente - ortodoxos, católicos e protestantes  - e muçulmanos minoriariamente, de maioria sunita.
Os ortodoxos são maioria em todos os países contínuos, com exceção da Albânia, Eslovênia e Croácia; há, porém uma minoria islâmica espalhada por quase todo os Bálcãs; na Hungria católicos prevalecem, seguidos pelos protestantes.
Na Bósnia 40% são muçulmanos - eslavos islamizados em sua maioria que contituem o maior grupo unitariamente; na Albânia, mais de 75%, com minoria católica. Em Montenegro 18% e na Macedônia 32%. Há também os turcos minoritariamente espalhados pela Bulgária - por exemplo, onde são 12% -, Macedônia, Grécia e Bósnia que professam o islamismo.
Entretanto, na Romênia e na Sérvia (excluindo Kosovo então...) os ortodoxos são mais de 95% do total, mesmo ocorre na Grécia, a ponta da península; Bulgária, 85%; e Montenegro ~75%; Macedônia quase 2/3. Na Croácia os católicos são 88%, com minoria protestante e na Eslovênia são ~60%.
Na Bósnia-Herzegóvina, os cristãos são maioria, quase 60%: sérvios ortodoxos, 31%, croatas católicos, 15%, protestantes em geral, 4% e outros.
Eita! 

V -BRASIL
É bem interessante a história do lugar, uma região de encontro de muitas civilizações, muitos povos, línguas... Interesses comuns entre alguns, interesses contrários entre outros que permeou a história desta região da Terra.
Enquanto que no País-continente, somos absolutamente e resolutamente coesos em nosso imenso território; e isto é nossa maior força. Somos mais de 190 milhões que nem sequer pensam em realizar movimentos de carácter separatista. Somos uma União indissolúvel. Não há "guerra" - por motivo qualquer que fosse - entre estados e/ou municípios. Nem lutas dentro de estados e/ou municípios, ora!
Falamos um mesmo idioma do Oiapoque ao Chuí, da Serra de Contamana à Ponta do Seixas, com pequenas variantes: quiçá o maior legado que Portugal nos deu.
Somos cristãos majoritariamente e razoalvemente tolerantes com aqueles que não o são.
E temos os nossos problemas estruturais que ainda não foram resolvidos.  
Educação, o primeiro deles.
Nossas mazelas estão aí à mostra, a olhos nus. Políticos canalhas, corrupção, tráfico, extermínio de gente.
Entretanto. 
Todavia.
Contudo, aqui no País-continente, não temos aqueles problemas tampouco aquela mistureba (uma ruim, porque a nossa é boa!) de gente/religião/costumes/povos... Guerras! Não as temos, pelo menos não "oficiais", digamos.
Aproveitando as falas da senhora Rousseff na Assembleia da ONU, o Brasil pode ser sim membro permanente do Conselho de Segurança (CS), com todo o bônus e todo o ônus que este reconhecimento possa acarretar. O lugar não é para brincadeira tampouco para interesses partidários (que seriam mesquinhos) dada a importância da cadeira no CS.
Deve ser uma política de Estado de uma nação que pensa pelo Brasil e pelo mundo, agora e depois. Estaremos lá não apenas para defender nossos reais interesses - que devem ser legitimados pelo povo brasileiro -, mas também tentar preservar com todos os esforços a Paz Mundial: este conceito sempre em primeiro lugar.

¹(Que, eu, não reconheço como um país de fato. Tem uma parte  que é muito importante para os sérvios - um monastério - que marca o povo como cristão ortodoxo fazendo parte da identidade religiosa deste povo - o sérvio, refiro-me. Estão lá antes dos turcos-otomanos invadirem e levarem o islã até a Bósnia, Albânia e Kosovo.Claro que isto de chegar primeiro nunca foi impedimento para ninguém em nenhum lugar, nem antes nem agora. No fim, até mesmo a Sérvia vai reconhecer 'de facto' Kosovo; faz parte do desejo de entrar para a União Europeia. Ok. Mas que pode ser um precedente e tanto esta secessão para alguns outros países europeus, como Bélgica, Reino Unido e Espanha, sem mencionar a Rússia; os dois últimos não reconheceram Kosovo como país independente. Na Itália parece que o movimento arrefeceu)

[Tem também Chipre que é um problema sem tamanho para Turquia/UE no processo de negociações travadas entre ambos para a entrada daquele no 'clube' deste. A ilha continua dividida entre o setor grego - parte maior - e  o turco. Acho um equívoco - para não dizer uma patetice - da Turquia apoiar a República Turca do Norte de Chipre, afinal é  ÚNICA nação no mundo a reconhecer a "tal" RTNC; lembrando que sou simpático ao islamismo moderado do Erdogan e espero que continue moderado porque é um exemplo e tanto como co-existência entre muçulmanos e cristãos...; mas isto é outro assunto]

²(península ao norte do mar Adriático, dividida em entre Itália, < parte, Eslovênia e Croácia, > parte)

³(região da costa leste do mar Adriático que apresenta um litoral recortado e com muitas ilhas; pertence à Croácia)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

VIAGEM VII

Vermelho, um
varapau a
voar veloz.
Viver vãs veleidades
vestido de preto, cinza e chumbo e violeta;
vermes viscerais
varrerão meu corpo da Terra
Vale para todos vorazes
em variações tantas que ao menos
vulpinos são os mais espertos, e os que mais se cansam
e de  velhas
Raposas, rápidas eu passo
Vi-me entrelaçado em ramos que parecem ser de
Vime que engancham em minha superfície.
Voltei, velho, avariado e mexendo em
vespeiro letal.
Agora, depois de tudo, velejei pelos mares "nunca dantes navegados"
como disse o
Vaz de Camões.
Verdade, virei e atirei às aguas e senti cada célula explodir como um vapor
vermelho, mesmo debaixo dos mares.
Vilão?
Vestes de suor tão apenas, como celtas enfrentando Vespasiano.
Vim para ver, para vencer e os vermes
Venceram-me

16 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - RATOS II

Durante a semana sonhou de olhos abertos com castelos, roedores, garras e perseguições. Implacáveis. ele pensava que me sua vida "real e de viés" não acontecia nada disto, a não ser oniricamente.
Chegando em casa, o seu castelo diário, há uma certa sensação de conforto. De ao fechar todas as trancas das portas de entrada e saída, ele pudesse ser, ou regrar, o que bem quisesse.
Porque de castelos ele estava ficando assustado. Poeira, cheiro de bolor, meia-luz.
Em casa à noite tudo aceso depois do cair da tarde; porque neste horário, de lusco-fusco era a melhor parte do dia em que podia fechar os olhos, deitar-se no chão duro e confortável e receber afagos do Felino rajado de preto e laranja e muito bigodudo.
Deixava uma fresta de porta aberta para a sacada e sentia o vento sobre o corpo, fixava um ponto no teto e ficava a imaginar suas viagens antes de dormitar como fazem alguns bichos; ali não havia ratazanas conscientes.
Chegara na segunda cansado e sentindo uma dor-de-cabeça agulhando suas têmporas... Chamou o Felino e ele, com languidez peculiar, caminhou até ele. Olhou para cima e olhou para o local onde ambos deitavam.
Foi um chamado compreendido.
Ali mesmo ele tirou sapato envernizado, calça, camiseta, camisa, terno. Ficou de cueca e meia pretas.
Descansar seria bom, ele pensou.
Ratazanas guincham. Águias ouvem.
"Sinto o cheiro de maresia, acordando em um quarto à meia-luz... Não sei se é amanhecendo ou entardecendo... 
O cheiro! Voltou, de maresia".
Sentado na cama, caminhou pelo quarto que não havia porta, somente duas janelas; abriu a menor delas e no parapeito a águia o olhou, descansando sobre. Andou com aquele andar meio desengonçado das aves e pousou em seu ombro.
Olhou para baixo e viu que estava perto do chão, poderia pular. Teve um desejo enorme em ver o mar que mandava recados de odores. Olhou mais uma vez e viu ratazanas a passear pelo chão perto do castelo.
Pedras grandes, frias, cinzas combinando com os roedores acinzentados, rabudos, grandes e destemidos.
A águia voou baixo e cravou as garras na maior delas... E o vento fechou a janela deixando-o do lado de fora.
Desta vez ele não despertou e seguiu no chão até a madrugada.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MINORIA ESQUECIDA - OS CANHOTOS


Reprodução, a incrível mão esquerda
Canhotos.  
O mundo não foi feito para eles.
Canhotos.
Fizeram parte da construção deste mundo.
Que, para a maioria, é único. 
O mundo é deles.
E os canhotos?
Que se virem. E hão de continuar a se virar
se quiserem vir a sobreviver no
Mundo, que de tão vasto, contempla uma só maneira de dirigir,
de conduzir e de
Fazer.
Esquecidos canhotos.
E quem se lembra de falar sobre este grupo. Quem?
A maioria é que não...
Canhotos, minoria diluída com delicadeza visivelmente autoritária
Tantas outras minorias estão se mostrando
Algumas minorias nem são minorias em número mas isto
Não importa em primeiro.
Importa a maioria do poder mais. 
De deter mais e os canhotos
de tão enquadrados que foram parecem que a si próprios esqueceram
O mundo é dos destros
Feito por todos este mundo aí. 
Relembrar que todos aqui habitam o mundo
e os esquecidos estão aí
girando, indo, voltando.
Minoria esquecida
Esquecem-se os destros que
Canhotos ficam mais destros que destros ficam canhotos.
Esquecidos e estranhos estes
Canhotos. Escrevem com a mão esquerda e dizem sobre isto esquisitices (?)
A "errada", a "do contra", aquela que não é boa
Canhotos. É assim, sem tirar nem pôr
Esquerda escreve, digita, presenteia, toca.
Canhotos então fazem tudo isto?
Canhotos fazem tudo isto e muito mais.
(para lembrar ao 'restante')
Eles não estão de brincadeira direita. 
De brincadeira esquerda. Valendo.

BREVE ANÁLISE DEMOGRÁFICA DE SÃO PAULO

41.262.199
São Paulo é o Estado mais populoso da República Federativa do Brasil, de acordo com os resultados do censo do IBGE feito no ano passado. Aqui, em terras bandeirantes vivem 41.262.199 habitantes, ou, 21,63% dos brasileiros, que somados - todos nós - chegam a 190.755.799; 5ª maior do mundo (China, Índia, EUA e Indonésia).
Aqui mora mais gente que na Argentina toda, mais gente que no imenso Canadá todo... Em um território de 248.808 km² (quase 3% do total), de tamanho 'pequeno' para os padrões brasileiros; para os padrões europeus, poderia ser quase um gigante: área pouco < que a do Reino Unido, > que Romênia, para citar e > que muitos outros. Junte Bulgária e Grécia.

Traduzindo, grosso modo, temos uma grande população em um território pequeno. Existe uma razão nesta conta aí, que é a tal da densidade demográfica: nº de hab/km²; em SP chega a 166,25, muito superior à média brasileira, que é de 22,34 hab/km².
Julgo caber esclarecer que a população brasileira é extremamente mal distribuída e SP, mesmo com os números acima que fornecem atenuantes neste aspecto, não foge "exatamente" à regra. Claro, nossos (falo com paulista aqui) espaços vazios, além de serem bem menores que a pouco habitada a Amazônia por exemplo, são menos escassamente povoados que boa parte destes "inabitadas" regiões do País-continente.
Temos uma grande concentração populacional na Região Metropolitana de São Paulo e também em um entorno de cerca de 180 km da capital.

Incluem-se aí, além da Grande SP, Jundiaí, Bragança Paulista, Campinas, Sumaré, Americana, Limeira, Piracicaba, Rio Claro, Sorocaba, São José dos Campos, Taubaté e Baixada Santista, para citar os maiores.
 É o que os demógrafos chamam de Macro-Metrópole Paulista¹ (MMP) (ver link abaixo), com quase 30 milhões de habitantes. Em alguns municípios a taxa chega a mais de 10 mil hab/km² e 33 com mais de mil hab/km².

Existem outras concentrações populacionais no Estado, que podem ser chamados de aglomerados urbanos, como os de Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto. Franca, Marília, Presidente Prudente, Araraquara, São Carlos e Araçatuba são núcleos de tamanho médio com expressiva população urbana.
Observando a "nossa Amazônia" paulista - regiões escassamente povoadas -  ela se concentra principalmente no Vale do Ribeira, na divisa com o Estado do Paraná. Lá, o município de Iporanga apresenta uma densidade demográfica de 3,73 hab/km², < que a do Acre, Tocantins, Amapá, Rondônia, Pará e Mato Grosso do Sul.

Macro Metrópole de São Paulo

Reprodução, em roxo a mancha urbana
Analisando o mapa do Estado de São Paulo, disponibilizado pelo IBGE² no link¹ logo abaixo, baseado no censo realizado em agosto de 2010, notamos que a cor vermelho-terra representam as maiores densidades populacionais, justamente no entorno citado e parecido com o mapa da Macro-Metrópole. Nesta divisão em quantis de cores, o vermelho-terra representa municípios que tenham ao mínimo 147,75 hab/km² e no máximo 12.519,1. Por outro lado o menor quantil - de cor amarela - representa municípios de 3,73 a 17,64 hab/km². Estes estão espalhados por todo o Estado, com exceção da área abrangida pela MMP.
(endereço no sítio do IBGE)
http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=35&dados=4

Como disse anteriormente, o Vale do Ribeira (VR) é a maior região extensa contínua de São Paulo mais escassamente povoada, com o maior município não chegando a 60 mil habitantes (Registro). A bacia do rio Paranapanema (perto da região de Angatuba e não longe do VR) e suas margens, o Pontal do Paranapanema, áreas do Noroeste e Norte (limite do rio Grande com Minas Gerais) e pequenas áreas do centro do Estado. Outra região considerável é o sul do Vale do Paraíba, segunda maior em extensão contínua e situada em área com muitas serras.
Os cinco maiores (mais a capital em 6º):
mun.                            h/km²             área
Diadema  12.519,10        30,8
Taboão da Serra  12.049,87        20,3
Carapicuíba  10.680,08        34,6
Osasco  10.411,79        64,0
São Caetano do Su   9.708,79        15,4
São Paulo   7.387,69   1.523,3

Os cinco menores (o > deles não alcança 8 mil hab.):
Nova Castilho    6,14      183,2   
Sto Ant.do Aracanguá    5,83   1.308,2   
Lutécia    5,71      474,9   
Marabá Paulista    5,24      917,7   
Iporanga    3,73   1.152,1   

Os dados podem ser analisados e compilados no sítio do IBGE, que, reitero, é um tanto confuso, mesmo para quem lida com ele com frequência. Um novato que for navegar vai sofrer tempestades e borrascas, como se dizia antigamente.
IBGE muda o lay-out do sítio!
Valeu!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

15 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - RATOS

"Ratos rondando.
Roubos. 
Relacionam-se desde tempos... Milênios atrás.
E eles andavam pelo castelo escocês procurando sempre não sair ao sol.
Águia, perscrutadora e velocíssima cairia como um raio certeiro enfiando-lhe as garras na ratazana, que se multiplicam mesmo com a morte à espreita.
Resilientemente".
A manhã chegou sob chuva fina e o dia seria bem longo. Animou-se: horas corridas, vendo gente, dirigindo, atendendo.
No banheiro, curvando-se à natureza fisiológica do litro de água bebido à noite, pensava nos ratos correndo e guinchando mexendo os bigodes extensos e tácteis.  Cinzas como o céu do sonho e grandes.
Porque no castelo de novo tornou-se a pergunta do dia. Nunca fora para Europa, muito menos à Escócia. Gostava mesmo do uísque de lá que teve que parar por conta da hepatite contraída décadas (mais temporalidade... Além dos milênios) por água contaminada naquela viagem.
Se fosse para lá, o verão quedar-se-ia a melhor possibilidade. 
Tentou se recordar se havia vindo às narinas o cheiro de maresia... Não conseguiu mas acabou por intuir que o cheiro se fizera ausente desta vez. Estranhou, porque nos sonhos o cheiro vinha gostosamente fazendo se sentir e depois de forma explícita e crua.
Acabou e coçou logo embaixo. Saindo do banheiro, descalço sentindo o chão gelado da cozinha, Felino logo veio fazer seus carinhos matinais e famélicos, ronronando como só ele sabia fazer.
"Tem voo direto São Paulo-Glasgow?". Sorriu com a possibilidade de poder ir viajar nas férias.
Café na xícara grande. Meias, cueca, calça... Terminou engravatado. 
Coçou a cabeça do gato e saiu com o guarda-chuva na mão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

14 - ALEATÓRIAS HISTÓRIAS - NU EM TROVAS

Sentia andando pela casa um leve frio que trouxe conforto naquele domingo arrastado, preguiçoso. Era quase noite e a aragem vinda de fora veio em boa hora.
Nas trovas que tentou escrever, escreveu. Mas não havia a quem mandar. Felino, sabedor disto - era o que pareceu a ele - pulou na mesa do computador e languidamente deitou-se, espreguiçou-se embaixo do monitor e murmurou um miado misturado com seu ronronar. 
Nas trovas... Bem, fez algumas antes do ato do gato, nu ainda, porque pensou que deveria se dispor a se despir se quisesse algo cru, verdadeiro como seu corpo que começava a sentir a queda de temperatura. Juntos os pés um tanto grandes para o seu tamanho para esquentá-los.
Deveria mostrar para alguém? Quem se interessaria em trovas baseadas nas feitas no século XV?
Ainda sentado, coçou-se, também ao gato e pediu que saísse de lá.
E foi se deitar no lugar de sempre, onde ambos dormitavam e dormiam quase todo dia.
"Calma, eu já vou deitar. Não precisa ficar miando para me chamar. Eu vou".
Leu e releu. Corrigiu. Foi buscar como era o português escrito daquele tempo.
Conseguiu escrever duas, mas duas de bom tamanho de linhas.
Absorto em frente ao pc, ele ouviu mais um miado. Voltou à consciência.
Salvou. Deixou tudo ligado e foi se deitar no carpete magro.
Felino se ajeitou ao lado de seu torso e dormiu; ele ainda fixado nas trovas, se viu percorrendo ruelas de Lisboa dizendo/cantando as trovas que fez para quem...
Ficou minutos divagando.
Até que sentiu um vento mais forte. Seus mamilos despontaram e sentiu frio.
Voltou-se para o quarto com o bichano preguiçosamente atrás dele. E nu, deitou -se sob os edredons. Despediu-se incoscientemente da consciência. E dormiu pesado.

domingo, 11 de setembro de 2011

AS CORES DO BRASIL

COR DA GENTE TODA

Reprodução
Mais dados foram disponibilizados pelo IBGE acerca do censo realizado em agosto do ano passado. São tantos dados a serem compilados pelo instituto que a tarefa faz os trabalhos de Hércules parecerem mel na chupeta.
A divulgação teve início em novembro, com dados preliminares. Hoje, as publicações são em maior número. Quero aqui falar sobre um tema que provoca sentimentos difusos nos brasileiros do Oiapoque ao Chuí porque resvala no "velho e bom" preconceito que muitos de nós temos internalizados (e estes são de toda cor, orientação, origem e... etc) que é a questão da cor.
Da cor da pele. Porque ao realizar o censo, o IBGE apenas complia os dados sobre este item de acordo com o que o entrevistado responde. Então, pode haver algum tipo de erro, entretanto, vamos aos números para que a gente tenha uma ideia de a quantas anda a pele do brasileiro da Amazônia ou do brasileiro do Vale do Itajaí.

É necessário esclarecer que o IBGE tem 5 opções de cor para que o entrevistado 'escolha' com a qual ele se identifica: branca, preta, amarela, parda, indígena; há a opção "não declarada" (a cor, claro!). Estes últimos que não se declararam de cor alguma são exatos 6.608 brasileiros (as), o que representa em um universo de 190,7 milhões... Nada praticamente. em percentual é 0,003% do total. Merreca né?
Bem, voltando às cores que interessam.
Somos 190.755.799 brasileiros habitando este país-continente (obrigado portugueses e bandeirantes paulistas por isto) em um território de 8.543.616 km². Assim divididos para efeitos de estudo de demografia e estatística.
Quadro comparativo a seguir:
nºs absolutos
brancos 91.051.646
pardos 82.277.333
negros 14.517.961
amarelos 2.084.288
indígena 817.963

nºs percentuais
brancos 47,73%
pardos 43,13%
negros 7,61%
amarelos 1,09%
indígena 0,41%

Somos um país miscigenado quiçá o mais de todo o planeta. China, Índia tem população 6x > que a do Brasil o que pressuporia uma mistura de raças igualmente >: não é o que se vê. Na China, os amarelos (segundo classificação do IBGE), representam mais de 90%; brancos e negros chineses são 'infinita' minoria. O caso da Índia também não foge deste cenário. Verdade que na região do Himalaia há amarelos como tibetanos e os birmaneses, com o restante do país "branco" (não sei como os indianos se auto-denominam...). E na Indonésia a maioria esmagadora é de origem malaia e javanesa.
Os EUA, com ~305 milhões, se aproximam do Brasil na questão da miscigenação: as opções de censo aqui poderiam ser aplicadas por lá também. O que se vê, no entanto, é que a proporção de "pardos" seria bem menor (também não sei como eles classificam os descendentes americanos de hispânicos, nem os filhos de negros com brancos e/ou com índios) e a de negros seria maior que as proporções no Brasil.

Por UFs há um claro limite entre o Brasil branco e o Brasil pardo. A Bahia foge um pouco do padrão porque a população negra é a > de qualquer outro Estado (ganha até mesmo de São Paulo que tem população 3x >)

Dados para podermos visualizar com mais clareza.
1. brancos com maioria absoluta, em %:
01) SP- 63,91
02) PR- 70,32
03) RS- 83,22
04) SC- 83,98
2. brancos com maioria relativa, em %
05) MG- 45,38
06) MS- 47,28
07) RJ- 47,42

3. pardos com maioria absoluta, em %
08) GO- 50,01¹
09) MT- 52,41
10) RN- 52,48
11) PB- 52,74
12) PE- 55,30
13) RO- 55,63
14) BA- 59,96
15) AL- 60,18
16) RR- 61,25
17) SE- 61,39
18) CE- 61,88
19) TO- 63,12
20) PI- 64,02
21) AP- 65,23
22) AC- 66,29
23) MA- 66,52
24) AM- 68,88
25) PA- 69,52
¹ interesse notar a % do Estado de Goiás; estatisticamente quase se encaixa na categoria posterior; a diferença a favor entre os pardos e os outros grupos é cerca de mil habitantes
4. pardos com maioria relativa, em %
26) DF- 48,24
27) ES- 48,61

NÚMEROS TOTAIS - por UF:
BRANCOS
SP 26.371.709
RS 8.900.007
MG 8.894.547
RJ 7.583.047
PR 7.344.122
Com 47,7% do total da população do BR, é o maior subgrupo. São Paulo e Rio Grande do Sul são os grandes destaques aqui. Em SP, que tem 21,6% dos habitantes do país, moram quase 30% dos brancos do BR, % não igualada em nenhum outro sub; e o RS, quem com pouco mais da metade da população de Minas Gerais, tem mais brancos declarantes; menção também ao Paraná com 70%. É o subgrupo mais concentrado, digamos, territorialmente. Espalhados por todo o 'subcontinente brasileiro', concentram-se principalmente na Região Sul (em Santa Catarina, os brancos são 84%) e SP, além de MG, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. No NE, Pernambuco merece referência: > que a Bahia, com 3,22 milhões a 3,11 mi. Lembrando que a BA tem 14 mi e PE, 8,8 mi. MG é o estado que tem a < maioria: 45,4%.

PARDOS
SP 12.010.079
MG 8.677.745
BA 8.293.057
RJ 6.288.095
PA 5.270.307
O destaque entre o subgrupo nos Estados, está representado pelo 5º do Pará, que é o 9º colocado no geral; tem também a > %, com quase 70% de paraenses pardos. Nota-se também que MG e BA não estão tão distantes de SP, que possui população 2 e 3x >, nesta ordem. É o único subgrupo em que os cinco primeiros colocados não detêm a maioria absoluta com relação ao total (49,3%). No Ceará, em 6º lugar no sub, com ~5,2 milhões, está à frente de PE, PR e RS, todos mais populosos no total; também o Amazonas com 2,4 milhões declarantes pardos (de um total de 3,5 mi) e 69% do total, merece menção e também o Acre e o Amapá, ambos com ~2/3. O Distrito Federal é a UF onde os pardos tem a < maioria: 48,2%; o Espírito Santo único da SE onde têm maioria simples: 48,6%. E claro, não poderia faltar Goiás com a maioria de 50,015%: se fosse uma pesquisa eleitoral caracterizar-se-ia como empate técnico.

NEGROS
A BA apresenta uma população autodeclarada negra de 2,4 milhões. SP tem 2,23 milhões, o RJ 1,98 milhão e MG 1,81 milhão. Somente BA e RJ têm população negra que supera a marca dos dez por cento com 17,10% e 12,37% respectivamente. Depois vem o Maranhão com 9,7%, o Piauí com 9,4%, MG com 9,2% e, para citar outro no mesmo patamar, o Tocantins, 9,1%. SP, o estado mais populoso aparece com 5,5%. O grupo tem taxas mais uniformes entre as UFs, com exceção de SC (o < 2,9%), PR e, pasmem, o AM - todas abaixo dos 4,2%. O RS é o estado mais negro da região mais branca: quase 600 mil assim se declararam, 5,5%, ligeiramente superior a SP.
BA 2.397.249
SP 2.277.764
RJ 1.978.681
MG 1.806.541
MA    636.808

AMARELOS
Interesse notar que este grupo representa apenas 1,09% da população total brasileira, mas é o PI que possui a maior taxa entre todos os Estados, com 2,14%! O dobro praticamente! O AC vem a seguir, 1,9%. SP e PR onde a população amarela é mais, digamos, visível, 1,35% e 1,18% respectivamente.  Mais importante talvez seja o fato de o Centro-Oeste ter o > entre as regiões: 1,46%. Outro fato é que o NE tem o 2º >, com 1,19%. Quase tudo me causou surpresa neste subgrupo: os percentuais, o NE e, claro, o PI e o CO.
SP 558.354
MG 187.119
BA 158.925
PR 123.205
RJ 122.838


MENORES ÍNDICES - por UF
a) brancos, em %
RR- 20,92
AM- 21,24
PA- 21,81
MA- 22,13
BA- 22,19
b) pardo, em %
RS- 10,57
SC- 12,41
PR- 25,09
SP- 29,11
RJ- 39,32

E MG, sempre MG, é a UF onde acontece a < diferença entre brancos (a favor destes) e pardos: ~8,89 a 8,68 milhões, 45,4% e 44,3%. Como diriam alguns amigos e conhecidos mineiros, "Minas está onde sempre esteve: no centro do Brasil, fazendo a ponte entre o Norte-Nordeste e o Centro-Sul deste país."

2001 - 2011

Hoje faz 10 anos.
do ataque
do crime
dos assassinatos
de sofrimento
Aquilo, o que foi?
Um bando querendo resolver os problemas deles?
E os nossos problemas
Um bando matando não por prazer
Salvação, por isto
E isto é o pior que pode ser neste mundo
Misturamos tanta coisa
gente
cor
células
religião
E não nos misturamos
é o que parece em
intolerância
aversão
medo
terror
O império do medo é o que vergasta com mais força a psique humana.
Amor
solidariedade
atenção em ouvir o
outro
diferente de você, mas igual em tanta coisa
exercícios não devem/podem ser somente para os músculos
Exercícios de respeito e compreensão.

EUROPA: AUMENTANDO Nº DE PAÍSES

VIRÃO MAIS? SE SIM, QUANTOS?
ANO 1900
Reprodução
Olhando este mapa político da Europa, ano 1900, dá para se notar que o número de países era bem menor comparando com o de 2011. Contei com atenção.
Há 111 anos o Velho Continente estava dividido em 22 países (incluindo os pequenos¹ - ver texto). Passando pelo mapa, a diferença é gritante, basta ver o mais abaixo.
Àquele tempo, por exemplo, países como: Irlanda, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina, Macedônia, Bulgária, Noruega, Islândia, Albânia, Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Lituânia, Letônia, Estônia, Finlândia, Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Chipre e Malta não "constavam no mapa". Áustria e Hungria constituíam um monarquia dual. 
Os outros eram impérios poderosos e por vezes beligerantes quando interesses assim convinham e aliados quando também assim convinha. A França, entre os grandes, era a única república no continente, com exceção da Suíça. 
Os grandes em 1900 (em ordem aleatória):
Rússia
(oeste da Polônia; Lituânia, Letônia; Estônia; Finlândia; Moldávia; Ucrânia; Bielorrússia; Geórgia; Armênia e Azerbaijão - estes três últimos eram disputados com a Turquia)
 Alemanha
(leste da Polônia; litoral da Lituânia; Alsácia-Lorena)
Áustria-Hungria
(Tirol; Trieste; Transilvânia; Silésia Polonesa; Bósnia; Rep. Tcheca; Eslováquia; Eslovênia; Croácia e partes da Rutênia e Bucovina)
Itália
França
Grã-Bretanha.
(Irlanda, Chipre e Malta)
Turquia (Império Otomano)
(Albânia; parte da Tessália; Macedônia; Trácia; Creta; Kosovo² - ver texto -  e Bulgária)

OS OUTROS
Além destes 7 citados - 'que dizem ser conta de mentiroso' - Espanha, Portugal, Suécia (que dominava a Noruega), Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca (que dominava a Islândia), Suíça, Montenegro, Sérvia, Romênia e Grécia; total de 19 mais os ¹pequenos Andorra, Liechteinstein, Mônaco e San Marino (o Vaticano ainda não tinha status quo definido)
Total de 23.

ANO 2011
Reprodução
Hoje, o  velho continente europeu tem 49 países, incluindo, como alguns geógrafos fazem, os países do Cáucaso e Chipre (sem o reconhecimento da República Turca do Norte de Chipre). Tampouco considerei, sob critérios, meus a independência do Kosovo, embora saiba que o terei que fazer em um futuro próximo (serão 50). O Brasil ainda não reconheceu o suposto território sérvio como um país independente.
Todos os países citados no 1900 estão agora no mapa.
Com relação aos 7 "chefes" de 1900, ocorreram alterações, mesmo porque os critérios para avaliar a importância dos países são outros (tanto em termos econômicos, militares e sociais). O mais próximo da realidade caso tivéssemos que enumerar os maiorais, eu arriscaria 6: Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Rússia e Espanha.
Então o número de países mais que dobrou. Se se compararmos com os números de países do continente americano, veremos que a taxa de crescimento foi bem menor. Ressalto que neste quesito a Europa se assemelha mais com a África e Ásia.
Mas ainda podem surgir mais países. Há desejos nacionalistas em maior ou menor grau em Estados como Irlanda, Espanha, Rússia, Reino Unido (a Escócia quer um plebiscito sobre independência) e na região do Cáucaso.
Esperemos então para verificarmos no futuro se mais países desmembrar-se-ão no Velho Continente, nossa referência de civilização.